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== Autoria ==
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Verbete criado inicialmente por Alessandra Carneiro Guimarães, Evellyn Ferreira De Lima, Laura Maia Vieira, Marianne De Sousa Goncalves como exigência parcial para a disciplina de Psicologia e História Social do Trabalho da UFF de Rio das Ostras. Criado em 2021.2, publicado em 2022.2
Verbete criado inicialmente por Alessandra Carneiro Guimarães, Evellyn Ferreira De Lima, Laura Maia Vieira, Marianne De Sousa Goncalves como exigência parcial para a disciplina de Psicologia e História Social do Trabalho da UFF de Rio das Ostras. Criado em 2021.2, publicado em 2022.2
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Edição das 14h23min de 9 de julho de 2022

O Teste de Atenção Concentrada (AC) é um teste criado pelo sociólogo e psicólogo Suzy Vijande Cambraia, em 1967, em São Paulo, que avalia a capacidade de um indivíduo de manter a atenção concentrada e sustentada, além de examinar outras capacidades neuropsicológicas como percepção, orientação espacial e processamento rápido de informações.

História

Apresentação do autor

Suzy Vijande Cambraia (1928/1929-7 de abril de 2016) foi um psicólogo, sociólogo e especialista em administração de recursos humanos formado pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, onde estudou disciplinas de psicologia, como Psicologia Geral e Psicotécnica. Em agosto de 1962, com a implementação da Lei 4119, popularmente denominada como a Lei dos Psicólogos, fez com que Cambraia complementasse seus estudos na USP, e obteve seu registro definitivo do MEC em 1963. Foi presidente da então Sociedade de Psicologia de São Paulo, hoje nomeada Associação de Psicologia de São Paulo, e ajudou a constituir, junto com colegas de profissão de diversos estados, o Conselho Federal de Psicologia.

Antecedentes do AC

Considerado o primeiro teste psicológico de atenção, o teste de Bourdon foi concebido em 1895 e consistia em marcar, em uma página, todas as letras “A” do texto apresentado e posteriormente diferenciar figuras onde cada uma possuía um pequeno segmento que se sobressaía de um de seus ângulos ou dos lados. Ao final do teste, a avaliação da atenção era composta por três indicações: o número de quadros marcados, o tempo realizado para a atividade e o número de faltas e de erros cometidos.

O Teste de Atenção Concentrada de Toulouse-Piéron (TP), desenvolvido por Henri Piéron juntamente com Édouard Toulouse em 1904, foi um dos mais populares testes no Brasil desde sua integração à área psicológica do país, principalmente em disciplinas de avaliação nos cursos de graduação. Nos meados de 1960, o teste Toulouse-Piéron era o único instrumento de atenção concentrada no Brasil.

Criação do AC

O Teste de Atenção Concentrada (AC) foi publicado pela primeira vez em 1967. Seu objetivo primordial era de retestar candidatos que já haviam sido testados pelo Teste de Toulouse-Piéron, até então o único utilizado no Brasil.

Suzy Cambraia teve a ideia de criar um teste de sucesso a partir da necessidade de desenvolver um método que avaliasse toda a atenção do indivíduo, respaldando tudo que estivesse no seu exterior.

O psicólogo/ sociólogo percebeu que o ser humano ao realizar suas atividades cotidianas merecia muita atenção no que estava sendo realizado no momento, isso foi importante para o desenvolvimento do Teste AC. Os indivíduos que não tinham uma atenção plena ao realizarem seus afazeres estavam mais suscetíveis a errar e causar acidentes.

O diferencial do teste criado por Suzy em relação com seus antecedentes é que o seu Teste de Atenção não mantinha uma sequência das figuras para que o indivíduo que estivesse realizando conseguisse perceber. Para isso, a localização dos símbolos a serem cancelados foram sorteadas ao acaso.

Constructo avaliado

A partir de pesquisas bibliográficas foi capaz de apurar as distinções e igualdade entre os vários tipos de atenção. Verificou-se que a categorização da atenção no Brasil é diferente do que é categorizado no exterior. Porém, ao proceder uma pesquisa mais apurada pode-se perceber algumas semelhanças e alguns erros na literatura brasileira. Em uma primeira avaliação pode-se perceber que as atenções concentrada e sustentada possuem uma indefinição nas delimitações de seus construtos ocasionada pela complementaridade. Em resumo, construtos diferentes, terminologias diferentes, porém faltam descrições mais específicas e claras.

Alguns autores classificam como sendo iguais, atenção seletiva e a atenção dividida, já que possuem terminologias diferentes e construtos diferentes, sendo ambas bem delimitadas.  A atenção seletiva requer apenas um foco e a manutenção dele mesmo, enquanto a dividida busca a sustentação da atenção do indivíduo enquanto é exposto a vários estímulos. A atenção seletiva aparece novamente em confusão com  atenção discriminativa. Alguns autores definem atenção seletiva com o mesmo construto que outros autores definem a atenção discriminativa, mudando apenas a terminologia.

Já as definições de atenção difusa e atenção alternada são diferentes, mas a prática pode ser confundida. O que nos mostra novamente uma indefinição de delimitações de construtos, principalmente quanto ao construto de atenção difusa que se revela ambíguo.

Atenção Concentrada no Brasil

Fica mais evidente a falta de clareza nos manuais dos testes psicológicos. Autores no Brasil debatem no que diz respeito à dimensão da atenção. Mesmo sendo a atenção um dos construtos mais estudados e falados no mundo, dentre os próprios acadêmicos há profissionais e teóricos uma inconclusão sobre a área do construto e suas divisões.

A mais usada internacionalmente foi criada por Sohlberg e Mateer em 1989 que enquadra um sistema clínico de atenção separando em cinco esse construto: atenção concentrada, alternada, seletiva, dividida e sustentada (que pode ser de vigilância ou memória de trabalho)

E no Brasil existem cinco divisões mais relevantes no que diz respeito à abrangência da atenção de acordo com os testes psicológicos mais evidentes e comercializados: concentrada,  dividida, difusa, sustentada e discriminativa. Mesmo para aqueles autores que fazem essa divisão é complexo elaborar com clareza a definição de cada uma. Já que muitos dos pesquisadores trabalham com as atenções concentrada e sustentada como um único construto, pois, para muitos teóricos, a linha que distingue esses conceitos é extremamente tênue.

Modo de avaliação

Dentro de um local adequado o material necessário para a aplicação do teste é uma caneta esferográfica ou um lápis e um cartão resposta. A versão atual conta com duas variáveis importantes: a orientação espacial e a cor. Há três estímulos estilizados (símbolos), a partir de um triângulo com a ponta em flecha e se apresenta com três posições e cores diferentes. Desta forma o teste avalia os erros cometidos por ação e por omissões, alcançando um resultado bruto que é classificado por meio das normas percentílicas por escolaridade.

Edições e outras versões

AC-15 - Teste de atenção concentrada. Boccalandro (2003) se propõe a medir a atenção concentrada a partir da tarefa de examinar duplas de palavras ou números separados em duas colunas e avaliar se essas duplas são iguais ou diferentes em um curto período de tempo. Verifica-se nesse teste a velocidade perceptiva, fadiga e resistência à monotonia.

Teste D2 - Atenção concentrada. Brickenkamp (2000) apresenta um teste no qual a tarefa do analisado é marcar em um curto período de tempo três sinais determinados dentre outros sinais apresentados.

Teste AC - Atenção concentrada. Cambraia (2003) propõe verificar a atenção do indivíduo a partir de uma tarefa de cancelamento. O sujeito deve localizar, entre todos os símbolos da folha, os 3 apresentados como modelos.

TDAH - Escala de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Publicado em 2000 pela editora Casa do psicólogo.

Utilização hoje

O Teste de Atenção Concentrada (AC) é de imensa importância e popularidade no Brasil. Ele é predominantemente utilizado para a obtenção/renovação de habilitação (CNH), além de atuar na área de recursos humanos para o recrutamento de funcionários. Ademais, existe uma crescente exploração da utilização do teste em crianças e adolescentes para a avaliação neuropsicológica dos mesmos.

Referências

ALCHIER, João Carlos; LUNKES, Carla Luci Klein; ZIMMER, Débora. Toulouse-Piéron: Atualizações de Resultados para o Estado Do Rio Grande Do Sul. Avaliação Psicológica, [S. l.], p. 111-118, 2002.

AZAMBUJA, Luciana Schermann. Bateria Neuropsicológica para adultos com TDAH. Canoas, Rio Grande do Sul, 2009. p.3

CAMBRAIA, S. V. O Teste de Atenção Concentrada AC. Manual. São Paulo: Vetor Editora; 2009.

BENCZIK, Edyleine Bellini Peroni; LEAL, Graziella Ceregatti; CARDOSO, Tábata. A utilização do teste de atenção concentrada (AC) para a população infanto-juvenil: uma contribuição para a avaliação neuropsicológica. Rev. psicopedag.,  São Paulo ,  v. 33, n. 100, p. 37-49,   2016 .   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862016000100005&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  20  jan.  2022.

BRAGA, Juliana Leão. Atenção concentrada e atenção difusa: elaboração de instrumentos de medida. Dissertação apresentada ao programa de pós graduação em Psicologia Social do Trabalho e das organizações, Faculdade de Brasília. Brasília, p.74,  Junho de 2007.

DA SILVA, Marlene Alves. Atenção Concentrada: Normas Para Uma Região Da Bahia – Brasil. Revista De Estudios E Investigación En Psicología Y Educación, Vitória da Conquista, Bahia, p. 1-5, 4 jan. 2015.

HUR, Domenico Uhng. Políticas da Psicologia de São Paulo: As Entidades durante o período do regime militar à redemocratização do país. Orientador: Profa. Associada Maria Inês Assumpção Fernandes. Dissertação (Mestre em Psicologia) - Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005. p. 258-267.

RUEDA, Fabián Javier Marín; CASTRO, Nelimar Ribeiro de. Evidência de validade de coNstruto convergente para o Teste de Atenção Dividida - TEADI. Est. Inter. Psicol.,  Londrina ,  v. 1, n. 2, p. 141-158, jun.  2010 .   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2236-64072010000200002&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  20  jan.  2022.

Autoria

Verbete criado inicialmente por Alessandra Carneiro Guimarães, Evellyn Ferreira De Lima, Laura Maia Vieira, Marianne De Sousa Goncalves como exigência parcial para a disciplina de Psicologia e História Social do Trabalho da UFF de Rio das Ostras. Criado em 2021.2, publicado em 2022.2