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Edição das 19h02min de 17 de setembro de 2024

Ulysses Pernambucano de Mello Sobrinho nasceu em Recife no dia 6 de fevereiro de 1892 e faleceu no Rio de Janeiro em 5 de dezembro de 1943. Atuou como médico psiquiatra e professor, criou a  Escola para Crianças Anormais, a revista Neurobiologia, que perdura até a atualidade, e fundou o primeiro instituto científico autônomo, o Instituto de Psicologia de Recife. É um dos principais expoentes da Liga de Higiene Mental e foi um grande defensor da cooperação científica.

Biografia

Primeiros anos

Ulysses Pernambucano de Mello Sobrinho nasceu no dia 6 de fevereiro de 1892, no estado de Pernambuco, na cidade de Recife.

A origem de seu segundo nome, “Pernambucano", advém de um nacionalismo que se mostrava muito forte na época, o que fez com que sua família colocasse seu estado natal em seu nome. Seus pais eram o Bacharel em Direito, Doutor José Antônio Gonsalves de Mello e a Maria da Conceição de Mello, que eram primos. Quando criança, Pernambucano foi alfabetizado e teve o início do curso primário em casa, ensinado pelo próprio pai. O fim de seu curso primário e o curso secundário completo foram realizados no Ginásio Aires Gama (atualmente extinto), situado na Rua do Hospício, em Recife.

Com o fim da sua formação no Ginásio, Ulysses apresentou um grande interesse em cursar Medicina, contudo, Recife não possuía esse curso. Desse modo,  mudou-se para o Rio de Janeiro e estudou na chamada Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Assim, em 1910 realizou seu internato no Hospital Nacional de Alienados da Praia Vermelha e concluiu sua formação em 1912. Ulysses tinha como supervisor Juliano Moreira, a figura considerada pai da psiquiatria nacional, e esse exerceu grande influência na sua formação. Ele também teve  Ulysses Viana e Antônio Austregésilo Rodrigues Lima como seus professores.  Ao fim da formação, apresentou sua tese com o tema "Sobre Algumas Manifestações Nervosas da  Heredo- Sífilis" e obteve sua aprovação com êxito,  aos 20 anos.

Início da carreira profissional

Em 1913, iniciou sua carreira profissional sendo médico generalista na cidade de Vitória de Santo Antão, interior de Pernambuco, tendo seu primeiro consultório em uma Farmácia Popular. Em 1915, mudou-se para a cidade de Lapa, no Paraná, e trabalhou com o atendimento às pequenas comunidades rurais. Nessas comunidades, Ulysses se deparou com a precariedade vivida pelos pacientes e precisou atuar nas diversas áreas da medicina atendendo como psiquiatra, pediatra, parteiro, cirurgião e dentista.

Em 1915, Pernambucano casou-se com sua prima Albertina Carneiro Leão e teve dois filhos chamados José Antônio Gonsalves de Mello, nascido em 1916, e Jarbas Pernambucano de Mello, nascido em 1917.

Hospício dos Alienados da Tamarineira

Retornou para Pernambuco em 1917 e foi nomeado médico adjunto  no Hospício de Alienados da Tamarineira, um hospital de "doentes mentais" (nesse texto, é recorrente o uso de termos como doente mental, anormais, manicômio e hospício, pois era a nomenclatura utilizada na época)  cujas condições eram precárias. Nesse "hospício", Ulysses atuou na resolução de um caso em que três meninas foram internadas, indevidamente, como medida disciplinar da direção da Santa Casa da Misericórdia, devido ao mau comportamento apresentado por elas. Para resolver o caso, ele precisou fazer uma denúncia à Sociedade de Medicina de Pernambuco, logo depois, o diretor da Instituição, Dr. Joaquim Loureiro, permitiu o andamento do pedido de remoção das moças. O caso ficou conhecido como "Caso das três órfãs" e sua discussão, repercussão - por parte da imprensa - e  resolução foi o estopim para o surgimento das propostas reformistas de Ulysses para o "hospício". Assim, Pernambucano tornou-se conhecido como um entusiasta da "modernização psiquiátrica".

Ulysses Pernambucano foi elevado ao cargo de diretor desse “hospício” em 1924 e executou uma série de reformas visando o desenvolvimento deste local. O conjunto de mudanças no Hospício da Tamarineira realizadas por Pernambucano, que se deu entre 1924 e 1926, foi considerado a primeira reforma psiquiátrica promovida por ele. Ulysses também esteve na direção do hospital nos anos de 1929 e 1930.  

Escola Normal de Pernambuco

Em 1918, Ulysses prestou concurso para a cadeira de Psicologia da Escola Normal de Pernambuco e conquistou o primeiro lugar, no entanto, o governo vigente na época concedeu o cargo para o candidato que passou em segundo lugar, assim, não foi selecionado. Contudo, em 1923, ele tornou-se diretor da Escola Normal, nomeado pelo governador Sérgio Loreto. Nesse tempo em que esteve na direção da Escola, reformulou o método de ensino, corrigiu o problema de superlotação nas salas criando um exame de admissão, pôs fim as palmatórias, implantou o fardamento escolar e criou a “assistência escolar”, um serviço que possuía um caixa escolar para dar suporte financeiro à merenda, à clínica dentária e à visita a domicílio. Tais medidas diminuíram o número de faltas e evasão. Outra mudança estabelecida por Pernambucano foi a organização das salas de aula, na qual garantiu que os alunos de baixa estatura ou portadores de deficiências possuíssem prioridade nas cadeiras da frente. Novas construções também foram realizadas na Escola, sendo elas um pavilhão para ginástica e jardim de infância, parque arborizado, aterro, muro e gradil contornando o edifício. Em 1926, com a mudança do governo, Ulysses Pernambucano se exonerou do cargo de direção e foi ocupar a cadeira de Neuro-psiquiatria Infantil na Faculdade de Medicina de Recife.

Escola para Crianças Anormais e o Instituto de Psicologia

Em 27 de janeiro de 1925, foi criada a Escola para Crianças Anormais, anexada à Escola Normal, cujo objetivo era oferecer educação especial para alunos com deficiência mental que não conseguiam acompanhar o curso. No entanto, havia uma dificuldade em compreender quais crianças eram “anormais” e  o nível de “anormalidade” das crianças. Assim, em junho de 1925, Ulysses Pernambucano fundou o Instituto de Psicologia, com a finalidade de gerar dados estatísticos, pesquisas e testes psicométricos de debilidades mentais, além de, testes de inteligência e aptidão. Ulysses dirigiu o Instituto por dois anos e passou sua direção para Anitta Paes Barreto, sua primeira assistente. Desse modo, os testes desenvolvidos no Instituto eram aplicados no processo seletivo de admissão da Escola Normal e determinava quais alunos iriam para a Escola Normal ou para a Escola de Crianças Anormais. Ademais, os estudos do Instituto ajudavam os professores a reconhecerem o perfil "anormal" dos alunos, para esses serem direcionados para a Escola de Crianças Anormais.

Diretor do Ginásio Pernambucano

O Ginásio Pernambucano estava passando por uma série de dificuldades financeiras, administrativas e educacionais quando o governador Estácio Coimbra colocou Ulysses em sua direção, no dia 4 de Agosto de 1928, entregando-o a responsabilidade de reerguer o Ginásio. O Governador convidou o educador A. Carneiro Leão para realizar uma reforma educacional no Ginásio e, dessa forma, Ulysses viu a oportunidade de dar continuidade a esse trabalho reformador. Assim, ele restaurou instalações físicas, equipou laboratórios e bibliotecas e tornou mais rígido o processo de admissão de alunos e professores. Com essas transformações, Ulysses Pernambucano conseguiu restaurar o prestígio do Ginásio Pernambucano, que outrora havia se perdido. No entanto, deixou o cargo da direção apenas 2 anos depois, em 1930.  

Divisão de Assistência a Psicopatas de Pernambuco

Após a revolução de 30, Ulysses Pernambucano tornou-se Diretor Geral da Divisão de Assistência a Psicopatas de Pernambuco. Com o intuito de auxiliar o Hospital da Tamarineira, que possuía mais pacientes do que sua estrutura suportava, e de aprimorar o tratamento dos "doentes mentais", que  ocorria de forma desumana com o uso de camisas de força. Ulysses promoveu, junto ao Governo Pernambucano vigente na época, uma série de reformas na Divisão de Assistência a Psicopatas de Pernambuco, com o objetivo de transformar a instituição em um local pronto para oferecer um tratamento humanizado e de qualidade para os internos. A partir disso, ele criou criou um serviço aberto composto de ambulatório neuro-psiquiátrico e pequena organização hospitalar para internamento de casos que necessitavam de tratamento imediato e por curto período. Criou, também, a Colônia de Alienados de Barreiros (cidade localizada no município de Recife) a fim de tratar pelo método de Simon os alienados crônicos, anexando-lhe uma organização de colocação familiar.

Liga de Higiene Mental

Em dezembro de 1933, Ulysses Pernambucano fundou a Liga de Higiene Mental e tornou-se presidente dessa. A Liga possuía o principal objetivo de ser a ligação da sociedade com o Serviço de Higiene Mental, para transmitir à população uma série de medidas profiláticas e promover campanhas sobre o combate ao alcoolismo, sífilis e acidentes de trabalho. Além disso, a liga era contra vieses racistas.

Revista Neurobiologia

Em 1938, Ulysses Pernambucano funda a revista Neurobiologia, uma revista trimestral com o objetivo de publicar as pesquisas realizadas sobre os temas de Neurologia, Psiquiatria e Higiene Mental. A revista é um dos mais antigos veículos científicos e perdura até a atualidade.

Questões políticas

Em 1937 decretou-se o Estado Novo, e Ulysses Pernambucano  se opôs ao governo tornando-se adepto à Aliança Nacional Libertadora, uma frente ampla que defendia reivindicações democratas, nacionalistas e comunistas, no entanto, o alargamento dessa aliança apavorou ao governo que interviu para dissolvê-la. Em virtude do contexto apresentado, Pernambucano foi considerado rebelde aos olhos do governo, o que resultou em sua prisão que durou 40 dias. Nesse sentido, Ulysses foi obrigado pelo governo a se exonerar de todos os seus cargos, assim, deixando de ser membro do conselho penitenciário, professor do Ginásio e médico do Hospital de Doenças Nervosas e Mentais. Além disso, o Governo pressionou a Faculdade de Medicina para o demitir e proibiu-o de ministrar aulas na dependência do Hospital.

Final da vida

Em 1936, Ulysses sofreu seu primeiro infarto do miocárdio, sobrevivendo com sequelas. No entanto, no dia 5 de dezembro de 1943 faleceu, por causa das complicações cardíacas, aos 51 anos.

Contribuições

Reforma no Hospício de Alienados da Tamarineira

Os tratamentos oferecidos aos internos do Hospício de Alienados da Tamarineira se assemelhavam ao ambiente de prisões: as salas de isolamento possuíam grades, os internos utilizavam camisas de força e o uso de sedativos era recorrente. Entretanto, no ano de 1924, Ulysses Pernambucano assumiu a direção desse “hospício”, e tendo em vista a situação desumanizada em que esse se encontrava, promoveu uma série de reformas para melhorar o atendimento aos internos e tornar o ambiente mais humanizado. Dessa forma, as salas de isolamento com grades, as camisas de força e o uso de sedativos foram substituídos por um sistema de banheiras com banhos terapêuticos e incentivos aos trabalhos como agricultor e jardineiro em torno do terreno do Hospício. Além disso, através dos esforços de Pernambucano, o local foi renomeado como Hospital de Doenças Nervosas e Mentais.

Reforma na Divisão de Assistência a Psicopatas de Pernambuco

Ulysses, juntamente com o Governo Pernambucano, administrado por Carlos de Lima Cavalcanti, realizou um conjunto de mudanças na Divisão de Assistência de Psicopatas de Pernambuco para atender a quantidade de internos que receberiam do Hospital da Tamarineira e, além disso, para oferecer serviços que atendessem da melhor forma as necessidades específicas de cada interno, a fim de os reinserir na sociedade. Essas reformas consistiam na instauração de Serviços para Doentes Mentais não Alienados,  Serviços para Doentes Mentais Alienados, Manicômio Jurídico e Serviço de Higiene Mental, que iniciaram seu funcionamento no decorrer dos anos de 1931 a 1935.

O Serviço para Doentes Mentais não Alienados era composto por um Ambulatório e um Hospital Aberto tendo como diretor o psiquiatra Gildo Neto. Seu público eram os "doentes mentais" com casos considerados mais leves e seu objetivo era orientar os familiares a combater essas doenças. Já o Serviço para Doentes Mentais Alienados era formado por um Hospital Fechado, liderado por Ulysses Pernambucano, e por uma Colônia Agrícola, cujo diretor era o psiquiatra Vicente de Matos. O  Hospital fechado tratava os pacientes até o final do considerado “surto” que o paciente sofria, já Colônia Agrícola era responsável pelo tratamento dos pacientes com doenças crônicas utilizando a laborterapia. O Manicômio Jurídico possuía o objetivo de manter presas as pessoas acusadas de crimes e que, ao mesmo tempo, portavam alguma "alienação mental". Seu propósito era retirar da sociedade e tratar o “doente”, tendo sob sua direção o psiquiatra Alcides Codeceira. E, por fim, o Serviço de Higiene Mental era um setor de medidas profiláticas, e utilizando a divulgação, objetivava educar a população na prevenção das "doenças mentais", também como, pesquisar de forma estatística a frequência das "doenças mentais". Além disso, o Serviço de Higiene Mental possuía uma parceria com o Instituto de Psicologia, pois esse ancorava e apoiava as pesquisas médicas.

Estudos em Terreiros de Candomblé

Através da Liga de Higiene Mental, Ulysses conseguiu realizar uma série de estudos nos terreiros de Candomblé com o intuito de descriminalizar essa religião, lutando com um viés anti-racista. Os estudos realizados por Pernambucano buscavam provar que o QI menor ou os empecilhos mentais não ocorriam por conta da religião, mas por causa do contexto social das pessoas. Desse modo, com o intuito de compartilhar mais sobre a cultura afro no Brasil, Ulysses apoiou a organização do Congresso Afro-Brasileiro.

Homenagens

No dia 22 de janeiro de 1941, o interventor federal, Agamenon Magalhães, determinou que a Escola Aires Gama passasse a se chamar Escola Ulysses Pernambucano.

Em 1981, o Hospital de Doenças Nervosas e Mentais, mais conhecido como Hospício da Tamarineira (onde Ulysses trabalhou entre 1917 e 1926), passou a se chamar Hospital Ulysses Pernambucano. A importância do doutor Ulysses para a saúde mental foi tanta que, na gestão do secretário estadual de Saúde Djama Oliveira (1979 a 1983), o hospital ganhou seu nome atual. Em 1992, o hospital foi tombado pelo Patrimônio Histórico do Estado de Pernambuco.

O escritor José Luís do Rego escreveu um artigo em homenagem a Ulysses Pernambucano, publicado na Revista Estudos Pernambucanos. Esta homenagem destacou o impacto positivo de Ulysses na percepção pública sobre o hospital e o tratamento de pessoas com doenças mentais.

Cronologia Biográfica

  • 1892: Nascimento de Ulysses Pernambucano de Mello Sobrinho no dia 6 de fevereiro.
  • 1912: Conclui sua graduação na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.
  • 1913: Inicia sua carreira profissional, com seu primeiro consultório em uma Farmácia Popular.
  • 1915: Se muda para Lapa, uma cidade do Paraná e começa a trabalhar com atendimento às comunidades rurais. Além disso, se casa com a sua prima, Albertina Carneiro Leão.
  • 1916: Nasce seu primeiro filho, José Antônio Gonsalves de Mello.
  • 1917: Retornou para Pernambuco e foi nomeado médico adjunto  no Hospício de Alienados da Tamarineira. Além disso, nasce o seu  segundo filho, Jarbas Pernambucano de Mello.
  • 1918: Conquista o primeiro lugar no concurso que  prestou para a cadeira de Psicologia da Escola Normal de Pernambuco, mas não é selecionado. Escreveu o primeiro trabalho sobre deficiência mental publicado no Brasil.
  • 1923: Se torna diretor da Escola Normal, reformulando os métodos de ensino; Amaury de Medeiros coloca Ulysses Pernambucano como chefe do Serviço de Demografia Sanitária, Estatística e Propaganda de seu Departamento.
  • 1924: É promovido ao cargo de diretor do Hospício Alienados da Tamarineira.
  • 1925: Sua primeira reforma psiquiátrica foi promovida; o “hospício” foi renomeado como Hospital de Doenças Nervosas e Mentais, através dos esforços de Pernambucano. Além disso, Ulysses funda o Instituto de Psicologia e cria a Escola para Crianças Anormais.
  • 1926: Ulysses se exonera do cargo de direção do Hospício e ocupa a cadeira de Neuro-psiquiatria Infantil na Faculdade de Medicina de Recife.
  • 1927: Lança o livro  “Estudos Psicotécnicos de Alguns Testes de Aptidão”.
  • 1928: Assume a direção do Ginásio Pernambucano.
  • 1930: Deixa o cargo da direção do Ginásio.
  • 1931: Iniciou reformas na Divisão de Assistência a Psicopatas de Pernambuco.
  • 1932: Participa do segundo Congresso Latino-Americano de Psiquiatria e Medicina Legal.
  • 1933: Funda e se torna presidente da Liga de Higiene Mental.
  • 1934: Iniciou o funcionamento de uma escola de atendimento a sub e superdotados que só veio a ser concretizado pelo Estado em 1941.
  • 1935: É preso com a acusação de ser comunista.
  • 1936: Ulysses sofre o primeiro infarto do miocárdio; funda o Sanatório Recife, no beco do Padre Inglês, hospital psiquiátrico particular modelo e pioneiro em Pernambuco.
  • 1938: Pernambucano funda a revista Neurobiologia e funda a Sociedade de Neurologia, Psiquiatria e Higiene Mental do Nordeste (depois, do Brasil).
  • 1941: Oficialmente criada a escola Aires Gama.
  • 1943: Morre aos 51 anos.

Discípulos/Seguidores

Em virtude de seus feitos e realizações durante sua trajetória como neuropsiquiatra, higienista mental e professor, Ulysses conquistou a admiração de vários alunos e colegas de profissão, alguns deles se tornando seus seguidores e discípulos. São eles:

  • José Lucena, 1º sucessor de Ulysses na Escola de Psiquiatria do Recife;
  • Anita Paes Barreto, aluna de Ulysses na Escola Normal e sua primeira auxiliar no Instituto de Psicologia de Pernambuco;
  • Arnaldo Di Lascio, um de seus mais estimados alunos;
  • Luiz Cerqueira e René Ribeiro, seus discípulos diretos, tendo assim, a oportunidade de acompanharem de perto o neuropsiquiatra e seu trabalho;
  • Gildo Neto, amigo e colaborador em pesquisas.

Obras e Fundações

Obras

Ulysses Pernambucano publicou diversos periódicos e estudos na área da psicologia, psiquiatria, neurobiologia, pedagogia e avaliação psicológica. Suas obras seguem a lista abaixo:

Periódicos diversos:

  • Sobre algumas manifestações nervosas da heredo-sífilis. (1912)
  • Classificação das crianças anormais. A parada do desenvolvimento intelectual e suas formas; a instabilidade e a astenia mental. (1918)
  • A Psicologia objetiva e o mecanismo cerebral do pensamento (I). (1921)
  • A Psicologia objetiva e o mecanismo cerebral do pensamento (II). (1921)
  • A Psicologia objetiva e o mecanismo cerebral do pensamento (III). (1921)
  • As médias de estatura dos escolares em Pernambuco. (1921)
  • Discurso às professorandas do Colégio Santa Margarida. (1922)
  • Bases Fisiopsicológicas da ambidestria. (1924)
  • Formação de hábitos sadios nas crianças. (1926)
  • Estudo psicotécnico de alguns testes de aptidão. Em colaboração com Anita Paes Barreto. (1927)
  • A Psicologia em Pernambuco. Arquivos brasileiros de Higiene Mental. (1930)
  • Ensaio de aplicação do teste das 100 questões de Ballard. Em colaboração com Anita Paes Barreto. Arquivos Brasileiros de Higiene Mental. (1930)
  • As doenças mentais entre os negros de Pernambuco (II). In: Estudos Afro-Brasileiros. (1935)

Arquivos da assistência a psicopatas:

  • O vocabulário das crianças das escolas primárias do Recife. Em colaboração com Anita Paes Barreto. (1931)
  • O teste “A bola e o campo” em crianças de 12 a 13 anos. Em colaboração com Alda Campos. (1931)
  • Quocientes de inteligência em escolares do Recife. Em colaboração com Maria Leopoldina de Oliveira. (1931).
  • Malarioterapia na paralisia geral. Em colaboração com Gildo Neto e Alcides Benício. (1931)
  • Assistência a psicopatas em Pernambuco. Ideias e realizações. (1932)
  • As doenças mentais entre os negros de Pernambuco. Em colaboração com Helena Campos. (1932)
  • Um caso de palilalia post-encefálica. Em colaboração com José Lucena. (1932)
  • Estudo estatístico da paralisia geral. (1933)
  • Noticiário. Na Sociedade Brasileira de Neurologia, Psiquiatria e Medicina Legal. (1933)
  • O trabalho dos alienados na assistência a psicopatas de Pernambuco. (1934)
  • Alguns dados antropológicos da população do Recife. Colaboração: Arnaldo Di Lascio, Jarbas Pernambucano, e Almir Guimarães. (1935)
  • Organização de um curso de extensão universitária sobre higiene mental na faculdade de Medicina do Recife. (1935)

Neurobiologia:

  • Recursos modernos de assistência aos doentes mentais. (1938)
  • Seis casos de miotonia congênita. (1939)
  • Um caso de atrofia muscular pseudo-hipertrófica. Em colaboração com Jarbas Pernambucano. (1939)
  • A neuromielite epidêmica (Doença de Austregésilo) em Pernambuco. Em colaboração com Arnaldo Di Lascio e Alcides Benício. (1940)
  • Síndrome de atrofia paleocerebelar. Em colaboração com Antônio Couceiro. (1940)
  • Introdução ao número especial de Neurobiologia dedicado ao Congresso de Aracaju. (1940)
  • Estudo estatístico das doenças mentais encontradas em quatrocentos primeiros internados em casa de saúde particular. Em colaboração com Arnaldo Di Lascio. (1940)
  • Neuropsiquiatria forense. (1941)
  • Neuropsiquiatria forense (II). (1941)
  • Discurso no centenário do hospital psiquiátrico Nacional. (1941)
  • Discurso em homenagem ao Dr. Adauto Botelho. (1942)
  • A ação social do psiquiatra. (1943)
  • Discurso no banquete de confraternização dos médicos brasileiros com os médicos das forças armadas americanas. (1944)

Fundações

  • Instituto de Psicologia (1925)
  • Escola para Crianças anormais anexada a Escola Normal (1925)
  • Divisão de Assistência a Psicopatas (1931)
  • Liga  de Higiene Mental (1933)
  • Escola para Crianças Anormais - espaço reservado -  criado em 1934 e efetivado em 1943
  • Escola Especial Aires Gama -  fundada em 1934 mas oficialmente concretizada em 1941
  • Sanatório  Recife (1936)
  • Revista Neurobiologia (1938)
  • Sociedade de Neurologia, Psiquiatria e Higiene Mental  (1938)

Relação com outros personagens

  • Ulysses foi colega e contemporâneo do Dr. Edgar Altino, no Hospital Nacional de Alienados da Praia Vermelha.
  • Na revista Neurobiologia, Alcides Benício e René Ribeiro atuaram, respectivamente, como diretor gerente e secretário, auxiliando Ulysses Pernambucano, diretor geral e fundador da revista, na manutenção da mesma.
  • Anita Pereira da Costa, Cecília Di Lascio e Marta Carvalho trabalharam em conjunto com Ulysses no âmbito privado em uma escola de atendimento para sub e superdotados, iniciada em 1934.
  • Foi convidado por Dr. Octavio de Freitas para trabalhar na Higiene juntamente com ele; e foi nomeado em 1918 pelo governador Manoel Borba, Diretor da Higiene de Pernambuco, para combater a “influenza espanhola” que acometeu fortemente a cidade na época.
  • Ulysses colaborou com Gilberto Freyre, no A Província, quando o mesmo estava na direção do diário. Também apoiou a ideia de Gilberto acerca de organizar o 1º Congresso Afro-Brasileiro de Recife.
  • Sílvio Rabelo, professor de Psicologia de Pernambuco, foi colega de trabalho de Ulysses na Escola Normal.
  • Fundou o Sanatório Recife com ajuda do Dr. Arnaldo Di Lascio, seu discípulo, que por muitos anos se dedicaria ao Sanatório.
  • Após criar o Serviço de Assistência a Psicopatas, Ulysses chamou alguns colegas para serem seus auxiliares diretos, e o ajudarem na organização. Na direção do Manicômio Judiciário, Dr. Alcides Codeceira; professor Costa Pinto e Dr. José Lucena no Serviço de Higiene Mental; na Colônia de Doentes Crônicos, Dr. Vicente Matos e o Dr. Gildo Neto, encarregado do Serviço Aberto.
  • Anita Paes Barreto, Anita Pereira da Costa, Alda Campos e Cirene Coutinho trabalharam em colaboração com Ulysses no Instituto de Psicologia, anexo ao Departamento de Saúde e Assistência de Pernambuco.

Referências

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  2. BEZERRA, Rafael Santana. Os menores anormais: discursos, práticas psiquiátricas e psicopedagógicas sobre crianças e adolescentes em Pernambuco (1926-1945). 2023. Tese (Doutorado em História) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2023. Disponível em: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/54354.   Acesso em: 01 Jul. 2024.
  3. CAVALCANTI DA ROCHA, Edyna. Ulysses: Um pernambucano. 2003. 22-46 p. Dissertação (Pós Graduação em História) - Centro de Filosofia e Ciências Humanas,  Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2006. Disponível em: https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/7763/1/arquivo7674_1.pdf. Acesso em: 8 Mai. 2024.
  4. CODECEIRA JR., A. Arnaldo Di Lascio. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, v. 49, p. 225–225, jun. 1991. Disponível em: https://www.scielo.br/j/anp/a/QSCHkzmx375tNmfNgzgm6qD/. Acesso em: 13 Jul. 2024.
  5. COSTA PEREIRA, Mário Eduardo. Ulysses Pernambucano e a questão da ´´Higiene Mental´´. 2005. 123-129 p. Revista Latinoamericana de Psicopatologia fundamental. Mar/2005. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rlpf/a/QXQZ6Zw7xKBgxnxgCqRNJqQ/?lang=pt&format=pdf. Acesso em: 13 Mai. 2024.
  6. DA SILVA VICENTE, Renato. ENTRE SANATÓRIOS E TERREIROS: ULYSSES PERNAMBUCANO, RENÉ RIBEIRO E O PROJETO REFORMISTA DA PSIQUIATRIA SOCIAL DE RECIFE (1910 – 1940). 2018. 13-76 p. Dissertação (Pós Graduação na História da Ciência e da Saúde) - Casa de Osvaldo Cruz - FIOCRUZ, Rio de Janeiro, 2018. Disponível em: http://www.ppghcs.coc.fiocruz.br/images/dissertacoes/dissertacao_renato_vicentini.pdf. Acesso em: 9 Mai. 2024.
  7. Hospital Psiquiátrico Ulysses.  Portal Saúde PE, 2024. Disponível em: https://portal.saude.pe.gov.br/unidades-de-saude-e-servicos/secretaria-executiva-de-atencao-saude/hospital-psiquiatrico-ulysses. Acesso em: 22 Jul. 2024.
  8. HUTZLER, C. R. Ulysses Pernambucano: psiquiatra social. Ciência & Trópico, [S. l.], v. 15, n. 1, p. 1-18, Jun, 2011. Disponível em: https://periodicos.fundaj.gov.br/CIC/article/view/399. Acesso em: 15 Jul. 2024.
  9. MEDEIROS, Adilson. Ulysses Pernambucano: Um mestre adiante de seu tempo. Monografia premiada 1990. 17-53-99-101 p. Monografia - Instituto Nacional de Estudos e  Pesquisas Educacionais- INEP. Brasília, 1990. Disponível em: http://mecsrv137.mec.gov.br/download/texto/me002502.pdf. Acesso em: 19 Mai. 2024.
  10. MENDONÇA NASCIMENTO, Brunno Marcelo. A escola de Psiquiatria do Recife - fundação e 1º sucessão - Ulysses Pernambucano a José Lucena. 2007. 37-101 p. Dissertação (Pós Graduação em neuropsiquiatria) - Centro de Ciências da Saúde -  Universidade Federal de Pernambuco - Recife, 2007. Disponível em: https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/8805/1/arquivo9493_1.pdf. Acesso em: 13 Mai. 2024.  
  11. PAES BARRETO, Anita. Psicologia: Ciência e Profissão, v.20, p.49-49, 2000. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pcp/a/CLgpCBngfTPTFcQVxPMFQnk/?lang=pt. Acesso em: 30 Jul. 2024.
  12. PICCININI, Walmor J. História da Psiquiatria. Voando Sobre a Psiquiatria Brasileira: ULYSSES PERNAMBUCANO (1892-1943), [s. l.], v. 6, n. 2, fev. 2001. Disponível em: https://www.polbr.med.br/ano01/wal0201.php. Acesso em: 3 Jul. 2024.
  13. Prof. Ulysses Pernambucano. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, v. 2, p. 3–4, mar. 1944. Disponível em: https://www.scielo.br/j/anp/a/3mCssLD9FYztHNSHTyRwZvg/?lang=pt  Acesso em: 22 maio 2024.

Autoria

Verbete criado originalmente por Isabella Sant'Ana Tenório de Matos, Lis de Mesquita Oliveira, Marcella Alves Costa e Maisa Carvalho do Prado Cabral, como exigência parcial para a disciplina de História da Psicologia da UFF de Rio das Ostras. Criado em 2024.1, publicado em 2024.1.