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Edição das 19h59min de 8 de janeiro de 2021
Ignácio "Nacho" Martín-Baró, nasceu em Valladolid (Espanha) em 7 de novembro de 1942, sendo naturalizado em El salvador [2]. Foi um psicólogo, social, professor, filósofo e padre jesuíta. Ficou conhecido por usar os ideais teológico-ético-políticos da teologia da libertação, para desenvolver uma psicologia da libertação, voltada para a justiça social de El Salvador. Com base nos ideais da teologia da libertação, e da pedagogia dos oprimidos de Paulo Freire [1], Martín-Baró realizou pesquisas com as classes mais baixas e oprimidas de El Salvador, com o intuito de sensibilizá-los e empoderá-los em meio a traumas sociais, políticos e de guerra, visto que o país passava por uma processo de guerra civil.
Biografia
Vida acadêmica
Ignácio Martín-Baró, passou a maior parte da infância em Valladolid, Espanha. Também estudou no colégio jesuíta São José [5] onde, desde cedo esteve envolvido com as questões religiosas que o fizeram despertar a sua vocação [3]. Em 18 de setembro de 1959, aos 17, no mesmo ano em que a América Latina e o mundo se petrificaram diante da primeira revolução socialista no continente que foi a Revolução Cubana. Martín-Baró, adentrava na Companhia de Jesus em Orduña na Espanha.
Poucos meses depois, foi transferido para a Vilagarcía de Arousa (Espanha), e então foi enviado à América Central, onde completou seu segundo ano de noviciado. No final de Setembro de 1961 seus superiores o transferiram para a Universidade Católica de Quito, onde estudou Humanidades Clássicas. Após esse período, Baró viajou para Colômbia em Bogotá para estudar filosofia na Pontificia Universidad Javeriana, coordenada por Jesuítas. E em 1964 obteve o bacharelado em Filosofia e no ano seguinte a licenciatura em Filosofia e Literatura.
Dois anos após receber o título de professor, em 1966, Baró retornou para El Salvador, e lecionou no Colégio Externado San José, nesse período ele foi professor e coordenador acadêmico até o ano de 1967, quando começou a ensinar na Universidad Centroamericana "José Simeón Cañas" (UCA). O psicólogo viajou para estudar Teologia na Alemanha, na cidade de Frankfurt e em Lovaina na Bélgica. Retornou para El Salvador a fim de dar continuidade aos estudos e em 1970 obteve o Bacharel em Teologia no bairro Eegenhoven na cidade de Lovain. Quando completou os estudos em Teologia, ele começou a estudar psicologia na UCA (Universidad Centroamericana José Simeón Canãs), em El Salvador, mesma universidade que atuava como professor. Em 1971 e 1972 ele ensinou psicologia na Academia Nacional de Enfermagem em Santa Ana, El Salvador. Ele foi Decano dos estudantes e membro do conselho Superior da Universidade de 1972 à 1975. Entre 1971 e 1974 ele foi chefe do conselho editorial da Academic Journal Estudios Centroamericanos (ECA), e em 1975 foi diretor dela. Em 1971 e 1972 ensinou psicologia na Academia Nacional de Enfermagem em Santa Ana, El Salvador.
Em 1977, recebeu o título de mestrado em ciências sociais na Universidade de Chicago, na sua dissertação do mestrado escreveu sobre atitudes sociais e conflitos de grupos em El Salvador. Dois anos depois, no ano de 1979, o Doutorado em Psicologia Organizacional, abordando em sua dissertação sobre a densidade populacional nas classes populares Salvadorenhas. Nessa universidade se vivia uma realidade muito diferente de El Salvador, apesar disso, Baró se voltou para a realidade Salvadorenha. Quando finalizou os estudos, se mudou para El Salvador e voltou a trabalhar na UCA onde lecionou psicologia. Em 1981, ele foi vice-reitor da academia e membro do conselho de administração. No ano seguinte, em 1982, ele foi o chefe do departamento de psicologia. Já em 1989, a vice-reitoria foi dividida em duas e Baró tornou-se vice-reitor de pós-graduação e diretor de pesquisa.
Em 1986, com o objetivo de impulsar a psicologia social e desideologizar a política polarizada em El salvador, Baró fundou o Instituto Universitário de Opinião Pública (IUDOP) e começa a trabalhar com a análise da opinião pública Salvadorenha a respeito dos problemas vividos. O Padre Ignácio Martin-Baró era membro do conselho editorial da UCA Editores e Estudos Centroamericanos (ECA), do Jornal de Psicologia Salvadorenha e da revista Polémica (Costa Rica). Ele era também um professor visitante na Universidade Central da Venezuela, Universidade de Zulia (Maracaibo), Universidade de Porto Rico (campus de Río Piedras), Pontificia Universidad Javeriana em Bogotá, Universidade Complutense de Madrid e Universidade da Costa Rica em San José.Martín-Baró era um membro da Associação Americana de Psicologia e da Associação Salvadorenha. Era o vice-presidente da divisão Mesoamericana da Sociedade Interamericana de Psicologia.
Baró dedicou sua vida à luta pela libertação em El Salvador, simultaneamente, no trabalho desenvolvido com os trabalhadores de campo. Já no meio acadêmico, publicou onze livros e uma longa lista de artigos culturais e científicos com inúmeros escritos sobre psicologia social e política, em diversos jornais e revistas Latino-Americanos e Norte Americano. Seu interesse por psicologia começou em Bogotá, onde leu diversos livros de psicologia por conta própria, Baró procurou o conselho dos melhores professores de psicologia da Pontificia Universidad Javeriana. Demonstrando interesse por psicologia social, o seu primeiro livro saiu de suas primeiras aulas em 1972, Psychodiagnosis of Latin America (Psicodiagnóstico da América Latina). Logo, outros textos universitários foram produzidos, integrando a psicologia social tradicional no contexto da guerra civil salvadorenha, marcada pela desigualdade, injustiça, governos autoritários e a guerra civil. Entre seus objetos de estudo estavam: o machismo (1968), os processos de aglomeração(1973), a saúde mental (1984), o fatalismo (1987), a violência (1988) e a guerra (1981-1989).
Por conta de seu envolvimento político, e suas ideias que se opunham à política conservadora. Em 16 de Novembro de 1989, aconteceu o massacre dentro da Universidad Centroamericana (UCA), o crime hediondo foi perpetrado em El Salvador, um grupo de soldados, por ordem do alto comando das Forças Armadas, invadiu o dormitório dos jesuítas durante a madrugada, a ordem era para exterminar os intelectuais acusados de comunistas e terroristas que apoiavam a guerrilha da resistência resultando nos assassinatos dos jesuítas, Ignacio Martín-Baró, Ignacio Ellacuría, Segundo Montes, Juan Ramón Moreno, Amando López, Joaquín López y López e da funcionária Elba Ramos e sua filha Celina Ramos, além disso, outros vinte e oito civis também foram executados pelo exército de El Salvador. Entre civis estavam um dirigente sindical, uma líder do movimento de mulheres universitárias, nove membros de uma cooperativa agrícola indígena e dez estudantes universitários.
Essas mortes se somaram às de milhares de salvadorenhos - camponeses, operários, religiosos, profissionais liberais, estudantes - que, desde meados da década de 1970 até a assinatura dos Acordos de Paz em 1992. O padre Ignácio Martin Baró deixou claro o seu posicionamento ético que era estar do lado dos pobres e oprimidos [6] como um teólogo da libertação. No momento em que alguém se solidariza e se engaja com os sofredores e oprimidos, se angaria automaticamente, inimigos entre os detentores do poder [7]. Portanto, é importante apontar aqui que sua opção ética pelos pobres, a libertação do país, a sua práxis junto a eles, tenha sido uma das principais causas do seu assassinato.
O assassinato na UCA marcou uma virada na Guerra Civil de El Salvador. Aumentou a pressão internacional sobre o governo Salvadorenho para assinar o acordo de paz com a organização guerrilheira FMNL. Ademais, as obras do padre Ignácio Martin-Baró antes conhecida somente em países de língua espanhola e em algumas regiões dos Estados Unidos, passou a ser reconhecida mundialmente.
Contribuições
• Fundador a Psicologia Social da libertação.
• Em 1986, durante a guerra civil, Baró institui o IUDOP (Instituto Universitário da Opinião Pública da UCA).
• Estudo sobre a consciência, importantes debates sobre o indivíduo e a sociedade.
• Desenvolveu uma argumentação sobre o fato de que a psicologia latino-americana serviu ao modelo capitalista de modo a moldar as mentes e os comportamentos através de modelos dominantes que se baseavam no positivismo, no individualismo, no hedonismo e em uma visão homeostática da ciência que, além disso, se posicionava de maneira a-histórica.
• Conduziu caminhos para a construção de uma psicologia mais humana e engajada nos problemas do povo latino-americano que ainda demonstram toda a sua atualidade.
Teoria
A psicologia social de Martín-Baró
As discussões desenvolvidas por Baró ocorrem no período da Crise da Psicologia Social. Na base dessa crise está a aliança da Psicologia com a ordem instituída e o positivismo em um período de grande inquietação no mundo. Enquanto o paradigma científico pregava a neutralidade científica, o psicólogo e padre da ordem dos jesuítas Ignácio Martin-Baró, iniciou um movimento dentro da Psicologia sob o título Psicologia da Libertação que foi impulsionado pelo movimento da Teologia da Libertação. Martin-Baró defendia que a psicologia deveria desenvolver a partir das condições sociais e aspirações históricas da classe popular.
Em suas palestras e escritos, ele rejeitou a neutralidade na psicologia, o padre Ignácio Martín-Baró ensinou uma psicologia criticamente engajada com os diferentes projetos alternativos de sociedade existentes na América Latina. Estava convencido do papel "desideologizante" da psicologia social e por esse motivo questionou os principais modelos teóricos da psicologia, visto que considerava inadequados para enfrentar as situações de violência coletiva prevalecentes em El Salvador, devido à crise política e à ditadura militar.
Psicologia social da libertação
A Psicologia Social da Libertação, foi oriunda do movimento de crise da Psicologia Social na América Latina, sendo caracterizada como uma Psicologia Social Crítica.[5]
A teoria da Psicologia Social da Libertação tem como objetivo dar respostas aos graves problemas de injustiça estrutural e desigualdades sociais, situando seu quefazer a partir das circunstâncias concretas dos latino-americanos. Tendo assim, a construção de uma Psicologia capaz de ajudar o povo a compreender sua realidade e libertar-se dos condicionamentos que sua estrutura social os impõe[5].
Influências e influenciados
As obras do padre Ignácio Martin-Baró foi fortemente influenciada pela guerra civil de El Salvador. A Pedagogia da Libertação, em específico o conceito de "conscientização crítica" originalmente proposto por Paulo Freire e Álvaro Vieira Pinto (Costa, 2020), exerceram influência sobre o pensamento de Baró, assim como a Teologia da Libertação e o Concílio Vaticano II em Medellín. Outrossim, o autor colombiano Orlando Fals Borda que questionou o Eurocentrismo, e um dos teóricos da Sociologia da Libertação, foi também um dos sujeitos a Influenciar Baró, tanto que o padre jesuíta escreveu Conscientización y Currículos Universitários, inspirado nas ideias do filósofo colombiano. O padre jesuíta foi influenciado pelo seu companheiro de estudos e também padre Ignácio Ellacuria, que foi assassinado na UCA pelas forças armadas de El Salvador (Junior; Guzz).
Em relação a influência exercida por ele, a psicóloga social brasileira, Silvia Lane, uma das fundadoras da Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO), disse se apoiar nas ideias de Baró para pensar o papel político da psicologia [1]. Baró influenciou na construção da teoria da Psicologia Social Comunitária (Nepomuceno), assim como alguns pensamentos da Psicologia Social. Além disso exerceu influência na Psicologia Feminista e em toda América Latina.