(Inserção completa do verbete na WikiHP) |
(→Vídeo: Correção da inserção do link) Etiqueta: editor de código 2017 |
||
(Uma revisão intermediária pelo mesmo usuário não está sendo mostrada) | |||
Linha 38: | Linha 38: | ||
Além disso, há críticas a respeito da possibilidade do indivíduo avaliado ter tido contato prévio com as imagens ou a forma de aplicação, o que, segundo alguns psicólogos, interferiria no resultado do teste e diminuiria a sua confiabilidade, visto que o conhecimento a respeito de tais dados possibilitaria a simulação de interpretações das figuras e, consequentemente, levaria a um diagnóstico equivocado. | Além disso, há críticas a respeito da possibilidade do indivíduo avaliado ter tido contato prévio com as imagens ou a forma de aplicação, o que, segundo alguns psicólogos, interferiria no resultado do teste e diminuiria a sua confiabilidade, visto que o conhecimento a respeito de tais dados possibilitaria a simulação de interpretações das figuras e, consequentemente, levaria a um diagnóstico equivocado. | ||
== Vídeo == | |||
<youtube>cFoe1bNOREA</youtube> | |||
== Referências == | == Referências == |
Edição atual tal como às 14h25min de 10 de agosto de 2023
O teste de Rorschach (Rorschach Inkblot Test), popularmente conhecido como “teste do borrão de tinta”, é um teste projetivo que busca avaliar principalmente variações cognitivas e de personalidade. Foi elaborado pelo médico psiquiatra suíço Hermann Rorschach, com base em seus conhecimentos psicanalíticos, entre os anos de 1917 a 1920, através do uso de imagens com borrões de tinta, as klecksographs, as quais ele apresentava para seus pacientes, funcionários e estudantes e coletava as respostas. Por meio disso buscava avaliar os mecanismos psicológicos de uma pessoa. O teste foi publicado na Suíça em 1921, na obra “Psychodiagnostik”, e desde então tem sido amplamente utilizado em diversas áreas da psicologia, como na prática clínica, educacional, organizacional e forense. Atualmente está sob propriedade da Editora Hogrefe, na Suíça.
HistóriaEditar
O psiquiatra e poeta alemão Justinus Kerner (1786 – 1862), devido a problemas de visão na velhice, derramou acidentalmente algumas gotas de tinta de caneta-tinteiro em folhas de papel e ao dobrar e em seguida abri-lo percebeu a formação de imagens denominadas de klecksographs, as quais posteriormente usaria para ilustrar seus poemas, publicando em 1857 uma coleção intitulada "Klecksographien".
Essa técnica de formar imagens através de manchas de tinta e associar à criação de histórias se tornou um jogo infantil no século XIX. Foi através desse jogo que o médico psiquiatra e psicanalista suíço Hermann Rorschach (1884 – 1922) teve o primeiro contato com as manchas de tinta (Klecks).
Em 1895, as manchas de tinta foram associadas pela primeira vez à pesquisa psicológica por Alfred Binet e Victor Henri, ao argumentar que as mesmas poderiam ser usadas no estudo da ‘imaginação involuntária’. Posteriormente, outros pesquisadores tentaram usar as manchas de tinta na psicologia, como o neuropsiquiatra Fedor Rybakov (1868 – 1920) e o psicólogo Geoge Dearborn (1869 – 1938). Porém, somente através de Hermann Rorschach que esse uso ficou conhecido.
Rorschach cursou medicina em um período em que as ideias de Freud tiveram grande influência na psiquiatria, sua área de interesse. Teve como mestre em 1911, Konrad Gehring, com quem realizava trabalhos utilizando borrões de tinta para relacionar a quantidade de fantasias e o desenvolvimento intelectual. Porém, deixou os experimentos para se dedicar aos estudos psicanalíticos, tendo como norte o método do uso de associações de palavras para descobrir representações do inconsciente proposto por Carl G. Jung (1875 – 1961).
Ao conhecer as pesquisas do psiquiatra polonês Szymon Hens (1891 – 1986) que usava as manchas de tinta na avaliação psiquiátrica, Rorschach passou a se dedicar na elaboração das lâminas e a aplicação das mesmas por volta dos anos 1917 a 1920, no hospital Krombach na Suíça. O psiquiatra, com seus conhecimentos psicanalíticos, propunha que as imagens ópticas que estão no inconsciente do indivíduo são muito mais amplas do que aquelas em que estavam em sua vivência do mundo, e ao entrar em contato com as manchas de tinta ele revela por meio das figuras conteúdos que são inacessíveis pelo consciente. Ele utilizou em seus estudos pacientes esquizofrênicos e como grupo controle estudantes e funcionários do hospital, ao aplicar o teste ele anotava as respostas. A primeira edição seria composta por 40 lâminas, mas pela dificuldade em elaborar essa quantidade para a publicação, o teste fora adaptado para 10 lâminas. Durante a edição houve problemas para a reprodução das imagens por criar um novo sombreamento, o que as diferenciava das originais, ainda assim o teste foi publicado no ano de 1921 na obra “Psychodiagnostik”.
Rorschach morreu após nove meses da publicação, e estava desenvolvendo um trabalho complementar e que analisava os sombreamentos do teste, que não chegou a ser publicado, tornando a obra incompleta. O que possibilitou que diversos estudiosos dessem continuidade em seus estudos e a elaboração de diferentes sistemas de codificações e interpretações.
Devido a necessidade de unificar diferentes sistemas, há dois atualmente mais usados, como o proposto pelo psiquiatra dinamarquês-suíço Edwin Bohm em 1958 e o proposto por John E. Exner Jr, que unificou as cinco maiores escolas de teste e criou o Sistema Compreensivo, mais utilizado mundialmente.
A proposta do teste de Rorschach é, por meio da análise das respostas, identificar os mecanismos psicológicos de uma pessoa em sua relação com o mundo. Sendo um dos primeiros testes projetivos utilizados na avaliação psicológica, tem como característica “driblar” os mecanismos de defesa do indivíduo e permitir o acesso a conteúdos do inconsciente.
MateriaisEditar
Os materiais necessários para a aplicação do teste, além de uma pasta ou prancha para que o aplicador tome notas, consistem em 10 cartões que contém manchas de tinta (kecksographs).
Constructo avaliadoEditar
O constructo avaliado no teste é, principalmente, variações cognitivas e de personalidade. O teste auxilia na identificação de motivações, tendências responsivas, percepções pessoais e interpessoais, operações cognitivas e afetividade.
No Brasil, de acordo com o Conselho Federal de Psicologia, o Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos é favorável ao uso do teste de Rorschach na prática profissional (Informação coletada no dia 5 de julho de 2023).
Modo de avaliaçãoEditar
O teste possui instruções planejadas para ser simples. O aplicador do teste é instruído a apresentar os cartões um por vez e realizar a pergunta “ o que isto poderia ser?”, o que desencadeia uma série de complexas operações cognitivas. Além disso, quem realiza a aplicação do instrumento é indicado a se atentar não apenas às respostas dadas, mas também aos processos de resposta do aplicando, visto que tais observações também costumam conter dados úteis para a avaliação.
Durante a aplicação do teste, o profissional que o aplica deve sempre buscar não usar termos ou apresentar estímulos que influenciem na resposta do avaliado. Para tal, o manual de aplicação do teste possui diversas instruções de como conduzir a avaliação sem produzir influência sobre a resposta. Dessa forma, permite-se uma melhor avaliação do sujeito dentro dos objetivos apresentados pelo teste.
Contexto de utilizaçãoEditar
O Teste de Rorschach pode ser usado em diversas áreas da psicologia, como na área social, onde é amplamente utilizado para a seleção de recursos humanos, desenvolvimento de competências e aptidões, na área jurídica, onde contribui nas decisões de juízes e advogados ou na orientação de diretrizes do tribunal, e na área da educação, em que pode ser usado para revelar qualidade nos processos evolutivos de integração das crianças nos ambientes escolares.
CríticasEditar
O teste de Rorschach foi alvo de críticas devido à diferentes possibilidades de interpretações que surgiram após a sua publicação. Contudo, ao perceber a necessidade de uma padronização de interpretações, psiquiatras como Edwin Bohm e John E. Exner Jr. elaboraram as interpretações mais utilizadas atualmente. Apesar da crítica por profissionais da área, o teste é muito utilizado pelo mundo.
Além disso, há críticas a respeito da possibilidade do indivíduo avaliado ter tido contato prévio com as imagens ou a forma de aplicação, o que, segundo alguns psicólogos, interferiria no resultado do teste e diminuiria a sua confiabilidade, visto que o conhecimento a respeito de tais dados possibilitaria a simulação de interpretações das figuras e, consequentemente, levaria a um diagnóstico equivocado.
VídeoEditar
ReferênciasEditar
- FREITAS, Marta Helena de. As origens do método de Rorschach e seus fundamentos. Psicologia Ciência e Profissão, Brasília, v.25, n. 1, p. 100-117, Mar. 2005.
- PEREIRA, S. S. Potencialidades do Rorschach transversais às áreas da Psicologia. Sofiasoarespereira. Acesso em: 2 jul. 2023.
- MANCINI, Renato. Método Rorschach: História E Aplicação. Mancinipsiquiatria, 2017. Disponível em: https://mancinipsiquiatria.com.br/metodo-rorschach-historia-e-aplicacao/. Acesso em: 2 jul. 2023
- DRAYTON, Mike. A história do polêmico teste psicológico Rorschach. Bbc, 2012. Acesso em: 4 jul. 2023.
- FROTHINGHAM, M. B. Rorschach inkblot test: Definition, history & interpretation. Simplypychology. 2023. Acesso em: 2 jul. 2023.
- The Rorschach test. Internationalrorschachsociety. Acesso em: 3 jul. 2023.
- EDUCAÇÃO, Departamento de Psicologia e Ciências de. O Teste de Rorschach de Hermann Rorschach. Disponível em: http://;https://nucleomedicopsicologico.com.br/produtos/produto/index/testes-7/r-pas-orschach-manual-1761. Acesso em: 6 jul. 2023.
- Testes Favoráveis. Disponível em: <https://satepsi.cfp.org.br/testesFavoraveis.cfm>. Acesso em: 5 jul. 2023.
AutoriaEditar
Verbete criado inicialmente por Ingrid Cardoso da Silva e Samilly Moura Vieira de Sousa como exigência parcial para a disciplina de História da Psicologia da UFF de Rio das Ostras. Criado em 2023.1, publicado em 2023.1.