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VIEIRA, Isabela; RUSSO, Jane Araujo. Burnout e estresse: entre medicalização e | # ARAGÃO, Núbia Samara Caribé. Prevalência e fatores associados à síndrome de burnout em enfermeiros intensivistas em uma cidade da Bahia. 2019. 130f. Dissertação (Mestrado Acadêmico em Saúde Coletiva) - Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana, 2019. | ||
psicologização. Physis: Revista de Saúde Coletiva, v. 29, p. e290206, 2019. | # BRASIL. Ministério da Previdência Social. Decreto 3048/99. Anexo II 1999. | ||
# DE CASTRO, Fernando Gastal; ZANELLI, José Carlos. Síndrome de burnout e projeto de ser. Cadernos de psicologia social do trabalho, v. 10, n. 2, p. 17-33, 2007. | |||
# CUNHA, K. W. V. [https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/2352 A produção científica no Brasil nos anos de 2003 a 2008 sobre Síndrome de Burnout e Docência]. 2009. 57 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) - Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2009. | |||
# FRANÇA, H. H. A Síndrome de "Burnout". Revista Brasileira de Medicina. São Paulo, v.44, n.8, p.197-199, 1987. | |||
# FREUDENBERGER, Herbert J. Staff burn‐out. Journal of social issues, v. 30, n. 1, p. 159- 165, 1974. | |||
# MASLACH, C., JACKSON, S. E. The measurement of experience burnout. Journal of Occupational Behavior, 2, p. 99-113, 1981. | |||
# MINÁ, C. S. [https://www.ufrgs.br/psicopatologia/wiki/index.php?title=Psicossom%C3%A1tica_e_S%C3 %ADndrome_de_Burnout> Psicossomática e Síndrome de Burnout. WikiPsicopatologia,] UFRGS. 2011. | |||
# SANTINI, Joarez. Síndrome do esgotamento profissional Revisão Bibliográfica. Movimento (ESEFID/UFRGS), v. 10, n. 1, p. 183-209, 2004. | |||
# SCHAUFELI, Wilmar B.; LEITER, Michael P.; MASLACH, Christina. Burnout: 35 years of research and practice. Career development international, 2009. | |||
# VIEIRA, Isabela; RUSSO, Jane Araujo. Burnout e estresse: entre medicalização e psicologização. Physis: Revista de Saúde Coletiva, v. 29, p. e290206, 2019. | |||
=Links externos= | = Links externos = | ||
* [https://www.youtube.com/watch?v=SVlL9TnvphA Compreendendo o Burnout - Understanding Job Burnout - Dr. Christina Maslach] | |||
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=Autoria= | =Autoria= | ||
Verbete criado inicialmente por: Elisa Teófilo Rolim e Thais Arci, como exigência parcial para a disciplina de Psicologia e História Social do Trabalho da UFF de Rio das Ostras. Criado em 2021.1, publicado em 2021.1 | Verbete criado inicialmente por: Elisa Teófilo Rolim e Thais Arci, como exigência parcial para a disciplina de Psicologia e História Social do Trabalho da UFF de Rio das Ostras. Criado em 2021.1, publicado em 2021.1 | ||
[[Categoria:Teorias e conceitos]] | [[Categoria:Teorias e conceitos]] |
Edição das 20h34min de 24 de abril de 2022
A Síndrome de Burnout foi discutida pela primeira vez no ano de 1974 pelo médico psicanalista Herbert J. Freudenberger, que a descreveu como uma síndrome que afetava os trabalhadores que atendiam pessoas. O termo “Burnout” significa, no inglês coloquial “esgotamento completo”, o que serve para caracterizar os sintomas da síndrome. Christina Maslach foi uma das principais responsáveis por popularizar e legitimar o conceito, bem como a responsável por desenvolver o método mais utilizado de medição para esta síndrome.
História
Na década de 1970, se inicia o movimento de organização de bases teóricas e ferramentas com foco na compreensão de um sentimento habitual de desânimo, indiferença, insensibilidade, dentre outros indícios, que prejudicava sobretudo os indivíduos que atuavam em contato direto com os demais, requisitando desses profissionais um alto investimento nas relações interpessoais existentes no zelo e na consideração ao próximo. Entre as ocupações encontradas estão os enfermeiros, médicos, professores, etc.
Herbert Freudenberger, médico psicanalista norte-americano, foi o primeiro a usar o termo inglês “burnout”, apontado como predecessor do ensaio sobre a Síndrome de Burnout, que inclusive teve sua vida profissional intervinda por insatisfações e complicações que fizeram com que ele chegasse à exaustão física e mental, começou a estudar pessoas com quem trabalhava, em uma clínica para dependentes de tóxicos em Nova York, e observou que alguns manifestavam um modo de sentimento de frustração e cansaço promovido por um grande consumo energético. Freudenberger explicou que estes indivíduos estavam desmotivados, desinteressados e inúmeras vezes agressivos quanto a forma de tratamento dos pacientes, amplamente distante, e várias vezes exibindo uma conduta arrogante, ademais, ressaltou as chances desses profissionais em culpar os pacientes por seus males.
Por volta da década de 70 Freudenberger terminou seus estudos, e, na década seguinte, descreveu em seu livro Burn-out a correlação dessa síndrome com a tal intitulação, tratando-se de um incêndio devastador em seu interior, atingindo as pessoas de uma forma subjetiva e reduzindo suas energias, expectativas, e até mesmo sua própria imagem como profissional que em um momento já foi envolvido profundamente com seu trabalho.
Embora Freudenberger seja conhecido como pioneiro da Síndrome de Burnout nos estudos científicos, a psicóloga Christina Maslach passou a ser intitulada mundialmente como uma das precursoras sobre Burnout no trabalho, e também criou o mais desfrutado mecanismo de medição para esta síndrome nos dias de hoje entre os pesquisadores, o Maslach Burnout Inventory (MBI). Ela se debruçou sobre os estudos da maneira como os indivíduos encaravam o desprazer mental em seu trabalho.
Maslach ao analisar o fardo emocional do trabalho dos enfermeiros, médicos e advogados, na década de 70, concluiu que a expressão “burn out”, que significa “ser consumido/queimado pelo trabalho”, era empregada geralmente para demonstrar um esgotamento emocional gradativo, um sarcasmo e a falta de engajamento experienciado por conta das grandes exigências de trabalho. Diante disso, Maslach, concordando com as considerações de Freudenberger, alcançou o reconhecimento de Burnout considerando-o uma síndrome psicológica proveniente da apreensão emocional vivenciada pelos indivíduos no âmbito do trabalho que abrange uma relação profunda e constante com aqueles que precisam de assistência.
Contexto histórico
A atenção acadêmica nas alterações da vida trabalhista ocasionou na origem de um campo de estudos completo nessa área, no qual Burnout passou a fazer parte. Esse interesse foi desenvolvido devido as mudanças sociais relacionadas a ideia de justiça social, posteriores à Segunda Guerra; e também, por conta da procura da indústria em acelerar sua performance através da compreensão psíquica, se manifestando na busca por ambientes trabalhistas melhores e na importância da satisfação do trabalhador fabril, se baseando na ideia de “trabalho humanizado”.
Após a Segunda Guerra Mundial, o Brasil percorreu um desenvolvimento econômico atrasado, em que o processo de industrialização foi fundamentado no ideal de substituição das importações, por ser de interesse da elite brasileira. Por conta da tensão pela concorrência externa, introduz-se uma política de concorrência, e desta forma o trabalho industrial foi acentuado, com longas horas de trabalho, condições insalubres, prejudicando a saúde e estimulando desconforto, tanto devido a difusão de doenças como por consequência dos acidentes causados pelas maquinarias.
Por efeito desta situação, onde vários trabalhadores adquiriam uma alta demanda de trabalho acarretando na sobrecarga física e mental e, como resultado, uma diminuição na produção. Dessa maneira, nasce a Medicina do Trabalho, em que ocorre a introdução do médico dentro das indústrias, tendo por objetivo o retorno dos trabalhadores à linha de produção o mais depressa possível. Com esse surgimento ocorre um progresso em relação a orientação da interdisciplinaridade, a partir de então, passou-se a levar em conta as chances de grandes fatores de risco na produção de doenças, e a esfera do trabalho sofreu transições essenciais no último século, com a adoção de novas informações e técnicas. Ao considerar a transformação histórica do trabalho, percebe-se que as modificações são influenciadas pelo contexto político, econômico, social e cultural de cada país.
1.2 O que é a Síndrome de Burnout Segundo o Ministério da Previdência e Assistência Social, a Síndrome do Esgotamento Profissional (nomenclatura brasileira para a Síndrome de Burnout) está apresentada como uma das 14 doenças que podem estar relacionadas ao trabalho, sendo definida como derivada de um ritmo de trabalho penoso. No entanto, há certa dificuldade na conceituação da síndrome devido as variadas nomenclaturas e definições que são utilizadas como referencial, tanto para a própria Burnout quanto para outras enfermidades psicológicas similares, como o estresse, o desgaste emocional, o esgotamento psicológico, etc.
A Síndrome de Burnout tem um caráter multidimensional devido a divergências com relação a sua definição, nomenclatura e o próprio método de diagnóstico. Mas é consensual a compreensão de que ela é composta por um conjunto de três fatores essenciais, conceituados pela Christina Maslach e Susan E. Jackson, sendo eles: a exaustão emocional (EE), a despersonalização (D) e a diminuição da realização pessoal (DRP).
A perda do idealismo com relação ao trabalho é uma característica essencial da Síndrome de Burnout. Está diretamente ligada ao significado existencial que o trabalho possui na vida da pessoa, por exemplo, o idealismo de fazer um trabalho significativo capaz de mudar vidas. O que acontece é exatamente essa quebra de expectativa em uma conjuntura em que muitas vezes a realidade é a sobrecarga no trabalho, interferências burocráticas, falta de autonomia, e verbas escassas. É a partir dessa quebra de perspectiva marcada por fatores estressantes que resulta na sensação de irrelevância, fracasso profissional, diminuição da realização profissional e o esgotamento de energias. A consequência desses fatores é a situação de não poder abandonar o emprego mesmo depois da desilusão, desencadeando uma retirada psicológica e um modo de abandonar o trabalho mesmo continuando na profissão.
1.3 Nomenclaturas e definições O nome dado para se referenciar a Síndrome de Burnout depende do contexto e da intenção para quem usa. Em espanhol, a síndrome é referida como "Síndrome de Quemarse por ei Trabajo", enquanto em português também é conhecido como “Síndrome do Esgotamento Profissional”, segundo Anexo II do decreto 3.048, de 06 de maio de 1999 da Secretaria da Previdência Social do Ministério da Previdência Social.
Nas produções acadêmicas ocorre uma diferenciação do uso tanto na definição quanto na nomenclatura dependendo dos autores e, também, do momento em que a obra é produzida. Como por exemplo: • “Estresse Laboral”, referente a um estresse que se dá no contexto de trabalho para os seguintes autores: André Büssing; Jürgen Glaser; José Luiz González de Rivera; Wilmar Schaufeli; María Jesús Gonzales; Luis Hernández Herrero ; Margarita Romero Martín.
• “Estresse Laboral Assistencial”, acrescentando a necessidade de ajuda ao estresse laboral para os autores: Bernardo Moreno-Jimenezes; Coral Oliver Hernández; Juan Carlos Pastor; Aracelis Aragoneses; Nícolas Seisdedos.
• “Estresse profissional”, que ressalta a dimensão profissional da síndrome.
• “Estresse ocupacional”, em que o responsável pelo transtorno seria a atividade desempenhada e não a profissão, para o seguinte autor: Jenny Firth.
• “Síndrome de queimar-se para o trabalho”, significando a perda de esperança e esforço pelo trabalho, para os seguintes autores: Pedro Gil-Monte e José María Peiró; Nícolas Seisdedos
• “Neurose Profissional” ou “Neurose de Excelência”, como transtorno psicológico relacionado ao trabalho, para o seguinte autor: Maria Inês José Stella.
• “Estresse ocupacional”, para os seguintes autores: Mary Sandra Carlotto; Nícolas Seisdedos.
• “Síndrome do Esgotamento Profissional”, significando uma doença relacionada ao trablho com a sensação de esgotamento, para os seguintes autores: Christina Maslach, Wilmar Schaufeli, Michael P. Leiter e no Ministério da Previdência Social.
Sendo assim, para o objetivo de definir a síndrome, mesmo não havendo ainda uma concordância na literatura, leva-se em conta a existência de quatro conceitos teóricos, baseados no possível esclarecimento para sua etiologia, a constar: a clínica, a sócio psicológica, organizacional e sócio histórica, porém, a que mais se emprega hoje em dia é a concepção sócio psicológica, formulada no ano de 1981 por Maslach e Susan E. Jackson, a determinando como uma síndrome tridimensional (exaustão emocional, despersonalização e a realização pessoal no trabalho). A manifestação de Burnout se referiria aos sintomas e indícios apresentados nessas três perspectivas em um certo trabalhador.
Diferenciação entre estresse e Síndrome de Burnout
Ao analisar a literatura científica é esclarecido que não há uma designação única sobre Burnout, mas é entendido, até os estudos produzidos atualmente, que seria uma resposta ao stress laboral crônico, no entanto é importante diferenciar do stress. O primeiro abrange ações e atos negativos em relação aos clientes, pacientes, instituição e trabalho, ou seja, uma experimentação subjetiva, que engloba comportamentos e sentimentos que vêm ocasionar complicações de modo prático e emocional ao funcionário e à corporação.
O organismo quando exposto ao um fator considerado como ameaçador à homeostase, ele tende a responder por adaptação, esses agentes são nomeados de estressores, os quais são experienciados ao longo dos dias. Esse processo é considerado normal ao ser humano, inclusive pode ser apontado como algo necessário à vida, e cada um reage de uma maneira diferente, porém, se ocorre uma resposta patológica, indica-se uma disfunção que pode ocasionar doenças graves ou piorar as preexistentes.
O estresse possui consequências positivas e negativas para o indivíduo, enquanto o Burnout é sempre negativo. Além disso, o estresse pode deixar de existir após um tempo de repouso e relaxamento, enquanto o Burnout não é resolvido dessa maneira. Logo, a compreensão de estresse, não implica tais condutas e padrões encontradas na Síndrome de Burnout, ligadas excepcionalmente ao contexto do trabalho, é uma exaustão individual com interferência na vida da pessoa e não indispensavelmente no seu relacionamento trabalhista.
Sintomas
O surgimento da Síndrome de Burnout possui caráter cumulativo, com progresso e severidade podendo ser aumentados com o tempo. Normalmente os familiares mais próximos são os primeiros a notarem os sintomas, havendo normalmente o estágio da negação pelo enfermado. A gravidade e o tipo da síndrome dependem de cada indivíduo, do ambiente e do estágio de desenvolvimento.
O processo de desenvolvimento da Burnout é uma resposta ao estresse crônico vivido no trabalho que leva o profissional a exaustão. Os principais sintomas, caracterizados por Maslach, são essencialmente: a exaustão emocional, a despersonalização e a diminuição da realização pessoal. Sendo a despersonalização caracterizada como adotar atitudes de frieza e indiferença ao trabalho e aos colegas, a diminuição da realização pessoal está ligada ao fato de a pessoa sentir-se ineficiente e que seu trabalho não faz diferença. A variável exaustão emocional esta regularmente relacionada a altas demandas de trabalho, conflitos, altas cargas horarias. Além de outros sintomas físicos e emocionais como dores de cabeça, tensão muscular, problemas com o sono, relacionamentos familiares afetados, absenteísmo, entre outros.
Os estressores laborais que desencadeiam os sintomas da Síndrome de Burnout passam pela vivência de insatisfação, desilusão e sensação de fracasso com o trabalho realizado. Desencadeando sentimentos de apatia, desinteresse, depreciação. A manifestação dessa enfermidade é considerada por muitos como uma estratégia de defesa para que passe a tratar as pessoas com frieza e desprezo, desenvolvendo o quadro de Burnout.
Outras reações corporais desenvolvidas pela Síndrome de Burnout são: • Sintomas físicos: fadigas constantes, problemas no sono, dores musculares, incômodos gastrointestinais, enxaquecas, transtornos cardiovasculares, disfunções sexuais, imunodeficiência, entre outros. • Sintomas comportamentais: Perda de iniciativa, Suicídio, aumento no consumo de substâncias, irritabilidade, agressividade, entre outros.
• Sintomas defensivos: Tendência de isolamento, sensação de onipotência, desinteresse no trabalho ou lazer, ironia, cinismo, entre outros.
• Sintomas psíquicos: Falta de concentração, problemas com a memória, sentimento de alienação, baixa autoestima, desânimo, depressão, paranoia, desconfiança, impaciência, entre outros.
Métodos de diagnóstico
Os métodos de diagnóstico para a síndrome de Burnout são diversos devido a variedade tanto de nomenclaturas quanto de definições e abordagens. O Maslach Burnout Inventory (MBI –Maslach and Jackson, 1981) é o método mais utilizado atualmente, mas também existem outras formas de diagnóstico que podem variar dependendo da localidade, para ser condizente com as especificidades de cada lugar, ou profissão. Como por exemplo os seguintes métodos:
Maslach Burnout Inventory (MBI –Maslach and Jackson, 1981)
O Inventário de Maslach e Jackson tem o objetivo de servir tanto para diagnóstico quanto para estatística, atuando como uma forma de diferenciar aquele que possui ou não a síndrome de forma mais prática. Os pontos são determinados por instâncias de baixo, médio e alto ponto baseado na frequência de aparecimento dos sintomas, usando a escala de resposta Likert de sete pontos (desde 0 = “nunca” até 6 = “todos os dias”).
Royal Dutch Medical Association
De um jeito similar a MBI, nos Países Baixos o meio para acessar tratamento de enfermidades relacionadas ao trabalho e outros cuidados primários é o Royal Dutch Medical Association. O diagnóstico é classificado entre 3 níveis de estresse: estresse/angústia, com sintomas que prejudicam apenas parcialmente as funções ocupacionais; colapso nervoso, sintoma de estresse sério e com perda do papel funcional; e Burnout, sendo uma neurastenia relacionada ao trabalho com maior perda de papel funcional.
ICD-10
O ICD-10 é um método oficial de diagnóstico utilizado na Suécia, incrementado desde 1997, pouco depois da síndrome de Burnout se tornar um dos 5 diagnósticos mais comuns, com grande crescimento. Com um diagnóstico formal do ICD-10 é possível conseguir uma compensação financeira caso a síndrome leve a invalidez ou licença médica. Para o diagnóstico de Burnout é necessário que sintomas como dificuldades de concentração, irritabilidade, instabilidade emocional, perturbações no sono e dores musculares ocorram diariamente por 2 semanas e que cause danos na capacidade de trabalho. Neste método o profissional tem mais liberdade para interpretações a respeito do caso.
Educators Survey-Es e Cuestionário de Burnout do Professorado
O método “Educators Survey-Es”, também conhecido como “MBI forma ED”, foi elaborado como uma forma especialmente para a aplicação em professores partindo do inventário MBI, de Maslach e Jackson. Algumas adaptações foram necessárias como a alteração da palavra “cliente” para “aluno”, enquanto a estrutura em si não sofreu alteração. O Cuestionário de Burnout do Professorado (CBP-R) é um questionário especificamente para professores, que diferente do “Educator Survey-ES”, abrange particularidades da profissão de educador incluindo fatores como desorganização e problemas administrativos, além das consequências ligadas a esses estressores.
Relações com outros personagens e teorias
Pesquisadores como Cristina Maslach, Ayala Pine e Cary Cherniss são considerados uns dos responsáveis por popularizar o conceito de Síndrome do Esgotamento Profissional e o reconhecer como uma questão social imprescindível. A primeira obra relacionada a Burnout publicada no Brasil é de H. França, no ano de 1987, encontrada na Revista Brasileira de Medicina. Foi na década de 90 que as publicações primárias a respeito desse tema passaram a ser mais frequentes, como no caso da autora Marilda Emmanuel Novas Lipp que já cita “burnout” em suas pesquisas sobre estresse, e também Maria Benevides Pereira que insere em seus estudos padrões típicos dessa síndrome em um grupo de psicólogos.
Nos estudos sobre psicossomática encontra-se uma relação com a Síndrome de Burnout, Freud em suas obras diferenciava as psiconeuroses das neuroses atuais, sendo esta última mais relacionada atualmente ao campo psicossomático. Enquanto que as psiconeuroses estariam ligadas a questões anteriores (resultado do recalcamento), as neuroses atuais estariam ligadas a questões contemporâneas à vida sexual, sendo suas consequências provenientes dessa atividade. Logo, esse conceito relaciona-se com um contexto no presente, havendo uma ideia de temporalidade, não havendo nada recalcado para retornar em forma de sintoma.
Desta forma, de acordo com os estudos de Miná (2011), a Síndrome de Burnout teria conexão com a neurose atual, algo que afeta o indivíduo em seu relacionamento com o presente, estando associada a vários fatores, que somados fazem com que a descarga pulsional seja totalmente descarregada no corpo daquele sujeito. Assim, essas causas atuais resultam em um sentimento de incapacidade do indivíduo em continuar suportando o fardo que carrega, e este sintoma passa pela consciência, mas não é recalcado.
Ver também
Referências
- ARAGÃO, Núbia Samara Caribé. Prevalência e fatores associados à síndrome de burnout em enfermeiros intensivistas em uma cidade da Bahia. 2019. 130f. Dissertação (Mestrado Acadêmico em Saúde Coletiva) - Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana, 2019.
- BRASIL. Ministério da Previdência Social. Decreto 3048/99. Anexo II 1999.
- DE CASTRO, Fernando Gastal; ZANELLI, José Carlos. Síndrome de burnout e projeto de ser. Cadernos de psicologia social do trabalho, v. 10, n. 2, p. 17-33, 2007.
- CUNHA, K. W. V. A produção científica no Brasil nos anos de 2003 a 2008 sobre Síndrome de Burnout e Docência. 2009. 57 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) - Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2009.
- FRANÇA, H. H. A Síndrome de "Burnout". Revista Brasileira de Medicina. São Paulo, v.44, n.8, p.197-199, 1987.
- FREUDENBERGER, Herbert J. Staff burn‐out. Journal of social issues, v. 30, n. 1, p. 159- 165, 1974.
- MASLACH, C., JACKSON, S. E. The measurement of experience burnout. Journal of Occupational Behavior, 2, p. 99-113, 1981.
- MINÁ, C. S. Psicossomática e Síndrome de Burnout. WikiPsicopatologia, UFRGS. 2011.
- SANTINI, Joarez. Síndrome do esgotamento profissional Revisão Bibliográfica. Movimento (ESEFID/UFRGS), v. 10, n. 1, p. 183-209, 2004.
- SCHAUFELI, Wilmar B.; LEITER, Michael P.; MASLACH, Christina. Burnout: 35 years of research and practice. Career development international, 2009.
- VIEIRA, Isabela; RUSSO, Jane Araujo. Burnout e estresse: entre medicalização e psicologização. Physis: Revista de Saúde Coletiva, v. 29, p. e290206, 2019.
Links externos
Autoria
Verbete criado inicialmente por: Elisa Teófilo Rolim e Thais Arci, como exigência parcial para a disciplina de Psicologia e História Social do Trabalho da UFF de Rio das Ostras. Criado em 2021.1, publicado em 2021.1