Escola Normal de São Paulo
A Escola Normal de São Paulo surgiu pela primeira vez em 1848 nas proximidades da Catedral do Largo da Sé, sendo transferida posteriormente para um edifício na Praça da República, funcionando neste local até 1978, quando o prédio foi cedido para a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Sua atuação pioneira na formação de docentes acompanhava as grandes mudanças econômicas e sociais iniciadas no final do século XIX advindas da crescente modernização, como a obrigatoriedade do ensino. Destacou-se entre as mais importantes instituições de formação no país, desempenhando um relevante papel na construção do sistema educacional brasileiro.
HistóriaEditar
O processo político da criação da Primeira Escola NormalEditar
Em 10 de setembro de 1821 Martim Francisco Ribeiro de Andrada, deputado e secretário do interior, apresentou sua intenção de reformar o ensino público e criar uma Escola Normal durante a 33ª sessão da Junta do Governo Provisório da província de São Paulo. Contudo, em razão da proclamação da independência do Brasil no ano seguinte, a atenção dos estadistas se voltou para questões outras de maior urgência nesse contexto.
A proclamação da Independência do Brasil, no ano seguinte, desviava a atenção dos estadistas para outros problemas mais importantes, ficando o projeto de Martim fora do foco principal. Consta que numa das sessões da Assembléia Provincial, em 1835, o Padre Diogo Antônio Feijó apresentou o projeto sobre a criação da Escola Normal. Entretanto, a respeito do aludido projeto, não foram encontradas referências nas atas daquela Assembléia.
De modo que apenas em 1843 tal iniciativa foi de fato examinada, em razão da apresentação de um novo projeto de criação de um Instituto Normal, desta vez subscrito pelos doutores João da Silva Carrão e José Inácio Silveira da Mota. Assim, três anos depois, tal iniciativa foi finalmente convertida em um normativo, a Lei n. 34, de 16 de março de 1846.
Primeira Escola Normal - 1846Editar
A Escola Normal de São Paulo foi então instalada no edifício contíguo à Catedral da Sé no dia 9 de novembro de 1846. Inicialmente, Manoel José Chaves, bacharel em direito e catedrático de filosofia, foi nomeado por ato presidencial para ocupar o cargo de professor e diretor da instituição. Assim, um curso normal de dois anos de duração, com aulas no turno vespertino e voltado para o público masculino passou a ser ministrado em suas dependências.
Contudo, apenas dezenove alunos obtiveram um diploma em um período de quase duas décadas, de modo que sua custosa manutenção já não parecia mais tão interessante para o contexto da época. Desse modo, suas atividades foram interrompidas em 1867.
Processo da criação da Segunda Escola NormalEditar
A educação como soluçãoEditar
Traçando um plano para a contingência da criminalidade desenvolvida pelo crescimento urbano da cidade de São Paulo no final do século XIX, os responsáveis pela coordenação da polícia começaram a enxergar nas crianças um meio de difundir os bons costumes, a moral e os deveres cíveis. Segundo esse pensamento, o respeito às leis estaria diretamente relacionado com a educação ministrada para a população, criando então, uma demanda maior para o desenvolvimento de escolas, estipulando uma guerra contra a ignorância.
Por meio da reforma da instituição pública — Lei nº 9, de 22 de março de 1874 — criou-se uma escola normal de ensino primário com duração de dois anos, sendo esta obrigatória para crianças de sete a quatorze anos para o sexo masculino e de sete a onze anos para o feminino. Esse movimento conhecido também como “Luzes na Província" espalhou para noventa e cinco municípios objetivando ler, escrever e contar, considerado a base para um progresso civilizatório.
Nesse recorte histórico, era comum que os alunos recebessem punições físicas como desdobramento de comportamentos julgados impróprios; se usavam varas, puxões de orelha, fazia-se ajoelhar em grão de milho, a reclusão nos horários de descanso e também ofensas e xingamentos eram comuns. Vale também pontuar que a nomeação dos professores de instrução primária era obtida por meio de avaliações realizadas na Assembleia Provincial, estas que fomentavam frequentes descontentamentos e críticas.
Segunda Escola Normal - 1875Editar
Em 1873, o relatório de instrução pública elaborado por Francisco Aurélio levantou dados tão alarmantes a ponto de terem convencido o então presidente da província, João Teodoro Xavier, em relação à necessidade da manutenção de um curso para formação de professores.
No ano seguinte, a Lei n. 9 de 22 de março de 1874 foi promulgada. Sua redação determinava a obrigatoriedade do ensino, além da criação de uma Escola Normal na capital da província. Desse modo, o regulamento do instituto foi expedido em 9 de maio de 1874, seguido de editais para o preenchimento das duas cadeiras criadas. Em virtude da ausência de um edifício próprio, as aulas começaram a ser ministradas em uma sala anexa da Faculdade de Direito de São Paulo em 1875.
Os exames para a admissão dos professores passam a ser realizados nessa instituição, trazendo consigo mais organização na avaliação e na necessidade da realização de uma tese que se consolidaria em um título acadêmico para o regular exercício da profissão. Os já consagrados professores poderiam se matricular na Escola Normal de São Paulo e realizar um curso de formação, recebendo no fim, se aprovados, o direito à maiores salários e a carta de normalista. Dentre os preceitos adotados na formação de professores, está presente o interesse em consolidar o bom profissionalismo e moralidade.
Entretanto, em discordância com a excelência na educação dos docentes, a falta de estruturas adequadas para o ensino, tão como os baixos salários, causava um descontentamento tanto entre professores quanto entre os alunos, dificultando que o objetivo do Estado fosse alcançado. Nos ano de 1876, cerca de quarenta alunos se formaram e a seção feminina foi alocada no Seminário da Glória. No entanto, esses números não foram satisfatórios para os políticos da época, de modo que a Escola Normal teve suas atividades encerradas novamente em 1877 devido a sua baixa rentabilidade, por assim dizer.
Condições de Matrícula na Escola Normal e seus objetivosEditar
Os candidatos à matrícula deveriam cumprir algumas determinações estipuladas pela instituição, como possuir pelo menos 16 anos, possuir a ciência da leitura, escrita e também de contar. Deveria comprovar idoneidade moral, não sofrer de qualquer moléstia contagiosa, tampouco de limitações físicas que prejudicassem sua atuação. Por fim era preciso pagar uma taxa à Coletoria Provincial, salvo os professores públicos ou comprovadamente pobres.
A Escola Normal tinha como objetivo ensinar a ensinar. O professor tinha como obrigação se formar fazendo um estudo profundo nas matérias que tinha que ensinar, dando ênfase na prática na transmissão de conhecimento.
Divisão das cadeiras de professores na Instituição em 1875Editar
Inicialmente a Escola Normal apresenta uma divisão didático-pedagógico com dez matérias distribuídas em cadeiras para professores vistos como capazes e moralmente idôneos.
I- Gramática e Língua nacional; Dr.: Vicente Mamete de Freitas.
II- Aritimética e Geometria;Dr.: Godofreto José Furtado.
III- História e Geografia; Dr.: José Estácio Correia de Sá e Benevides.
IV- Pedagogia e Metodologia; Dr.: Ignácio Soares de Bulhões Jardim.
V- Frances, Química e Física;Dr.: Paulo Bourroul.
Terceira Escola Normal- 1880Editar
Pouco depois, o político Laurindo Abelardo de Brito obteve sucesso ao pleitear a restauração da Escola Normal na Assembleia Provincial. Assim, a Lei n. 130 de 25 de abril de 1880 foi promulgada com o fito de autorizar o Governo a reabrir a Escola Normal e a dar-lhe o respectivo regime interno, o que foi feito em 2 de agosto de 1880, contando com sessenta e um alunos ao todo, distribuídos pelos primeiros e segundos anos do curso.
Além disso, um curso de preparação para os docentes da própria instituição começou a ser ministrado de forma paralela, sendo certo que a seção masculina, com cinquenta e cinco alunos matriculados, era dirigida por Antônio Silva Jardim, e a feminina, com setenta e duas alunas matriculadas, pela professora Catarina Amélia de Prado Alvim.
Uma reforma dividiu a escola primária em preliminar e complementar e para que os formados pudessem dar aulas para o primário complementar era necessário cursar o quarto ano da Escola Normal e assim poderia até mesmo serem diretores da instituição. Muitos professores que já lecionavam voltaram para cursar o quarto ano, já que o governo pagava o salário de professor para aqueles que quisessem aprimorar os estudos. Quem cursava o quarto ano tinha imediata contratação na Escola-Modelo.
Reformas das cadeiras de professores na Instituição em 1884Editar
Em 1884 o presidente da província tentando diminuir os conflitos e deter a expansão do positivismo no interior da Escola Normal faz um reforma jurídico-admissional, aumentando uma cadeira e modificando outras. Ficando assim o quadro de professores da Escola Normal.
I- Gramática e Língua nacional; Dr.: Antônio da Silva Jardim.
II- Aritmética e Geometria; Dr.: Godofredo José Furtado.
III- Cosmografia, História e Geografia; Dr.: José Estácio Correia de Sá e Benevides.
IV- Pedagogia, Metodologia, Instrução Religiosa; Monsenhor Camilo Passalácqua.
V- Noções de Química e Física; Dr.: Cypriano José de Carvalho.
VI- Gramática de língua francesa; Dr.: Carlos Marcondes de Toledo Lessa.
A introdução da matéria de Religião coloca em evidência a tentativa de aniquilação ao conflito ideológico no interior da Escola Normal, tendo como objetivo neutralizar a popularização da Religião da Humanidade.
Programa de ensino religioso de 1888 ( 1º ano)Editar
- Apologética
- Artigos preliminares: Introdução aos estudos
- Demonstrações religiosas
- Verdade da Religião contra os incrédulos
- Verdade da Religião contra os hereges
- Dogmática
- Deus nos seus atributos
- Santíssima Trindade. Criação do Mundo.Os anjos, o homem
- Pecado Original
- Encarnação. Redenção. Graça. Sacramentos.
- Deus, lei e conciência
- Decálogo
- Mandamento da Igreja
- Transgressão e Observância
- Perfeição cristã
- Oração
- Festas, Liturgia, Práticas religiosas da Igreja
Estabilidade da Instituição e prestígioEditar
Com o passar do tempo, a Escola Normal ganhou estabilidade e projeção como instituição. Em determinados momentos obteve maiores prestígios em detrimentos de outras instituições como a Faculdade de Direito e o Seminário Episcopal. A criação de instituições com o pensamento de modernizar a sociedade em busca pelo sujeito esclarecido e iluminado, fez com que os professores se tornassem instrumentos para tal projeto de iluminar os homens obscuros.
Positivismo e reformas na Escola NormalEditar
Positivismo na Escola NormalEditar
O positivismo está presente no discurso das políticas públicas para a educação, quando se afirma, por exemplo, que ela é a solução para os problemas nacionais, bem como quando se propõem reformas, tanto na sociedade, quanto na própria educação.
Hierarquia, ordem, utilitarismo e perspectiva de progresso compõem a estante do positivismo educacional. Essa ideologia foi assimilada pelos militares republicanos do século XIX no Brasil. A educação tornou-se, nesse cenário, um instrumental da difusão dos conceitos de ordem e progresso. Em São Paulo, Godofredo José Furtado, Antônio da Silva Jardim, o diretor Caetano Campos e , mais tarde, Gabriel Prestes, entre tantos outros, foram os defensores dos ideais de Comte no âmbito educacional.
Através das intervenções prático teóricas tanto em âmbito escrito ou em discurso falado, os professores ortodoxos do positivismo comtiano aludiam suas ideias através de conferências, folhetos e aulas. As ideias de uma educação fundada e uma didática da perspectiva da síntese da história, concebida como, uma junção de elementos concretos e abstratos em um todo racional, substituia a síntese espontânea pela sistemática., sendo as bases pelas quais os professores da Escola Normal fundamentavam seus ensinos.
Reforma do Ensino e Criação da Escola-ModeloEditar
O contexto brasileiro foi marcado pela transição do regime monárquico para o republicano, o que, por óbvio, repercutiu nos muros da Escola Normal de São Paulo. Assim, António Caetano de Campos com princípios positivistas, adotou na reforma o método de Pestalozzi, em que os alunos eram estimulados a aprenderem pelo método “lição das coisas”, no qual o mestre induzia o aprendizado sem o aluno ter que decorar lições. Mudou todo o quadro disciplinar, criou um novo conceito no ensino e, em poucos meses a reforma foi entregue, em 12 de março de 1889.
Os republicanos finalmente mudariam aquele sistema de ensino consercador e ultrapassado da velha monarquia. Com o currículo refeito, novas matérias foram acrescentadas, inclusive biologia, que seria ministrada pelo próprio Caetano de Campos. Assim que assumiu a direção da Escola Normal, no dia 18 de janeiro de 1890, Caetano viu a necessidade de se criar uma escola em que os professores aplicariam seus conhecimentos diretamente nas salas de aula, com alunos de sete a quatorze anos, criando a Escola-Modelo.
Escola-Modelo do Carmo - 1890Editar
Instaurado em um casarão que pertencia a Igreja do Carmo. A direção da seção feminina era Maria Guilhermina Loureira de Andrade e a masculina Miss Márcia Priscilla Browne, ex -diretora de uma escola normal e de uma high school nos Estados Unidos.
Destinada a demonstrar procedimentos didáticos de observação à prática de ensino de alunos do terceiro ano do curso normal, testando o método intuitivo de ensino ou método Pestalozzi. Os alunos-mestres tinham ênfase no treinamento prático tendo a estratégia de divulgar tal método como propagador do ensino reformado.
Tal instituição irradiava regras e normas com objetivo de garantir o desenvolvimento da instrução científica. A educação na infância deveria ser consciente, intencional e sistemática através dos novos professores esse objetivo iria ser alcançado.
Criação da Escola-Modelo Isolada-1908Editar
Em 1908 foi criada a Escola-Modelo Isolada, subordinada a Escola-Modelo da Capital, para servir de referência para as demais escolas isoladas do estado. Os professores Antônio Pedro Wolf e Lavínia Barbosa administravam duas classes, uma feminina e uma masculina, cujo currículo era composto de leitura, linguagem,números, caligrafia, geografia, história pátria, animais, plantas, lições gerais, desenho, música, trabalhos manuais e ginástica.
Uma escola para a RepúblicaEditar
Em 1890, Caetano de Campos já havia criado esta Escola-Modelo e refeito todo o currículo da Escola Normal.
Numa conversa com Prudente de Morais, Rangel Pestana e outros colegas republicanos, surgiu o inevitável: a ideia de se construir uma escola à altura da República. Não era mais possível continuar seguindo um programa educacional ultrapassado, com prédios mal iluminados e alunos mal instalados. Numa nova era, tornava-se necessário mudar totalmente os conceitos para entrar em sintonia com as ideias revolucionárias propagadas pelos positivistas nacionalistas, que precisavam mostrar a que vieram. Naquelas instalações precárias, isso seria impossível.
A partir desta conversa, o engenheiro Paulo Sousa, que frequentava a mesma roda de companheiros do ideal repunlicano, desenvolveu um estudo para se instalar uma escola conforme os desejos dos seus colegas.
Prudente de Morais, juntamente com os governadores do estado, arrumou verba vinda da loteria e que seria destinada para construção de uma catedral no Lago do Curros, desviando-a para construção de um dos maiores símbolos da República: uma escola pública, com uma arquitetura à altura dos novos ideais republicanos, ou seja, digna, onde todos teriam acesso ao melhor ensino que, até então, nenhum governo jamais sonhara.
Quarta Escola Normal - 1894Editar
Em 1894, no dia 2 de agosto, a Escola Normal Caetano de Campos instalava-se condignamente no magnífico prédio da Praça da República, na cidade de São Paulo. E, assim, o nome abençoado do renomado médico seria perpetuado e apontado à mocidade brasileira como grande “fanático da instrução popular”. Reformas posteriores alteraram-lhe a denominação, chegando-se a tirar o nome de Caetano de Campos dado à Escola Modelo e também ao majestoso aspecto arquitetônico do edifício. Finalmente, em homenagem a Caetano de Campos, o governo do Estado, por decreto de dezembro de 1939, devolveu seu nome à Escola Normal da Praça da República, na cidade de São Paulo.
O Estado de São Paulo, em sua edição de 3 de setembro de 1894, publicou a seguinte notícia sobre a inauguração da Escola Normal: “A mudança da Escola Normal, da rua da Boa Morte para a Praça da República, se deu por volta do final de julho de 1894. O número de inscritos na Escola Normal não foi grande naquele ano, porém na Escola-modelo, o número de inscritos passava de mil.”
A nova Escola Normal da Praça foi projetada pensando na iluminação e na ventilação, que se daria por meio das grandes janelas distribuídas ao longo dos corredores que, por sua vez, dariam para um grande pátio interno. Havia uma ala feminina e outra masculina. As salas de aula, destinadas à permanência de cinco alunos (mas que comportavam mais de quarenta) e tinham aproximadamente cinco metros de altura, o que garantia um conforto térmico e acústico.
Criação do Jardim de Infância - 1896Editar
Com apoio político de Bernardino José Campos, o diretor Gabriel Prestes conseguiu fazer com que o jardim de infância da Escola Normal fosse criado. Assim, em 18 de maio de 1896, uma média de noventa e cinco alunos passaram a assistir às aulas em um local improvisado, enquanto o prédio definitivo não ficava pronto, o que ocorreu apenas no ano seguinte.
Pedagogia Experimental e o Laboratório de Psicologia - 1914Editar
A pedagogia experimental adotada na Escola da Praça é inspirada no modelo europeu, mais especificamente na obra do médico italiano Ugo Pizzoli, que fundou um Laboratório de Pedagogia Científica já em 1889, além de promover cursos que contavam com aulas de psicologia, fisiologia e antropologia. Inspirado por essas ideias, o paulista Clemente Quaglio elaborou um guia prático de descrição dos aparelhos que poderiam ser usados pelos professores a fim de medir caracteres de seus alunos, difundindo assim, o pensamento italiano no Brasil.
Nesse ínterim, a pedido de Oscar Thompson, diretor da Escola Normal, Quaglio começou a investigar o desenvolvimento das crianças em São Paulo, usando as técnicas de cefalometria e da escala métrica da inteligência dos psicólogos Binet e Simon, assunto afim da psicologia e da pedagogia por excelência.
Ato contínuo, em 1912 foi criada uma cadeira de psicologia experimental da Escola Normal de São Paulo, primeiro passo dado em direção a manutenção de um laboratório próprio. Por isso, no ano seguinte Ugo Pizzoli foi convidado pelo governo para passar 6 meses em São Paulo a fim de promover um Curso de Cultura Pedagógica na Escola Normal da Praça, direcionado a professores, diretores, inspetores e as escolas normais do interior, o que foi aceito.
Finalmente, no dia 17 de setembro de 1914, o Laboratório de Psicologia Experimental foi inaugurado oficialmente, contando com a presença de Pizzoli na cerimônia e, posteriormente, com a administração de Quaglio. Seu objetivo era reunir aparelhos voltados, principalmente, para medição funções mentais, como a inteligência, as aptidões pessoais e a vocação profissional de modo a aferir dados psicológicos úteis para uso pedagógico, isto é, em última análise, formular ações educativas que contribuíssem para o desenvolvimento bioantropopsicológico dos alunos, formando uma base científica para a educação.
ExtinçãoEditar
Em 1968, o Instituto de Educação Caetano de Campos era uma autarquia, mas passou a ser subordinado à Secretaria de Educação, perdendo verbas até chegar em um estado de absoluta precariedade. Pouco depois, em meados dos anos 70, o governo local começou a cogitar a construção da estação de metrô da República, em uma tentativa de revitalizar o centro da cidade.
Na mesma época, o secretário da Educação José Bonifácio Coutinho Nogueira anunciou o Plano Estadual de Implantação da Reforma do Ensino, ocasião na qual fez questão de destacar que a Caetano de Campos passaria por reformas, em razão de seu destaque em um cenário em que o nivelamento era buscado.
Assim, durante o mês de outubro de 1975, diversas declarações foram dadas a respeito dos rumos que o ensino público paulistano tomaria, uma delas revelou que toda a história da Escola Normal de São Paulo migraria para outro prédio, o que de fato aconteceu. Na verdade, Bonifácio resolveu ceder o prédio para a prefeitura construir a estação em troca de 70 novos terrenos em diferentes pontos da cidade, onde poderiam ser construídas escolas mais acessíveis para a população em geral. Contudo, essa notícia não agradou os caetanistas, sendo certo que mais de 5 mil alunos e ex-alunos firmaram um abaixo-assinado para tentar impedir tal negociação, além da tentativa de alguns parlamentares de propor a continuidade da escola, ou ao menos que ela não fosse demolida.
Devido a essa mobilização, em 20/11/1975, foi aprovado o projeto de lei n. 509, de autoria de Osiro de Silveira, o qual promovia o tombamento como monumento histórico do edifício que abrigava a Escola Normal na Praça da República. Isto posto, os discentes e docentes foram realocados em outras duas localidades em 1977: um prédio na Aclimação e outro na antiga escola alemã da Praça Roosevelt . Por fim, as obras do metrô tiveram início em 1978, respeitados os limites necessários à preservação do palco de toda essa história.
Nomes da EscolaEditar
- 1846 - Escola Normal
- 1895 - Escola Normal da Capital
- 1911 - Escola Normal Secundária de São Paulo
- 1913 - Escola Normal da Praça da República (não oficial, consagrado pelo uso)
- 1920 - Escola Normal de São Paulo
- 1931 - Instituto Pedagógico de São Paulo
- 1933 - Instituto Caetano de Campos
- 1934 - Instituto de Educação da Universidade de São Paulo
- 1938 - Escola Normal Modelo
- 1939 - Escola Caetano de Campos
- 1946 - Instituto de Educação Caetano de Campos
- 1973 - Instituto de educação estadual Caetano de Campos
- 1976 - Escola de Primeiro e Segundo graus Caetano de Campos
DirigentesEditar
Diretores da Escola Normal, do Instituto Caetano de Campos e do Jardim de InfânciaEditar
1846-1867 Manuel Chaves
1867-1880 interrupções
1875 Francisco Aurélio de Souza Carvalho
1875 Américo Ferreira de Abreu
1880-1882 Vicente Mamede de Freitas
1882-1884 Paulo Bourroul
1884-1887 José Estácio Correia de Sá e Benevides
1887-1889 Manuel Vicente da Silva
1889-1890 Manuel Jorge Rodrigues
1890-1891 Antônio Caetano de Campos
1891-1898 Gabriel Prestes
1898-1901 João Alberto Sales
1901-1920 Oscar Thompson
1910-1914 Ruy de Paula Sousa
1920-1921 Renato Maurity Jardim:
1920-1921 José Augusto de Azevedo Antunes
1921-1924 Renato Maurity Jardim
1924 (junho a outubro) Pedro Voss
1924-1925 Arnaldo de Oliveira Barreto
1925-1928 Carlos Alberto Gomes Cardim
1928-1930 Honorato Faustino de Oliveira
1930-1933 Antônio Firmino de Proença
1933-1938 Fernando de Azevedo
1938-1939 Antonio Firmino de Proença
1939-1947 Carolina Ribeiro
1948-1951 Francisco Cimino
1951-1953 Mário Marques de Oliveira
1955-1960 João Carlos Gomes Cardim
1960-1961 Raul Schwinden
1961-1963 Orestes Rosolia
1964-1966 João Gomes Cardim
1966-1967 Maria Helena Figueiredo Steiner
1967-1971 Yolanda de Paiva Marcucci
1972-1976 Fábio de Barros Gomes
8/3/1976 até a saída dos alunos do prédio da praça Jorge Araújo Cintra do Amaral
Diretoras do Jardim de InfânciaEditar
1896-1909 Maria Ernestina Varella
1909-1925 Joana Grassi Fagundes
1925-1930 Irene Branco da Silva
1931-1946 Hortência Pereira Barreto
1946-1952 Heloísa Grassi Fagundes
1925-1959 Lavínia Benevides Resende
1960-1961 Corina de Syllos
1961- até o fechamento da escola da praça Irene Maiuri Vilhegas
Membros importantes da Escola NormalEditar
Antônio da Silva JardimEditar
Nascido no dia 18 de agosto de 1860, em Capivari, Rio de Janeiro, seu pai agricultor, e com dificuldades financeiras, abriu uma pequena escola primária em que, posteriormente, Antonio ingressaria timidamente no magistério. Em 1873, aos 13 anos, mudou-se para Niterói, RJ, para fazer o curso preparatório no. Em 1876 foi para o Rio estudar no Mosteiro de São Bento. Aos dezesseis, publicou seu primeiro artigo político, no jornal Labarum, dos alunos do São Bento. Em 1878, foi para São Paulo e ingressou na Faculdade de Direito. Formou-se em 1822 e começou a advogar. Porém, sua verdadeira vocação era o magistério. Após a reabertura da Escola Normal, em 1880, o ensino da leitura aos normalistas do terceiro ano deveria ser obrigatório: “ a conveniente aplicação das regras que devem ser observadas na prática dos métodos”. Essas aulas práticas, chamadas de “anexas”, ocorriam uma vez por semana e eram exigidas para que o normalista conseguisse o diploma de professor. Silva Jardim, ainda como estudante de direito, lecionava essas aulas anexas que deveriam trabalhar em conjunto com a cadeira de pedagogia conforme a exigência da lei em vigor. Foi graças a Silva Jardim, afirma João Lourenço Rodrigues, que a didática paulista foi em direção a seus melhores dias. Defendeu sempre o método João de Deus e sua Cartilha Maternal, seja como sistema de alfabetização, seja como maneira de se entender o verdadeiro significado das palavras e o modo como elas deveriam ser empregadas pelos alunos “dando-lhes o hábito correto da conversação”. Com apenas vinte e quatro anos era advogado, tribuno político, professor e jornalista,
Apresentou, em 1884, um plano didático original para o ensino da gramática. Vários programas foram desenvolvidos para esse ano, nas escolas anexas à Normal, e o de gramática e língua nacional para a Escola Normal. Muito bem organizados, por partes e lições, revelam o professor dono do seu ensino e de seu método. Articulando ao programa de língua nacional, Silva Jardim, como didata que era, incluiu uma terceira parte, no plano de estudos do terceiro ano normalista, a que chamou de Pedagogia da Língua Portuguesa.
Antônio Silva Jardim se torna o divulgador árduo do método da Cartilha maternal do João de Deus com a união do ponto de vista comtiano, pois assimila tal cartilha com o estado de civilização, com inovação metodológica e difusão doutrinária: ciência, ensino e ideal político. Na escola primária do qual era encarregado deu destaque ao desenvolvimento do conhecimento compatível com a idade do aluno. Fazendo com que o aluno unisse concepções abstratas com as concretas.
Em 1886, deixou a Escola Normal e partiu para o Espírito Santo, a fim de proferir palestras sobre o método João de Deus.
Caetano de Campos: o patronoEditar
Nascido em São João da Barra, província do Rio de Janeiro, no dia 17 de maio de 1844, aos nove anos, Antônio Caetano de Campos, que era filho único, perdeu o pai. Por se destacar dos demais alunos, logo chamou atenção do diretor da escola quando era jovem, que liberou a mãe de Caetano do pagamento dos estudos do filho. Caetano começou a dar aula na Escola e ingressou na Faculdade de Medicina. Na faculdade também dava aulas. Após a formatura, foi nomeado cirurgião da Armada, para servir na Guerra do Paraguai. Conquistou a posição de major, tendo permanecido dois anos em navios, onde contraiu beribéri. O trabalho de Caetano de Campos foi o de fomentar os governantes de São Paulo pela causa da instrução, que ele sabia ser a semente da nossa grandeza futura, foi convocado a fazer a reforma na educação, tal reforma recebeu seu nome. Esse trabalho foi realizado endossando vários métodos estrangeiros utilizados na Escola Normal de São Paulo.
Caetano de Campos faleceu prematuramente aos quarenta e sete anos, em 12 de setembro de 1891, não vendo a escola na praça da República ficar pronta. Campos deu o melhor de sua vida à educação da mocidade e abrindo novos horizontes para a instrução pública em nosso meio
Carlos ReisEditar
Nasceu em 30 de maio de 1850, no Rio de Janeiro. Mudou-se ainda jovem para São Paulo, onde passou por concursos e conquistou a carta de professor. Em 1876 matriculou-se na Escola Normal de São Paulo. No ano de 1886 participou de um concurso para assumir a vaga de português, não conseguiu de primeira, mas se aproveitou de um dispositivo da Lei e requereu o seu cargo, assumindo em 1887. Após dez anos trabalhando como professor na Escola Normal, exonerou-se do cargo para trabalhar como subdiretor da Secretaria do Interior. Foi mestre de vários nomes que se destacaram na educação no início do século XX e trabalhou com Caetano de Campos. Aposentou-se após trinta e sete anos trabalhando como diretor-geral da secretaria do Interior. Faleceu em 9 de agosto de 1931, aos 81 anos.
Carolina RibeiroEditar
Foi a primeira mulher a dirigir a instituição, isso entre os anos de 1939 e 1947, período no qual obteve verba para construção de um novo auditório, reorganizou a biblioteca infantil, dentre outros feitos. Se destacou também por se dedicar à questão da educação de pessoas com deficiência, além de ter começado a aplicação de testes psicológicos com o fito de organizar as classes de acordo com o rendimento dos alunos. Em 1948 foi nomeada para Secretaria da Educação, onde permaneceu até o fim de sua carreira.
Gabriel PrestesEditar
Nasceu em 21 de setembro de 1867, diplomou-se em 1888 como professor normalista na Escola Normal. Foi eleito deputado em 1891, como representante dos professores, participou de inúmeros projetos importantes, sendo a favor da reforma da instrução pública, que gerou a lei n.88 de 08 de setembro de 1892. Prestes elaborou o curso de magistério onde surgiu a primeira turma de professores complementaristas do Estado. Foi organizador da revista Jardim de Infância, que tinha como finalidade guiar os professores que atuavam com crianças pequenas. Fundou o primeiro jardim de infância público do país em 1896, sendo um anexo da Escola Caetano de Campos, sendo um dos pioneiros da chamada Educação Nova no país. Faleceu no dia 10 de abril de 1916.
Manuel ChavesEditar
Nasceu em São Paulo em 3 de novembro de 1812 e se formou em direito aos 23 anos. Obteve notoriedade por ter sido o primeiro professor da Escola Normal da Praça, tendo sido o único docente durante os primeiros 20 anos da instituição. As matérias de seu programa eram: gramática, língua nacional, aritmética, religião, geometria, caligrafia, lógica e métodos e processos de ensino. Foi jubilado apenas em 1867 com o advento da Lei n. 16, pelos mesmos motivos que ensejaram a interrupção das atividades da escola durante esse mesmo período.
Oscar ThompsonEditar
Foi diretor da Escola Normal por quase duas décadas, deixando como um de seus principais legados o Laboratório de Psicologia Experimental e uma gestão conhecida como “fase áurea”. Além disso, foi nomeado diretor da Instrução Pública e cursou Direito da Faculdade de São Paulo.
Cartilhas de Alfabetização escritas por professores da Escola NormalEditar
Tais cartilhas tinham como objetivo divulgar suas propostas de ensino e a aplicação inicial da leitura e da escrita na infância.
- Cartilha de Infância, de Thomaz Galhardo, 109ª edição, 1924.
- Cartilha Primeiras Leituras, de Arnaldo de Oliveira Barreto, 1905.
- Cartilha Analítica, de Arnaldo de Oliveira Barreto, 63ª edição, 1955.
- Cartilha do Operário, de Theodoro de Moraes, 2ª edição, 1924.
- Cartilha Proença, de Antônio Firmino de Proença, 1ª edição, 1926.
- Cartilha Fácil, de Claudina de Barros.
- Cartilha na Roça, de Renato Sêneca Fleury, 1939.
- Cartilha Onde Está o Patinho?, de Cecília Bueno dos Reis Amoroso,1955.
ReferênciasEditar
GOLOMBEK, Patrícia. Caetano de Campos: A Escola que mudou o Brasil; apresentação, José Goldemberg. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2016.
MONARCHA, Carlos. Escola Normal da Praça: o lado noturno das luzes. Campinas: Editora da Unicamp, 1999.
AutoriaEditar
Verbete criado inicialmente por Bruna Duarte Da Silva, Brunna De Souza Ribeiro, Eduarda Pereira De Araújo, Gustavo Oliveira Dos Santos e Vitor Gabriel Dias Gouvea Azeredo como exigência parcial para a disciplina de História da Psicologia da UFF de Rio das Ostras. Criado em 2022.1, publicado em 2022.1