Pierre Weil

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Pierre Gilles Weil nasceu em Estrasburgo, França, em 16 de abril de 1924. Estudou no Instituto de Estudos do Trabalho e de Orientação Profissional de Paris, dirigido por Henri Pierón, na Escola Prática de Psicologia e Pedagogia da Universidade de Lyon e na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação (antigo Instituto Jean-Jacques Rousseau), da Universidade de Genebra. Foi responsável pela introdução da psicodrama no Brasil, na década de 1960, pela fundação da Universidade Internacional da Paz (UNIPAZ), em 1987, e autor de mais de 50 livros. Weil morreu aos 84 anos em Brasília, no dia 9 de outubro de 2008, por falência de órgãos.

BiografiaEditar

Pierre Weil nasceu em uma família com bastante variedade religiosa, o que refletiu diretamente em sua criação. Aos oito anos decidiu criar, ludicamente, junto com um primo, uma Associação Católica dos Judeus Protestantes a favor do monotelismo Budista.

Durante a infância, as discordâncias religiosas de sua família foram motivos para conflitos. Aos quatorze anos, como uma ideia para a solução dos conflitos políticos na Europa, propôs a união fronteiriça e econômica entre os países. Em 1941, durante a 2ª guerra mundial, aos dezessete anos integra-se no movimento de resistência da França contra os nazistas, os “maquis”, mas como enfermeiro da cruz vermelha, se recusava a ter que portar uma arma.  

Aos dezoito anos, as tropas alemãs invadiram sua cidade natal, sendo obrigado a se refugiar na França. Ainda como voluntário do movimento da Resistência Francesa, passou a ministrar aulas e cuidar dos jovens refugiados de guerra. Presenciar os horrores da guerra desde tenra idade, foi responsável por nascer a vontade de Pierre Weil para um combate diferente, direcionado à causa da educação para alcançar a paz.

Formação acadêmicaEditar

Com o fim da guerra, Pierre passa a residir em Paris, onde iniciou seus estudos acadêmicos. Estudou no instituto de Trabalho e de Orientação Profissional de Paris, dirigido por Henri Pierón, na Escola Prática de Psicologia e Pedagogia da Universidade de Lyon e na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação (antigo Instituto Jean-Jacques Rousseau), da Universidade de Genebra. Durante esse período teve a oportunidade de ter tido grandes mestres, como Jean Piaget, André Rey e entre outros. Posteriormente, recebeu o título de Doutor em Psicologia, pela Universidade de Paris, recebendo uma Menção Honrosa, por sua original tese sobre a Esfinge.

Vinda para o BrasilEditar

Em 1948, desembarcou no Brasil, Rio de Janeiro, a convite do professor Léon Walther com o objetivo de integrar no treinamento dos grupos que organizariam os serviços de psicotécnicas do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). O modelo adotado tinha como inspiração a orientação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), contendo adaptações para o trabalho comercial. Durante os nove anos seguintes, liderou a sessão de orientação e seleção profissional do Senac.  A convite de Helena Antipoff, abandona sua antiga posição e passa a ser Chefe do Consultório Psicopedagógico do Instituto Pestalozzi do Rio de Janeiro.

Em 1953, com Eva Nick, Weil focou sua atenção na psicologia social do trabalho, desenvolvendo estudos voltados para profissões e psicodiagnósticos. As pesquisas foram baseadas na biotipologia de Sheldon e Stevens, mas aplicada a um grupo de vendedores balconistas.

Em 1954, passou a focar seus estudos nas relações socais e lançou a primeira versão do livro “ABC das Relações Humanas”, a 2ª edição foi adaptada e recebeu o título de “Relações Humanas na Família e no Trabalho”, a adaptação chegou a ter mais de 50 edições.

Em 1955, aprofunda seus estudos na aplicação da psicologia ao trabalho e a sociedade, através do seu livro “ABC da Psicotécnica”, na qual introduz os fundamentos científicos da psicotécnica. Ainda no mesmo ano, Weil apresentou os resultados do seu estudo sobre o teste de inteligência não verbal, aplicado no território nacional, que sugeriam uma superioridade nas classes ricas e médias perante as classes pobres, mas mostravam uma diferença desprezível de inteligência entre os sexos, contrariando a ideia difundida na época de superioridade intelectual do gênero masculino.

Em 1958, convidado pelo então Banco da lavoura de Minas Gerais, organizou sistemas de recrutamento, seleção e treinamento de executivos e gerentes, utilizando práticas mais dinâmicas e introduzindo o psicodrama no Brasil. Durante esse período, Weil e alguns professores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) desenvolveram a técnica de “Desenvolvimento das Relações Humanas” (DRH), a partir do aperfeiçoamento das técnicas norte americanas de “Training Group”, criadas pelo National Training Laboratory in Group Development, nos Estados Unidos. Após 10 anos, passou a morar em Belo Horizonte, onde tornou-se chefe do Departamento de Orientação e Formação do Banco Real e professor da UFMG, onde atuou nas áreas de psicologia social, psicologia industrial e psicologia transpessoal.

Em 1972, casou-se com a professora de ioga Maria José Marinho e, juntos, fundaram a Instituto da Síntese Humana (SINTESE), que estudava os efeitos da Laya Yoga no comportamento humano e como poderia ser utilizado no auxílio da cura de enfermidades psicológicas, como depressões, ansiedade e angustias. Dirigiu uma pesquisa na UFMG sobre os efeitos da Laya Yoga em conjunto com sua esposa.

Em 1987, recebeu um convite do governador do distrito federal da época, José Aparecida, para que se mudasse para Brasília e conseguisse trabalhar de forma mais ativa na fundação da Universidade Holística Internacional da Paz (UNIPAZ). Passa a residir em Brasília, tornando-se Presidente da Fundação Cidade da Paz e Reitor da UNIPAZ, e torna-se cidadão honorário da cidade de Brasília, em 1988.

  1. Apostando em uma visão holística e transdisciplinar do conhecimento, Weil, através da UNIPAZ, conseguiu se dedicar exclusivamente a educação com o propósito de alcançar a paz, temas de suas conferências para a Unesco, em 1989, tendo sido agraciado com a menção honrosa do Prêmio de Educação para a Paz, em 2000, e foi indicado ao prêmio Nobel da paz em 2003.

Weil era um grande entusiasta pelo Brasil, sendo a cultura brasileira do abraço uma das coisas que mais o encantou.

UNIPAZEditar

A UNIPAZ, criada por Pierre Weil com o apoio monetário do Governador de Brasília, na época José Aparecida, é a união da Universidade Holística Internacional com a Fundação Cidade da Paz. Tem como proposito principal a busca pela paz e uma política contra a violência.

A UNIPAZ adota a transdisciplinaridade como forma de ensino, tendo sua metodologia baseada em três estágios: o de sensibilização, de formação e de pós-formação. Estas etapas envolvem pesquisas que buscam agir em função de uma ação reparadora daquilo que o ser humano danificou em si mesmo, no coletivo e no meio ambiente:

  1. A Paz consigo próprio (Ecologia e Consciência individuais), sobre os planos do corpo, das emoções e do espírito.
  2. A Paz com os outros (Ecologia e Consciência Sociais), sobre os planos da economia, da sociedade e política, e da cultura.
  3. A Paz com a natureza (Ecologia e Consciência do Universo), sobre os planos da matéria, da vida e da informação.

Pierre Weil estudou diversas doutrinas esotéricas que o auxiliaram na formação dos preceitos da UNIPAZ, sempre enfatizando a defesa da paz e harmonia entre os homens, e com o meio ambiente.

Além do Distrito Federal, a universidade tem campus na Bahia, no Ceará, no Paraná, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, em São Paulo, em Santa Catarina e no Rio Grande Sul. E em outros países: França, Argentina, Israel, Bélgica e Inglaterra.

Fim da vidaEditar

Permaneceu como reitor da UNIPAZ e ministrando palestras até o fim da vida. Faleceu no dia 09de outubro de 2008, aos 84 anos. O corpo de Pierre Weil foi velado por parentes e amigos em Brasília, na própria UNIPAZ.

ContribuiçõesEditar

  • Foi o primeiro a difundir o psicodrama no Brasil, utilizando-o como método e referência teórica, abrindo as portas para que fosse conhecido e reconhecido além do universo clínico não só na teoria, mas também na prática do universo empresarial.
  • A partir do aperfeiçoamento das técnicas norte americanas, fez parte da criação de uma técnica denominada Desenvolvimento das Relações Humanas – DRH.
  • Em 1966, criou um novo tipo de Psicodrama, o Psicodrama da Esfinge, que foi apresentado no Congresso de psicodrama de Barcelona no mesmo ano. Anne Ancelin, encantada com o método, aconselhou-o a apresentar o trabalho na Universidade de Paris, onde recebeu a menção honrosa no título de Doutor em Psicologia.

TeoriaEditar

Pierre Weil, através da UNIPAZ, tinha como objetivo fazer a integração entre movimentos esotéricos e alternativos com a ciência convencional. As sabedorias ancestrais tinham forte influência no pensamento de Weil. Em seu livro “A arte de viver em paz”, ele faz esse conhecimento antigo transitar entre as bases contemporâneas, permitindo que exista uma relação de troca entre as tradições espirituais, filosofia, arte e ciência, sendo assim possível alcançar um equilíbrio. Pierre chamou das três ecologias básicas a única forma de alcançar esse equilíbrio, as ecologias individual, social e ambiental.

Ademais, Weil desenvolveu uma metodologia, holologia, conhecimento teórico, e da holopráxis, conhecimento prático, que tinha como objetivo auxiliar nas metamorfoses pessoais e profissionais, sempre com foco para as mudanças de paradigma que auxiliam no desenvolvimento de uma cultura de paz. No pensamento holístico, o indivíduo, a sociedade e a natureza vivem em harmonia, em um conjunto inseparável, por isso o interesse de Weil nessa área de conhecimento.

ObrasEditar

  1. ABC das Relações Humanas – Ed. Nacional – São Paulo (1954).
  2. ABC das Psicotécnicas – Ed. Nacional – São Paulo (1955).
  3. Manual de Psicologia Aplicada – Itatiaia – Belo Horizonte (1967).
  4. Dinâmica de Grupo e Desenvolvimento em Relações Humanas - Itatiaia – (1967) (com Arme Ancelin Sohutzenberger– Célio Garcia o outros).
  5. A Revolução Silenciosa – Autobiografia Pessoal e Transpessoal – São Paulo (1983).
  6. Sementes para uma Nova Era – Ed. Vozes – Petrópolis (1984).
  7. A Neurose do Paraíso Perdido – Ed. Espaço e Tempo – Dist. Vozes – Rio de Janeiro (1987).
  8. O Novo Vocabulário Holístico – Espaço e Tempo – CEPA Dist. Vozes – Rio de Janeiro (1987) 2ª. Edição.
  9. Ondas a Procura do Mar – Rio de Janeiro (1987).
  10. A Palha e a Trava – Ed. vozes -Rio de Janeiro (1989).
  11. Relações Humanas na Família e no Trabalho – Ed. Vozes Petrópolis (1971) 25ª. Edição.
  12. O Potencial da Inteligência do Brasileiro (Com Eva Nick) CEPA – Rio de Janeiro (1971).
  13. Liderança, Tensões, Evoluções – Itatiaia – Belo Horizonte (1972).
  14. A Consciência Cósmica – Introdução à Psicologia Transpessoal Ed. Vozes – Petrópolis (1972) 2ª. Edição.
  15. Esfinge: Estrutura e Mistério do Homem – Itatiaia (1977).
  16. A Mística do Sexo – Itatiaia – Belo Horizonte (1976).
  17. Fronteiras da Regressão – Ed. Vozes – Petrópolis (1976).
  18. Psicodrama Triádico (com Anne A. Schutzenbergr) Interlivros (1976)
  19. Sua Vida, Seu Futuro – Ed. Vozes – Petrópolis (1979) 10ª. Edição.
  20. Amar e Ser Amado – Ed. Vozes – Petrópolis (1979) 20ª. Edição
  21. O Psicodrama – CEPA – Rio de Janeiro (1979) 2ª. Edição.
  22. A Criança, o Lar, a Escola – Ed. Vozes – Petrópolis (1979) 20ª. Edição.
  23. Fronteiras da Evolução e da Morte – Ed. Vozes – Petrópolis (1979).
  24. Pequeno Tratado de Psicologia Transpessoal em Colaboração com outros – Ed. Vozes (1979) 5º. Volume.
  25. Holística – Uma Nova Visão do Real – Palas Athenas – São Paulo (1990)
  26. A Arte de Viver em Paz – Ed. Gente – São Paulo (1990)
  27. Organizações e Tecnologia para o Terceiro Milênio – A Nova Cultura
  28. Organizacional Holística– Ed. Rosa dos Tempos – Rio de janeiro (1991) 2ª Edição.
  29. Antologia do Êxtase – Ed. Palas Atenas – São Paulo (1992).
  30. O Último Porquê – Ed. vozes (1989) – 3ª.Edição (1992).
  31. A Nova Ética – Ed. Rosa dos Tempos – Rio de Janeiro (1993).
  32. Rumo à Nova Transdisciplinaridade em colaboração (com Ubiratan D’Ambrósio e Roberto Crema) – Ed. Summus – São Paulo (1993).
  33. A Morte da Morte – Ed. Gente – São Paulo (1995).
  34. Mudança de Sentido e Sentido da Mudança – Ed. Rosa dos Tempos – Rio de Janeiro (2000)
  35. Novas Ideias para Novos Tempos – Ed. Rosa do Tempos – Rio de Janeiro.
  36. A Lágrima da Compaixão – Ed. Pensamento – São Paulo (2000).
  37. A Arte de Viver a Vida (2011)
  38. Mudança de Sentido e Sentido da Mudança (2000)
  39. O Fim da Guerra dos Sexos (2002)
  40. O Corpo Fala (Com Roland Tompakow) – Ed. Vozes Petrópolis (2015) 74ª.

Cronologia biográficaEditar

1924: Pierre Weil nasce em Estrasburgo, França.

1949: Torna-se chefe da Seção de Orientação e Seleção Profissional do Departamento Nacional do Senac.

1958: Mudou-se para Belo Horizonte.

1987: Mudou-se para Brasilia, tornou-se presidente da Fundação Cidade da Paz e reitor da UNIPAZ.

1972: Casou-se com Maria José Marinho.

1998: Torna-se cidadão honorário de Brasília.

2008: Faleceu em Brasília.

Ver tambémEditar

ReferênciasEditar

  1. CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Morre em Brasília o fundador da Unipaz Pierre Weil. Brasilia, 18 out. 2008.
  2. DOC. Pierre Wei. Produção de Lia Tavares. Roteiro: Lia Tavares, Lydia Rebouças, Cristina Peliano. Minas Gerais: Tv Supren, 2013. (18 min.), son., color.
  3. KLADI, V. M. Pierre Weil e o psicodrama no Brasil. Revista Brasileira de Psicodrama, São Paulo, v. 17, n. 1, 2009.
  4. MISSA de sétimo dia pela morte de Pierre Weil será celebrada hoje. UFMG. Minas Gerais. 16 out. 2008.
  5. PSICOLOGIA: CIÊNCIA E PROFISSÃO. Brasilia: v. 25, n. 4, 2005. Trimestral.
  6. UNIPAZ. Pierre Weil (1924-2008): ESCRITOR, EDUCADOR E PSICÓLOGO. Brasilia, p. 1-1.
  7. WEIL, Pierre; TOMPAKOW, Roland. O corpo Fala: a linguagem silenciosa da comunicação não-verbal. 54. ed. Vozes, 2000. 154 p.

Links externosEditar

AutoriaEditar

Verbete criado inicialmente por: Julia Hatsue Ribeiro Osawa de Sousa, como exigência parcial para a disciplina de Psicologia e História Social do Trabalho da UFF de Rio das Ostras. Criado em 2021.1, publicado em 2021.1