Hospital Colônia de Rio Bonito: mudanças entre as edições

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O Hospital Colônia de Rio Bonito, localizado na área rural do município de Rio Bonito, foi inaugurado em 25 de abril 1967, por iniciativa privada, e desativado em 12 de abril de 2016, por iniciativa do poder público. Tratava-se de um hospital psiquiátrico privado - cujo proprietária era Nelson Cid Loureiro - e conveniado ao SUS, exercendo atividades em caráter complementar aos serviços públicos e que recebeu recursos públicos obtidos através do pagamento de Autorizações de Internação Hospitalar – AIHs. Foi considerado, no ano de 2010, o maior manicômio do estado do Rio de Janeiro.
O Hospital Colônia de Rio Bonito, localizado na área rural do município de Rio Bonito, foi inaugurado em 25 de abril 1967, por iniciativa privada, e desativado em 12 de abril de 2016, por iniciativa do poder público. Tratava-se de um hospital psiquiátrico privado cujo proprietária era Nelson Cid Loureiro e conveniado ao SUS, exercendo atividades em caráter complementar aos serviços públicos e que recebeu recursos públicos obtidos através do pagamento de Autorizações de Internação Hospitalar – AIHs. Foi considerado, no ano de 2010, o maior manicômio do estado do Rio de Janeiro.


==História==
==História==
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Sua criação fez parte de um movimento de trazer para as cidades menores, do interior, para as áreas rurais, os pacientes psiquiátricos sem perspectiva de alta, com longo tempo de internação e sem vínculos familiares. Nesses grandes hospitais, haveria a possibilidade de atividades laborativas relacionadas à plantação e criação de animais. Havia também a intenção de afastar das metrópoles essa população considerada "indesejada". As colônias seriam, então, a última parada e abrigo para estas pessoas.  
Sua criação fez parte de um movimento de trazer para as cidades menores, do interior, para as áreas rurais, os pacientes psiquiátricos sem perspectiva de alta, com longo tempo de internação e sem vínculos familiares. Nesses grandes hospitais, haveria a possibilidade de atividades laborativas relacionadas à plantação e criação de animais. Havia também a intenção de afastar das metrópoles essa população considerada "indesejada". As colônias seriam, então, a última parada e abrigo para estas pessoas.  


Houveram casos de internações geradas após turbulentas separações conjugais, nas quais, diante da situação de ciúmes, algumas esposas foram internadas por seus maridos. Andarilhos, que se envolvendo em qualquer briga ou situação estranha à rotina da cidade, também eram encaminhados ao hospital, assim como casos de uso abusivo de álcool e de drogas. Casos de retardo mental, deficiências físicas, eram levados muitas vezes pelos próprios familiares, para “tratamento” no hospital. Todo esse cenário resultou na quebra de relações familiares e sociais, além de uma trajetória, tal qual aos demais manicômios, não de vida, saídas, novas possibilidades, renovações, mas antes marcada por uma improdutividade.
Houveram casos de internações geradas após turbulentas separações conjugais, nas quais, diante da situação de ciúmes, algumas esposas foram internadas por seus maridos. Andarilhos, que se envolvendo em qualquer briga ou situação estranha à rotina da cidade, também eram encaminhados ao hospital, assim como casos de uso abusivo de álcool e de drogas. Casos de retardo mental, deficiências físicas, eram levados muitas vezes pelos próprios familiares, para tratamento no hospital. Todo esse cenário resultou na quebra de relações familiares e sociais, além de uma trajetória, tal qual aos demais manicômios, não de vida, saídas, novas possibilidades, renovações, mas antes marcada por uma improdutividade.


O hospital possuía pavilhões femininos e masculinos, e atendeu desde dependentes químicos até psicopatas graves, diversos casos de distúrbio mental e, inclusive, desvios agressivos de comportamento.
O hospital possuía pavilhões femininos e masculinos, e atendeu desde dependentes químicos até psicopatas graves, diversos casos de distúrbio mental e, inclusive, desvios agressivos de comportamento.
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==Críticas==
==Críticas==
Desativar um manicômio tão tradicional e com tanta importância social e econômica para uma região é fruto da vitória inicial da política antimanicomial que busca acabar com o modelo de internação asilar/carcerário que ao longo dos anos não mostrou efetividade quanto à reabilitação e reinserção social das pessoas portadoras de transtornos mentais e nem mesmo este era o objetivo do tratamento em manicômios. Na ação promovida pelo  Ministério Público e movimentação das equipes de saúde que lutaram pelo fechamento do HCRB estava nítida  perspectiva oriunda da reforma psiquiátrica que visa a substituição dos hospitais psiquiátricos pelo modelo baseado na excepcionalidade da internação e na prevalência de assistência extra-hospitalar, priorizando o atendimento em Centros de Atenção Psicológica e Social - CAPS e a desinstitucionalização dos pacientes de longa permanência, por meio de projeto terapêutico voltado para a reinserção social.
O fechamento do Hospital Colônia de Rio Bonito é considerado uma conquista do [[Movimento Antimanicomial|movimento antimanicomial]], que busca combater o dito modelo de internação asilar/carcerário na saúde mental, afirmando que tal modelo seria ineficiente quanto à reabilitação e reinserção social das pessoas portadoras de transtornos mentais, ademais, que sequer mesmo esses seriam o objetivos dos tratamento em manicômios. A ação promovida pelo Ministério Público e a movimentação das equipes de saúde que lutaram pelo fechamento do HCRB marcam uma nova perspectiva oriunda da reforma psiquiátrica, que visa a substituição dos hospitais psiquiátricos pelo modelo baseado na excepcionalidade da internação e na prevalência de assistência extra-hospitalar, priorizando o atendimento em Centros de Atenção Psicológica e Social CAPS e a desinstitucionalização dos pacientes de longa permanência, por meio de projeto terapêutico voltado para a reinserção social.  
 
Entretanto, cabe questionar se o mesmo poder público agora terá eficiência para cobrar e dar suporte em saúde, suporte econômico e social para os pacientes e suas famílias e para que os serviços extra-hospitalares de saúde mental também não funcionem de forma precarizada. Pois o atendimento e acompanhamento  com eficiência e qualidade nos CAPS e nas Residências Terapêuticas é essencial para que a política antimanicomial tenha efetividade e adesão da população em geral assim como tem adesão da maioria dos intelectuais e militantes da saúde mental.  
 
Pois quando um morador é admitido em uma residência, é o começo de um longo processo de reabilitação que visa a sua inclusão social e emancipação pessoal. As situações de retorno de pacientes institucionalizados para suas casas também é um processo de reinserção social e pode gerar dificuldades familiares e comunitárias demandando uma necessidade de intenso trabalho junto às famílias e à comunidade. Na verdade o modelo antimanicomial exige um esforço maior de acompanhamento do poder público a estes pacientes e demanda investimento nos serviços públicos e nos profissionais (melhor formação e condições de trabalho). A questão é saber se agora o poder público está trabalhando para promover que tais pacientes estejam desenvolvendo qualidade de vida melhor do que de quando estavam internados.


==Ver também==
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