Maria Lúcia da Silva: mudanças entre as edições

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Maria Lucia da Silva, nasceu em Mirassol, São Paulo em 15 de Abril 1949, conhecida no ativismo como Lucinha, é uma psicóloga, psicanalista e psicoterapeuta brasileira, co-fundadora do [http://www.ammapsique.org.br/ Instituto AMMA - Psique e Negritude], coordenadora da Articulação Nacional de Psicólogas(os) Negras(os) e Pesquisadoras(es) do Brasil e Empreendedora Social ASHOKA- Empreendimento Social, desde 2005.
Maria Lucia da Silva nasceu em Mirassol, São Paulo, em 15 de abril 1949. Conhecida no ativismo como "Lucinha", é uma psicóloga, psicanalista e psicoterapeuta brasileira, co-fundadora do [http://www.ammapsique.org.br/ Instituto AMMA - Psique e Negritude], coordenadora da Articulação Nacional de Psicólogas(os) Negras(os) e Pesquisadoras(es) do Brasil e Empreendedora Social ASHOKA- Empreendimento Social, desde 2005.
==Biografia==
==Biografia==
===Vida pessoal===
===Vida pessoal===
Maria Lucia da Silva, nasceu no dia 15 de abril de 1949, na cidade de Mirassol, interior de São Paulo. Sua mãe Jordelina Maria de Souza, afro-indígena e seu pai, Antônio Francisco da Silva, benzedor que perdeu a visão aos 17 anos.
Maria Lúcia da Silva nasceu no dia 15 de abril de 1949, na cidade de Mirassol, interior de São Paulo. Sua mãe Jordelina Maria de Souza é afro-indígena, e seu pai, Antônio Francisco da Silva, benzedor que perdeu a visão aos 17 anos.


Logo após seu nascimento, entre o 5º e 9º mês de vida, Maria Lúcia ficou doente, e perdeu os movimentos do corpo, sua família era muito religiosa e fez diversas promessas para que ela se recuperasse. Tendo se recuperado, ao completar 3 anos foi feita uma procissão para pagar as promessas. Foi também aos 3 anos que ela se mudou para São Paulo, Capital com a sua família.  
Logo após seu nascimento, entre o 5º e 9º mês de vida, Maria Lúcia ficou doente e perdeu os movimentos do corpo. Sua família era muito religiosa e fez diversas promessas para que ela se recuperasse. Tendo se recuperado, ao completar 3 anos foi feita uma procissão para pagar as promessas. Foi também aos 3 anos que ela se mudou para São Paulo com a sua família.  


Seu primeiro trabalho foi aos 6 anos quando ia com sua tia-avó e outras crianças do cortiço que moravam ajudar na limpeza de uma boate. Aos 8 anos, durante as férias, ela teve sua segunda experiência de serviço, trabalhou durante 30 dias, na casa de uma senhora, facções como eram chamadas na época, ajudando-a a costurar.
Seu primeiro trabalho foi aos 6 anos, quando ia com sua tia-avó e outras crianças do cortiço que moravam ajudar na limpeza de uma boate. Aos 8 anos, durante as férias, ela teve sua segunda experiência de serviço, trabalhando durante 30 dias na casa de uma senhora ajudando-a a costurar (facções, como eram chamadas na época).


Em 25 de Dezembro de 2007 comemorando o Natal com sua família ela se sentiu mal e foi ao hospital, os médicos disseram que ela tinha uma pneumonia, mas não deram um diagnóstico. Após 20 dias, um pneumologista disse que ela estava com os pulmões cheios de sangue. Maria Lúcia foi internada no mesmo dia e passou 30 dias no hospital, pois ainda não havia uma identificação de qual doença ela tinha, após esse tempo foi diagnosticada com vasculite, uma doença autoimune.
Em 25 de dezembro de 2007, durante uma comemoração de Natal com sua família, Maria Lúcia se sentiu mal e foi ao hospital. Os médicos disseram que ela tinha uma pneumonia, mas não apresentaram o diagnóstico. Após 20 dias, um pneumologista disse que ela estava com os pulmões cheios de sangue. Maria Lúcia foi internada no mesmo dia e passou mais 30 dias no hospital, pois ainda não havia uma identificação de qual doença possuía. Após esse tempo, foi diagnosticada com vasculite, uma doença autoimune.
===Contato com o ativismo===
===Contato com o ativismo===
Na década de 1970 Maria Lúcia, trabalhou como auxiliar de escritório em um metro, foi nessa mesma época que ela foi abordada no metro, por dois ativistas negros para falar sobre o racismo e a partir deste momento ela inicia sua jornada no ativismo.
Na década de 1970, Maria Lúcia trabalhou como auxiliar de escritório em um metrô, e foi nessa mesma época que ela foi abordada no metrô por dois ativistas negros para falar sobre o racismo. a partir deste momento, ela inicia sua jornada no ativismo.


No ano de 1976, Maria Lúcia em parceria com outros ativistas negros reabrem uma organização chamada Centro de Cultura e Arte Negra, o CECAM, assim, começa a participar ativamente dos movimentos negros. É dentro desta instituição que surge o Festival Comunitário Negro Zumbi, e é partir desse momento que ela passa a atuar ativamente no ativismo. Entretanto, no ano de 1982, os participantes do Centro de Cultura e Arte Negra decidem fechar a organização.
No ano de 1976, Maria Lúcia, em parceria com outros ativistas negros, reabrem uma organização chamada Centro de Cultura e Arte Negra, o CECAM, assim, começa a participar ativamente dos movimentos negros. É dentro dessa instituição que surge o Festival Comunitário Negro Zumbi, e é partir desse momento que ela passa a atuar ativamente no ativismo. Entretanto, no ano de 1982, os participantes do Centro de Cultura e Arte Negra decidem fechar a organização.
===Carreira acadêmica===
===Carreira acadêmica===
No começo de 1980 ela ingressa no curso de Psicologia na Faculdade Paulistana, em São Paulo. E em 1985, Maria Lucia da Silva se formou psicóloga e foi nesse mesmo ano que começou a atuar na área clínica. A psicóloga se especializou em Saúde Coletiva no Instituto de Saúde da Secretaria do Estado de São Paulo em 1987 e de 1994 a 1997 se especializou em dinâmica energética do psiquismo.
No começo de 1980, Maria Lúcia ingressa no curso de Psicologia na Faculdade Paulistana, em São Paulo. Em 1985, ela conclui a graduação e começa a atuar na área clínica. A psicóloga se especializou em Saúde Coletiva no Instituto de Saúde da Secretaria do Estado de São Paulo em 1987, e de 1994 a 1997 se especializou em dinâmica energética do psiquismo.


Maria Lúcia participou de alguns cursos, na área da psicanálise os principais são  Narcisismo, alteridade e Grupo Operativo - Instituto de Psicologia-USP Conflito e Sintoma: Instituto Sedes Sapientiae A psique da criança  - Casa do Saber, além de participar do curso internacional nos Estados Unidos Treinamento para facilitadora de grupo (National Black Women Health Project, Atlanta/Geórgia e Nova York).
Maria Lúcia também participou de alguns cursos. Na área da psicanálise, os principais são:  Narcisismo, alteridade e Grupo Operativo - Instituto de Psicologia-USP; Conflito e Sintoma: Instituto Sedes Sapientiae; A psique da criança  - Casa do Saber, além de participar do curso internacional nos Estados Unidos de treinamento para facilitadora de grupo (National Black Women Health Project, Atlanta/Geórgia e Nova York).


A psicóloga também participou do I Encontro Nacional de Psicólogos(as) Negros(as) e Pesquisadores(as) sobre Relações Raciais e Subjetividade no Brasil (PSINEP), em São Paulo  como coordenadora geral e palestrante no V Congresso Brasileiro das DST e AIDS (MG) e III Conferência Nacional de Saúde Mental.
A psicóloga também participou do I Encontro Nacional de Psicólogos(as) Negros(as) e Pesquisadores(as) sobre Relações Raciais e Subjetividade no Brasil (PSINEP), em São Paulo, e como coordenadora geral e palestrante no V Congresso Brasileiro das DST e AIDS (MG) e III Conferência Nacional de Saúde Mental.


No ano de 2008, Lucinha ingressou no Instituto SEDES Sapientiae para cursar ‘conflito-sintoma’, entretanto, em 2010, ela foi a trabalho para Salvador, Bahia, e ficou na cidade por 4 meses e por isso não concluiu o curso.
No ano de 2008, Lucinha ingressou no Instituto SEDES Sapientiae para cursar ‘conflito-sintoma’. Entretanto, em 2010, ela foi a trabalho para Salvador, Bahia, onde residiu por por 4 meses e por isso não conseguiu concluir o curso.
===Participação política===
===Participação política===
Com o fim da ditadura e as primeiras eleições diretas é criado do Conselho Estadual da Condição feminina, no estado de São Paulo, e em 1986 é criado dentro do Conselho uma comissão de mulheres negras, no qual ela passa atuar no desenvolvimento de trabalhos e discussões do impacto da combinação de gênero e racismo na vida de mulheres negras.
Com o fim da ditadura e as primeiras eleições diretas, é criado o Conselho Estadual da Condição feminina, no Estado de São Paulo, e em 1986 é criado dentro do Conselho uma comissão de mulheres negras, na qual ela passa atuar no desenvolvimento de trabalhos e discussões do impacto da combinação de gênero e racismo na vida de mulheres negras.


Em 2001, a Comissão Nacional dos Direitos Humanos, do Conselho Federal de Psicologia, convidou três psicólogas negras para uma conversa com a comissão sobre a importância de uma campanha com os profissionais de psicologia para incluir a escuta sobre os efeitos do racismo no CFP.
Em 2001, a Comissão Nacional dos Direitos Humanos, do Conselho Federal de Psicologia (CFP), convidou três psicólogas negras para uma conversa com a comissão sobre a importância de uma campanha com os profissionais de psicologia para incluir a escuta sobre os efeitos do racismo no CFP.
===Criação dos institutos===
===Criação dos institutos===
Ao encerrar sua participação na Comissão de mulheres negras, a psicóloga, se reuniu e com Solimar Carneiro, Edna Roland, Sueli Carneiro, Nilza Iraci, Ana Lucia Xavier Teixeira e fundaram em 30 de Setembro de 1988 a ONG [https://www.geledes.org.br/ Geledés- Instituto da Mulher Negra], da qual, Lucinha foi presidente de 1988 a 1994. Por meio do Geledés ela conhece uma fundação Americana chamada Projeto Nacional de Saúde das Mulheres Negras, por meio de um investimento ela vai para Atlanta conhecer a sede do projeto e participar de um encontro de 3 dias com cerca de 200 mulheres negras. Esse encontro ocorreu em Dahlonega, Estados Unidos.  
Ao encerrar sua participação na Comissão de mulheres negras, a psicóloga se reuniu com Solimar Carneiro, Edna Roland, Sueli Carneiro, Nilza Iraci, Ana Lucia Xavier Teixeira e fundaram em 30 de Setembro de 1988 a ONG [https://www.geledes.org.br/ Geledés- Instituto da Mulher Negra], da qual Lucinha foi presidente de 1988 a 1994. Por meio do Geledés, conheceu uma fundação americana chamada Projeto Nacional de Saúde das Mulheres Negras. Através de um investimento, ela vai para Atlanta conhecer a sede do projeto e participar de um encontro de 3 dias com cerca de 200 mulheres negras. Esse encontro ocorreu em Dahlonega, Estados Unidos.  


Quando Maria Lúcia, retorna de sua viagem de 15 dias, aos Estados Unidos da América, ela cria um projeto chamado Construindo nossa Cumplicidade, que durou 3 anos, esse projeto consistia em dinâmicas de grupo com encontros quinzenais, com intuito de que as mulheres que participavam pudessem compartilhar suas vivências e ter acompanhamento psicológico.
Quando Maria Lúcia retorna de sua viagem de 15 dias aos Estados Unidos, ela cria um projeto chamado "Construindo nossa Cumplicidade", que durou 3 anos. esse projeto consistia em dinâmicas de grupo com encontros quinzenais, com o intuito de que as mulheres que participassem pudessem compartilhar suas vivências e ter acompanhamento psicológico.


No final do ano de 1994, saindo do consultório de sua supervisora de bioenergética Maria Lúcia encontra com uma psicóloga chamada Marilza de Souza e conversaram sobre a questão da psicologia negra e a partir desse momento elas começaram a pensar na construção de uma clínica voltada para o atendimento de pessoas negras. Depois de algum tempo amadurecendo a ideia, elas juntamente com Ana Maria e Silvia de Souza fundaram em setembro de 1995 o [http://www.ammapsique.org.br/ Instituto AMMA- Psique e Negritude] com o objetivo de pensar o racismo e a psicologia. Foi Presidente do Instituto no período de 2008 a 2011 e depois de 2016 a 2019. No final de 2019 deixou a presidência e se tornou conselheira do Instituto
No final do ano de 1994, saindo do consultório de sua supervisora de bioenergética, Maria Lúcia encontra uma psicóloga chamada Marilza de Souza e conversam sobre a questão da psicologia negra. A partir desse momento, ambas começaram a pensar na construção de uma clínica voltada para o atendimento de pessoas negras. Depois de algum tempo amadurecendo a ideia, elas, juntamente com Ana Maria e Silvia de Souza, fundaram em setembro de 1995 o [http://www.ammapsique.org.br/ Instituto AMMA- Psique e Negritude] com o objetivo de pensar o racismo e a psicologia. Lucinha foi presidente do Instituto no período de 2008 a 2011 e depois de 2016 a 2019. No final de 2019, deixou a presidência e se tornou conselheira do Instituto.
===Atualmente===
===Atualmente===
Atualmente Maria Lúcia continua trabalhando como psicanalista na área clínica, é conselheira do [http://www.ammapsique.org.br/ Instituto AMMA- Psique e Negritude] e coordenadora da Articulação Nacional de Psicólogas(os) Negras(os) e Pesquisadoras(es) do Brasil
Atualmente, Maria Lúcia continua trabalhando como psicanalista na área clínica, é conselheira do [http://www.ammapsique.org.br/ Instituto AMMA- Psique e Negritude] e coordenadora da Articulação Nacional de Psicólogas(os) Negras(os) e Pesquisadoras(es) do Brasil.
==Contribuições==
==Contribuições==
Maria Lúcia é psicóloga, psicanalista e psicoterapeuta, especialista em trabalhos com recorte de gênero e raça e a questão da negritude e do racismo dentro da psicologia. Todo seu trabalho é voltado para um debate crítico da visão psicanalítica sobre racismo, vidas negras em meio ao social, sentimentos e vontades dessas pessoas. Com o objetivo de ajudar pessoas negras a se encaixarem neste mundo levando em conta não só suas vivências, mas também o quanto causos como o preconceito racial podem interferir em seus pensamentos ou visão sobre si mesmo.  
Maria Lúcia é psicóloga, psicanalista e psicoterapeuta, especialista em trabalhos com recorte de gênero e raça e a questão da negritude e do racismo dentro da psicologia. Todo seu trabalho é voltado para um debate crítico da visão psicanalítica sobre racismo, vidas negras em meio ao social, sentimentos e vontades dessas pessoas. Assim, sua obra tem como objetivo ajudar pessoas negras a se encaixarem neste mundo, levando em conta não só suas vivências, mas também o quanto causos como o preconceito racial podem interferir em seus pensamentos ou visões sobre si mesmo.  


Sendo de grande contribuição sua proposta de trabalho para o mundo e em questão o Brasil, o segundo país com mais negros fora do continente africano, tendo mais de 52% da população racializada e mesmo assim ainda possuem um sistema e padrões aos quais excluem constantemente a participação dessas pessoas.  
Sendo de grande contribuição sua proposta de trabalho para o mundo e em questão o Brasil, o segundo país com mais negros fora do continente africano, tendo mais de 52% da população racializada e mesmo assim ainda possuem um sistema e padrões aos quais excluem constantemente a participação dessas pessoas.