O caso Amílcar Lobo: mudanças entre as edições
→Repercussões do caso e consequências para a psicanálise brasileira
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Motivado pela morte do pai, também médico, que foi acometido por um infarto, Amílcar buscou ser médico, estudou e se tornou médico pela Universidade Nacional de Medicina. Ladeado à sua formação como médico, temos os estudos na Sociedade Psicanalitica do Rio de Janeiro (SPRJ), onde teve sua análise pessoal e suas aulas. | Motivado pela morte do pai, também médico, que foi acometido por um infarto, Amílcar buscou ser médico, estudou e se tornou médico pela Universidade Nacional de Medicina. Ladeado à sua formação como médico, temos os estudos na Sociedade Psicanalitica do Rio de Janeiro (SPRJ), onde teve sua análise pessoal e suas aulas. | ||
Amílcar se inscreveu na SPRJ em 1968 e permaneceu lá até sua renúncia voluntária em 1973. Ficou distante da Sociedade até o ano de 1976, quando já havia saído do Exército | Amílcar se inscreveu na SPRJ em 1968 e permaneceu lá até sua renúncia voluntária em 1973. Ficou distante da Sociedade até o ano de 1976, quando já havia saído do Exército. Quando regressou à ela, entretanto, teve muita dificuldade: nenhum analista queria tê-lo em análise, o que acarretou em seu desligamento da Sociedade em 1980. Por conseguinte não se formou na Sociedade, não podendo exercer a atividade de psicanalista. | ||
=== Trabalho no Exército === | === Trabalho no Exército === | ||
Após a sua formação em medicina começou a trabalhar para o Exército, onde atingiu a patente de segundo-tenente médico, a partir dos anos 1970 até 1974, durante esse período trabalhou para o 1° Batalhão da Polícia do Exército e no DOI-CODI. Durante os seus anos no Exército acompanhou de perto as sessões de tortura, tendo contato com as vítimas antes, durante e depois das torturas e seu trabalho era garantir que os torturados poderiam | Após a sua formação em medicina começou a trabalhar para o Exército, onde atingiu a patente de segundo-tenente médico, a partir dos anos 1970 até 1974, durante esse período trabalhou para o 1° Batalhão da Polícia do Exército e no DOI-CODI. Durante os seus anos no Exército acompanhou de perto as sessões de tortura, tendo contato com as vítimas antes, durante e depois das torturas e seu trabalho era garantir que os torturados poderiam resistir mais. | ||
== Denúncia == | == Denúncia == | ||
Em 1973 Helena Besserman Vianna (que já era formada pela Sociedade de Psicanálise do Rio de Janeiro-SPRJ) denunciou os atos de Lobo para o jornal a Voz Operária do Partido Comunista, porém essa denúncia foi publicada pelo jornal argentino ''Cuestionamos,'' após isso foi enviada uma carta pela Associação Psicanalítica da América Latina e outra do IPA direcionada ao presidente da SPRJ, Dr. Leão Cabernite, | Em 1973 Helena Besserman Vianna (que já era formada pela Sociedade de Psicanálise do Rio de Janeiro-SPRJ) denunciou os atos de Lobo para o jornal a Voz Operária, do Partido Comunista, porém essa denúncia foi publicada pelo jornal argentino ''Cuestionamos,'' após isso foi enviada uma carta pela Associação Psicanalítica da América Latina e outra do IPA direcionada ao presidente da SPRJ, Dr. Leão Cabernite, solicitada uma resposta sobre o candidato a analista pela Sociedade. Leão era também analista de Amílcar. A Sociedade reconheceu Amílcar apenas como médico do Exército, não um torturador ativo. A SPRJ criou por isso uma investigação para saber quem foi que fez a denúncia, a nota de denúncia foi submetida a um exame grafotécnico, onde se constatou que a autora era de fato Helena Besserman. Lobo foi afastado em 1973 da SPRJ e em 1974 do exército. | ||
== Repercussões do caso e consequências para a psicanálise brasileira == | == Repercussões do caso e consequências para a psicanálise brasileira == | ||
Após a repercussão do seu caso, Lobo ficou até 1980 na SPRJ, porém nenhum analista quis aceitá-lo até 1980 quando ele foi desligado da Sociedade | Após a repercussão do seu caso, Lobo ficou até 1980 na SPRJ, porém nenhum analista quis aceitá-lo até 1980 quando ele foi desligado da Sociedade. Em 1988 o Conselho Regional de Medicina (CREMERJ) decidiu suspender o registro de Lobo na profissão. Um ano depois, o Conselho Federal de Medicina (CFM) fez o mesmo. Como consequência das denúncias Hélio Pellegrino e Eduardo Mascarenhas, dois membros da SPRJ foram expulsos por terem denunciado Lobo e em 2000 Helena Besserman, que havia feito a primeira denúncia renuncia publicamente, em um evento de psicanálise em Paris, dos seus cargos na SBPRJ e na IPA (Associação Internacional de Psicanálise). Além disso criou-se um debate na psicanálise brasileira sobre os limites da apoliticidade na psicanálise, e dos papéis de um médico, já que esse foi um dos argumentos utilizados para defender Lobo. | ||
== Cronologia biográfica == | == Cronologia biográfica == | ||
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1969: Forma-se em Medicina | 1969: Forma-se em Medicina | ||
1970: Serve ao | 1970: Serve ao Exército no DOI-CODI | ||
1973: | 1973: Renúncia / afastamento da SPRJ | ||
1997: | 1997: Falece no Rio de Janeiro | ||
== Obras == | == Obras == |