Carl Rogers

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Carl Ransom Rogers (Illinois, 8 de janeiro de 1902 - Califórnia, 4 de fevereiro de 1987) foi um psicólogo clínico, psicoterapeuta e professor universitário norte-americano. Contribuiu para o desenvolvimento da Psicologia Humanista, também conhecida como Terceira Força da Psicologia, e ficou famoso pela sua nova abordagem, a Terapia Centrada no Cliente.

BiografiaEditar

Carl Ransom Rogers nasceu no dia 8 de janeiro de 1902, em Oak Park, Illinois, e faleceu em 4 de fevereiro de 1987, em La Jolla, Califórnia, por conta de uma fratura do colo do fêmur.

Oriundo de uma família intelectual, tendo quatro irmãos e uma irmã, com pais protestantes que valorizavam uma educação moral, religiosa e conservadora, Rogers desde cedo mostrou interesse pela leitura e pelos "saberes". Era um aluno excepcional e conciliava sua rotina de leitura de clássicos, a maioria de caráter religioso, com o trabalho da família.

Aos 12 anos de idade, mudou-se para uma fazenda aos arredores de Chicago, onde o pai comprara com a intenção de afastar os filhos dos "perigos da cidade". A partir dos trabalhos na agricultura da família, Carl Rogers se matricula no curso de Agronomia em 1919, na Universidade de Wisconsin. Ele se envolveu com diversas atividades comunitárias e, ao entrar em contato com os evangélicos militantes, decidiu mudar para o curso de história para se dedicar à carreira eclesiástica.

Enquanto ainda estava na faculdade, durante o terceiro ano, realizou uma viagem à China com o objetivo de participar do Congresso de Federação Mundial dos Estudantes Cristãos. Durante esses 6 meses na China, abandonou as convicções religiosas e se abriu às diversas ideias e opiniões. Ao retornar aos Estados Unidos, ganhou uma nova independência e autonomia diante das opiniões e posições religiosas da família.

Em 1924, Carl Rogers termina a licenciatura em história e se casa com Hellen Elliot, com quem teve dois filhos, David e Natalie. Após esse período, ingressou no Seminário de União Teológica em Nova Iorque, indo contra as convicções do pai, Walter Rogers, que ofereceu dinheiro para que se matriculasse no Seminário de Princeton por ter um viés mais conservador. Rogers recusou e permaneceu na instituição mais liberal.

No seu primeiro ano, Rogers frequentou alguns cursos na faculdade de psicologia, tendo contato com os psicólogos Goodwin Watson e William Kilpatrick. Juntamente a outros colegas, organizou um seminário de reflexão, no qual percebeu que não possuía vocação para o ministério pastoral. Desse modo, no segundo ano do curso, transferiu-se para o Teachers College, na Universidade de Columbia, com o objetivo de cursar psicologia clínica e psicopedagogia. Já em 1926, Rogers obteve uma vaga de interno no Instituto de Aconselhamento Infantil, recém criado pelo Fundo Comunitário de Nova Iorque. Após ter o seu salário reduzido pela metade, já que não era psiquiatra e sim psicólogo, começou seu primeiro conflito com a psiquiatria. Foi durante esse período que Rogers percebe uma ruptura com as duas forças da psicologia, o behaviorismo e a psicanálise.

Em 1928, completou o mestrado, e em 1931 o doutorado. Sua tese desenvolveu um teste de personalidade para crianças, ainda utilizado atualmente. Nesse momento, já atuava como psicólogo no Centro de Observação e Orientação Infantil da Sociedade para a Prevenção da Crueldade sobre as Crianças, em Rochester. Em 1929, foi diretor deste Centro, e durante 12 anos se interessou pelo trabalho com crianças consideradas delinquentes e marginais. Nesse ínterim, também se desamarrou das concepções acadêmicas e conceituais que havia no ensino e na prática da psicologia. Em 1935, começou a lecionar no Teachers College, porém apenas quando estava prestes a abandonar Rochester, após longos anos de ensino no departamento de sociologia e psicopedagogia, que o departamento de psicologia o reconheceria como psicólogo e docente.

Já em 1938, por pressão dos psiquiatras, o Centro em que trabalha se torna um Centro de aconselhamento. Desse modo, Rogers conseguiu ser reconhecido como o diretor do novo Centro. Em dezembro de 1940, nasce uma de suas principais teorias, a Terapia Centrada no Cliente, e em 1942 Carl Rogers se tornou vice-presidente da Associação Americana de Ortopsiquiatra e também presidente da Associação Americana de Psicologia Aplicada.

Durante os anos de 1945 a 1957, Carl Rogers publicou uma extensa bibliografia, e em 1956 se tornou Presidente da Academia Americana de Psicoterapeutas. Durante esses anos foi convidado por diversas universidades, entretanto, somente em 1957, após uma breve experiência, se instalou no Departamento das Ciências da Educação da Universidade de Wisconsin, atuando durante sete anos. A partir de 1972, Rogers se dedicou à intervenção e reflexão sobre os aspectos sociais e políticos, explorando a criatividade que os grupos de encontro oferecem.

Em 1985, em Rast, na Áustria, organizou um workshop com 50 líderes internacionais, com o objetivo de trabalhar de acordo com os modelos de grupos de encontro, atuando nas tensões problemáticas muito fortes na América Central. E durante seus últimos anos de vida, dedicou-se aos grandes workshops culturais na busca da paz.

ContribuiçõesEditar

As contribuições de Rogers se dão, sobretudo, na criação da Terapia Centrada no Cliente, como um dos iniciadores do movimento de grupos de encontro e como um dos fundadores da Psicologia Humanista.

A terapia Centrada no Cliente (ou Terapia Centrada na Pessoa) recebe esse nome devido ao fato de se compreender que o indivíduo que busca a terapia é plenamente capaz de decidir o rumo de sua vida. Pode também ser conhecida como Terapia Dirigida Pelo Cliente. Nessa abordagem, o terapeuta é visto como um facilitador, e o foco da terapia está no “impulso individual em direção ao crescimento, à saúde e ao ajustamento; na ênfase dada ao aspecto afetivo em detrimento do intelectual; ênfase dada à situação imediata ao invés do passado do indivíduo e, por fim, destaca-se o relacionamento terapêutico em si mesmo como uma experiência de crescimento”.

Os grupos de encontro dizem respeito aos trabalhos de grupo realizados por Rogers. Este tipo de trabalho foi impulsionado pelas experiências nos anos de 1950 e 1960 nos Estados Unidos, voltados para o campo religioso. Mais tarde, os grupos de encontro foram utilizados na área do trabalho. A originalidade de Rogers consistiu em caracterizar a dinâmica destes grupos e em formas de “desenvolver habilidades pessoais, de aconselhar pessoas, estimulá-las, ajudá-las e dar-lhes oportunidade para uma experiência pessoal intensa e pouco usual”.

De maneira geral, pode-se dizer que as contribuições de Rogers vão além da psicologia, tendo colaborado também na área de liderança na indústria (e também na área militar), na prática do serviço social, da enfermagem e da assistência religiosa.

TeoriaEditar

Carl Rogers desenvolveu uma nova abordagem fundamentada a partir das filosofias existencialista e personalista. Nela, ele ainda rompia com os métodos psicanalíticos e behavioristas, que eram hegemônicos a princípio. Essa abordagem foi chamada por ele de Terapia Centrada no Cliente, onde se apresenta uma visão holística, organísmica, ecológica e sistémica da pessoa. Na Terapia Centrada no Cliente, é o cliente quem guia e direciona o andamento da terapia, sendo apenas escutado sem nenhum direcionamento por parte do terapeuta, ou seja, essa é uma abordagem não diretiva.

Porém, os conceitos, princípios e atitudes do modelo terapêutico desenvolvido por ele foram se alargando e, com isso, se estendendo a outros campos e domínios das Ciências Sociais. Na década de 80, Rogers publicou “A way of being” e apresentou sua abordagem como um modelo eficaz em todas as relações humanas, como uma filosofia de vida que se estendia a todos os domínios do humano, sendo assim uma abordagem centrada na pessoa. Foi também a sua concepção de homem que o levou a elaborar a Terapia Centrada no Cliente, que depois virou Abordagem Centrada na Pessoa.

Em Rogers, a pessoa é permanente, mas também um processo contínuo, dinâmico e nunca estático, estando sempre em transformação e em movimento. Para se tornar pessoa, precisa se transformar naquilo que já se é, e não assumir aquilo que ainda não se é ou que quer ser. Ou seja, para ser autenticamente homem, deve-se ser o que se é. Para isso, deve se aceitar e aceitar a sua própria experiência. Aceitando a si e a sua própria experiência, torna-se possível aceitar os outros e as experiências dos outros, tornando também possível que os outros se aceitem. Porém, essa aceitação não acontece facilmente, mas quando acontece, nada sobrepõe a experiência e a autoridade dela, de tal forma que se torna o guia das nossas ações. Essa experiência é o modo que sentimos e o que sentimos.

Deve-se também se compreender e compreender os outros. A aceitação é a compreensão, que se dá a partir da empatia, do acolhimento, de se por disponível para escutar a ter uma consideração positiva incondicional. Para compreender, não se pode julgar e nem avaliar. Além disso, deve-se ainda ser congruente e crescer, realizando, aperfeiçoando, desenvolvendo e atualizando o que já somos. Ser congruente é ser aquilo que se é, ser a sua própria experiência, ser autêntico e exprimir as atitudes e sentimentos que lhe ocorrem. Para ser congruente, não deve haver máscaras, mas sim uma aproximação entre o eu real e o ideal. Então, para ser si mesmo é necessário que o eu cresça e se desenvolva, que caminhe em direção ao crescimento positivo e à maturação positiva.

Quando a pessoa alcança tudo exposto acima, se é então vida plena, ou good life. Ser vida plena é um processo, uma direção escolhida quando se é interiormente livre, o que acontece quando se tem coragem de ser. Sendo criativo, sendo livre, sendo congruente e sendo aberto à experiência, é possível ser ou ter a vida plena. Porém, a priori, somos todos fundamentalmente os mesmos em nossa profundidade do ser, podendo todos chegar até a ter a vida plena. E é por sermos os mesmos que sua teoria pode se estender a outros campos e domínios humanos, não apenas à psicoterapia.

CríticasEditar

Ao ler as obras e conceitos desenvolvidos por Carl Rogers, uma concepção que pode vir à mente é de que as ideias desenvolvidas por ele são muito simplistas. Além disso, muito se diz que as falas dele são bastante repetitivas, como se todos os conceitos fossem apenas sinônimos um do outro, querendo chegar a tese central que é o fato de que nos tornamos pessoas. Muito se fala também de uma certa confusão de planos que dificulta a compreensão de uma sequência coerente, lógica e articulada de tudo que ele desenvolveu em sua teoria, visto que são ideias que se ligam. Nesse sentido, essas são críticas recorrentes a respeito dos conceitos e princípios de Rogers, que fazem com que haja uma certa desconfiança e incerteza ao redor de suas teorias.

No entanto, as maiores críticas a respeito das obras de Carl Rogers são a respeito da sua posição humanista, o que faz com que digam que suas teorias não têm fundamentação científica e que ele ignora a existência do inconsciente. Sua visão otimista do homem, na qual ele consegue ver e descrever uma natureza fundamentalmente boa na humanidade, iria na contramão dos dados científicos. Ademais, afirma-se que a dimensão sociológica é deixada de fora das suas obras, de tal forma que todas as relações são reduzidas a uma relação interpessoal ou intersubjetiva, o que também é motivo de forte crítica.

Cronologia biográficaEditar

1902: Nascimento de Carl Rogers.

1919: Aos 17 anos, Rogers se matricula em Agronomia na Universidade de Wisconsin.

1920: Abandonou a Agronomia e fez transferência para Licenciatura em História.

1924: Graduou-se em História e se matriculou no Seminário de União Teológica em Nova Iorque.

1925: Transferiu-se para o Teachers College, na Universidade de Columbia, com objetivo de cursar psicologia clínica e psicopedagogia.

1926: Obteve uma vaga de interno no Instituto de Aconselhamento Infantil, em Nova Iorque.

1928: Concluiu o Mestrado e já atuava como psicólogo no Centro de Observação e Orientação Infantil da Sociedade para a Prevenção da Crueldade sobre as Crianças, em Rochester.

1929: Foi diretor do Centro de Observação e Orientação Infantil da Sociedade para a Prevenção da Crueldade sobre as Crianças.

1931: Concluiu o doutorado.

1935: Começou a lecionar no Teachers College.

1940: Criação da teoria: Terapia Centrada no Cliente.

1942: Tornou-se vice-presidente da Associação Americana de Ortopsiquiatria e também presidente da Associação Americana de Psicologia Aplicada.

1956: Ocupou o cargo de Presidente da Academia Americana de Psicoterapeutas.

1957: Instalou-se no Departamento das Ciências da Educação da Universidade de Wisconsin.

1972: Rogers se dedicou à intervenção e reflexão sobre os aspectos sociais e políticos, explorando a criatividade que os grupos de encontros oferecem.

1985: Organizou um workshop com 50 líderes internacionais, em Rast, na Áustria, em busca da paz.

1987: Faleceu em La Jolla, Califórnia.

Discípulos/Seguidores/Quem influenciouEditar

Rogers sofreu influências da filosofia de John Dewey, que foi fundamental para a evolução de suas ideias, assim como de Otto Rank, com quem começou a ter contato ainda no Centro que dirigia. Outro nome é a Jessie Taft, que publicou em 1933 o livro "The Dinamics of Therapy in a Controlled Relationship", considerado por Carl Rogers uma obra prima, assim como Ollie Brown, que era um de seus discípulos e acabou influenciando suas ideias posteriormente.

Alguns de seus discípulos foram: Virgínia Axline, Arthur Combs, Nat Raskins e John Shlien, ou mesmo traçando caminhos novos como Thomas Gordon e Eugene Gendlin.

Influências no BrasilEditar

No Brasil, suas ideias se dissiparam a partir de diversos nomes, como a Mariana Alvim, que foi para os EUA em 1945 e conheceu o Rogers na Universidade de Chicago, Ruth Scheeffer, que fez o mestrado no Teachers College da Universidade de Columbia, retornou ao Brasil e lecionou em diversas instituições como a Universidade Federal do Rio de Janeiro, Pontifícia Universidade Católica (PUC) e na Fundação Getúlio Vargas, juntamente com o padre Antonius Benko, que lecionava disciplinas sobre Rogers.

Henrique Justo, após viajar para França, fez um curso com ex-estudantes de Rogers e, retornando ao Brasil, fundou o curso de Psicologia da PUC-RS. Outra figura importante foi Oswaldo de Barros, que fez a pós-graduação na Universidade de Columbia. Vindo ao Brasil, o psicólogo produziu juntamente a Maria Villas-Boas e Antônio Monteiro Santos, e outros docentes que atuavam no Brasil como a Rachel Rosemberg, John Keith Wood, Mauren O'Hara e Jack Bowen.

Outros nomes são Mauro Amatuzzi (USP e PUC-Campinas), Henriette Morato (USP-SP), Jaime Doxsey (UFES), Vera Cury (PUC-Campinas), Virginia Moreira (UNIFOR), William Gomes (UFRGS) e Lucila Schwantes Arouca (USP).

Rogers se apresentou no programa de televisão na TV Cultura, realizando um grupo de encontro com participação de voluntários, sendo comentado por diversos nomes como John Wood e Rachel Rosemberg.

O Centro de Valorização da Vida possui o atendimento visando a tendência atualizante na pessoa que está sendo atendida. Em sua homenagem, foi criada em João Pessoa-PB a escola Carl Rogers - Centro de Educação.

Relação com outros personagens ou teoriasEditar

Rogers foi um dos fundadores da Psicologia Humanista, juntamente com Abraham Maslow. Conhecida como terceira força em psicologia, centrava-se no poder criativo do homem, o foco na experiência consciente e nos aspectos positivos da personalidade humana.

Principais ObrasEditar

  • O Tratamento Clínico da Criança-problema (The clinical treatment of the problem child). (1939)
  • Psicoterapia e Consulta Psicológica (Counseling and Psychotherapy). (1942)
  • Terapia Centrada no Cliente (Client-Centered Therapy). (1951)
  • The Necessary and Sufficient Conditions of Therapeutic Personality Change. (1957)
  • Significant Learning in Therapy and in Education. (1959)
  • Tornar-se Pessoa (On Becoming a Person). (1961)
  • Freedom to Learn. (1969)
  • Grupos de Encontro (On Encounter Groups). (1970)
  • Novas Formas do Amor. (1974)
  • De pessoa para pessoa. (1976)
  • Sobre o Poder Pessoal (On Personal Power). (1977)
  • A Pessoa Como Centro. (1977)
  • Um Jeito de Ser (A Way of Being). (1980)
  • Freedom to Learn for the 80’s. (1983)
  • Quando fala o coração: a essência da psicoterapia centrada na pessoa. (2004)

PrêmiosEditar

  • Humanista do Ano (American Humanist Association). (1964)
  • Prêmio Nobel da Paz. (1987)

ReferênciasEditar

  1. FONSECA, M.J. Carl Rogers: uma concepção holística do homem. Millenium, Portugal, n. 36, p. 1-28, 2009.
  2. HIPOLITO, J.  Biografia de Carl Rogers. Revista de Estudos Rogerianos, A Pessoa como Centro, n.3, p.1-13, 1999.
  3. FADIMAN, James; FRAGER, Robert. Teorias da Personalidade. Trad: Camila Pedral Sampaio. São Paulo: Harper & row do Brasil, 1979, p. 222-258.
  4. CASTELO BRANCO, Paulo Coelho. Momentos da Psicologia de Carl Rogers no Brasil. In: CASTELO BRANCO, Paulo Coelho. Psicologia Humanista de Carl Rogers: recepção e circulação no Brasil. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2015. p. 158.
  5. MAGELI, Leandro. Dicas de Leitura 008. Liderança, [S. l.], p. 01, 2015.
  6. SCHULTZS, D. P.; SCHULTZ, S. E. História da Psicologia Moderna. São Paulo: Pioneira Thompson Learning, 2005.

Ver tambémEditar

AutoriaEditar

Verbete criado inicialmente por: Cassiano Luiz, Maria Flávia e Maria Stefany, como exigência parcial para disciplina de Estudos Complementares Em História da Psicologia da UFF de Rio das Ostras. Criado em 2021.2, publicado em 2021.2.