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'' | ''ESTE VERBETE É UMA TRADUÇÃO E CARECE DE REVISÃO'' | ||
Introspecção, como o termo é usado na filosofia contemporânea da mente, é o meio pelo qual adquirimos conhecimento de nossos próprios estados ou processos mentais em curso ou imediatamente passados. É claro que você pode aprender sobre sua mente da mesma forma que você aprende sobre a mente alheia — através da leitura de textos de psicologia, observando expressões faciais (em um espelho), examinando leituras de atividade cerebral, observando padrões de comportamentos passados — mas geralmente pensa-se que você também pode conhecer sua mente ''introspectivamente'', de um jeito que mais ninguém pode. Mas o que é exatamente a introspecção? Nenhuma descrição simples é amplamente aceita. | Introspecção, como o termo é usado na filosofia contemporânea da mente, é o meio pelo qual adquirimos conhecimento de nossos próprios estados ou processos mentais em curso ou imediatamente passados. É claro que você pode aprender sobre sua mente da mesma forma que você aprende sobre a mente alheia — através da leitura de textos de psicologia, observando expressões faciais (em um espelho), examinando leituras de atividade cerebral, observando padrões de comportamentos passados — mas geralmente pensa-se que você também pode conhecer sua mente ''introspectivamente'', de um jeito que mais ninguém pode. Mas o que é exatamente a introspecção? Nenhuma descrição simples é amplamente aceita. | ||
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Para um processo ser qualificado como “introspectivo”, como o termo é comumente usado na filosofia da mente contemporânea, é imprescindível que atenda, minimamente, as três seguintes condições: | Para um processo ser qualificado como “introspectivo”, como o termo é comumente usado na filosofia da mente contemporânea, é imprescindível que atenda, minimamente, as três seguintes condições: | ||
1. ''A condição de mentalidade'': a introspecção é um processo que gera, ou visa gerar, conhecimento, capacidade crítica, ou crenças sobre eventos, estados ou processos ''mentais'', e não sobre assuntos de fora da mente, pelo menos não diretamente. A respeito disso, é diferente dos processos sensoriais, que normalmente fornecem informações sobre eventos externos ou sobre aspectos não mentais do corpo do indivíduo. O limite entre o conhecimento introspectivo e não introspectivo pode começar a se confundir em relação ao autoconhecimento corporal, tal como o conhecimento proprioceptivo sobre a posição dos membros, ou o conhecimento nociceptivo sobre as dores. Mas, em princípio, a parte introspectiva de tais processos, referentes a discernimentos sobre a mente — por exemplo, que se tem a sensação de que os braços foram cruzados ou de dor localizada nos dedos do pé — podem ser distinguidos dos discernimentos não introspectivos de que os braços de alguém estão, de fato, cruzados ou que o dedo do pé está sendo beliscado. | 1. ''A condição de mentalidade'': a introspecção é um processo que gera, ou visa gerar, conhecimento, capacidade crítica, ou crenças sobre eventos, estados ou processos ''mentais'', e não sobre assuntos de fora da mente, pelo menos não diretamente. A respeito disso, é diferente dos processos sensoriais, que normalmente fornecem informações sobre eventos externos ou sobre aspectos não mentais do corpo do indivíduo. O limite entre o conhecimento introspectivo e não introspectivo pode começar a se confundir em relação ao autoconhecimento corporal, tal como o conhecimento proprioceptivo sobre a posição dos membros, ou o conhecimento nociceptivo sobre as dores. Mas, em princípio, a parte introspectiva de tais processos, referentes a discernimentos sobre a mente — por exemplo, que se tem a sensação de que os braços foram cruzados ou de dor localizada nos dedos do pé — podem ser distinguidos dos discernimentos não introspectivos de que os braços de alguém estão, de fato, cruzados ou que o dedo do pé está sendo beliscado. | ||
2. ''A condição de primeira pessoa'': introspecção é um processo que gera, ou visa gerar, conhecimento, capacidade crítica ou crenças sobre a ''própria mente'' e a de mais ninguém, pelo menos não diretamente. Qualquer processo que, de maneira semelhante, gere conhecimento sobre a própria mente ou a de outros não é, por essa lógica, um processo introspectivo. (Alguns filósofos contemplaram casos peculiares ou de ficção científica em que podemos fazer introspecção diretamente ao conteúdo da mente de outras pessoas — por exemplo, por telepatia ou quando os cérebros de duas pessoas estão diretamente conectados — mas a devida interpretação desses casos é discutível. Veja, por exemplo, Gertler 2000). | 2. ''A condição de primeira pessoa'': introspecção é um processo que gera, ou visa gerar, conhecimento, capacidade crítica ou crenças sobre a ''própria mente'' e a de mais ninguém, pelo menos não diretamente. Qualquer processo que, de maneira semelhante, gere conhecimento sobre a própria mente ou a de outros não é, por essa lógica, um processo introspectivo. (Alguns filósofos contemplaram casos peculiares ou de ficção científica em que podemos fazer introspecção diretamente ao conteúdo da mente de outras pessoas — por exemplo, por telepatia ou quando os cérebros de duas pessoas estão diretamente conectados — mas a devida interpretação desses casos é discutível. Veja, por exemplo, Gertler 2000). | ||
3. ''A condição de proximidade temporal'': introspecção é um processo que gera conhecimento, crenças ou capacidade crítica apenas sobre a vida mental ''em curso''; ou, alternativamente (ou talvez além disso) sobre a vida mental ''imediatamente passada'' (ou mesmo futura), dentro de uma certa janela temporal estreita (às vezes chamada de presente ilusório; veja o verbete sobre a [https://plato.stanford.edu/entries/time-experience/ experiência e percepção do tempo]). Você pode saber que ontem, durante sua caminhada matinal, estava pensando em Montaigne, mas não pode saber desse fato apenas pela introspecção vigente — embora talvez possa saber introspectivamente que atualmente tem uma lembrança vívida de ter pensado em Montaigne. Da mesma forma, você não pode saber apenas por introspecção que se sentirá deprimido se o seu candidato favorito perder as eleições em novembro — embora talvez você possa saber introspectivamente qual sua atitude atual em relação à eleição, ou que emoção começa a crescer em você quando considera os possíveis resultados. Se o alvo da introspecção é melhor pensado como a vida mental atual ou a vida mental imediatamente passada pode depender do modelo de introspecção: Em modelos de auto-detecção de introspecção, segundo o qual a introspecção é um processo causal que envolve a detecção de um estado mental (ver a seção 2.2 abaixo), é natural supor que um breve lapso de tempo transcorrerá entre a ocorrência do estado mental, que é o alvo introspectivo, e o julgamento introspectivo final sobre esse estado, o que convida (mas não implica estritamente) a ideia de que os julgamentos introspectivos geralmente dizem respeito a estados imediatamente passados. Sobre modelos de auto-modelagem e auto-satisfação de introspecção, segundo os quais os julgamentos introspectivos criam ou incorporam o próprio estado introspectivo (ver seções 2.3.1 e 2.3.2 abaixo), parece mais natural pensar que o objetivo da introspecção é a vida mental atual de alguém ou, talvez, até mesmo de um futuro próximo. | 3. ''A condição de proximidade temporal'': introspecção é um processo que gera conhecimento, crenças ou capacidade crítica apenas sobre a vida mental ''em curso''; ou, alternativamente (ou talvez além disso) sobre a vida mental ''imediatamente passada'' (ou mesmo futura), dentro de uma certa janela temporal estreita (às vezes chamada de presente ilusório; veja o verbete sobre a [https://plato.stanford.edu/entries/time-experience/ experiência e percepção do tempo]). Você pode saber que ontem, durante sua caminhada matinal, estava pensando em Montaigne, mas não pode saber desse fato apenas pela introspecção vigente — embora talvez possa saber introspectivamente que atualmente tem uma lembrança vívida de ter pensado em Montaigne. Da mesma forma, você não pode saber apenas por introspecção que se sentirá deprimido se o seu candidato favorito perder as eleições em novembro — embora talvez você possa saber introspectivamente qual sua atitude atual em relação à eleição, ou que emoção começa a crescer em você quando considera os possíveis resultados. Se o alvo da introspecção é melhor pensado como a vida mental atual ou a vida mental imediatamente passada pode depender do modelo de introspecção: Em modelos de auto-detecção de introspecção, segundo o qual a introspecção é um processo causal que envolve a detecção de um estado mental (ver a seção 2.2 abaixo), é natural supor que um breve lapso de tempo transcorrerá entre a ocorrência do estado mental, que é o alvo introspectivo, e o julgamento introspectivo final sobre esse estado, o que convida (mas não implica estritamente) a ideia de que os julgamentos introspectivos geralmente dizem respeito a estados imediatamente passados. Sobre modelos de auto-modelagem e auto-satisfação de introspecção, segundo os quais os julgamentos introspectivos criam ou incorporam o próprio estado introspectivo (ver seções 2.3.1 e 2.3.2 abaixo), parece mais natural pensar que o objetivo da introspecção é a vida mental atual de alguém ou, talvez, até mesmo de um futuro próximo. | ||
Poucos filósofos contemporâneos da mente chamariam um processo de “introspectivo” se ele não atendesse alguma versão das três condições acima, embora na linguagem comum a condição de proximidade temporal possa, às vezes, ser violada. (por exemplo, no discurso comum, podemos descrever como “introspectivo” um processo de pensamento sobre o porquê você abandonou um relacionamento mês passado ou se você é realmente gentil com seus filhos como pensa que é.) Porém, muitos filósofos da mente vão resistir a chamar um processo que atenda essas três condições de “introspecção”, a menos que também satisfaça algumas, ou todas, das três condições a seguir: | Poucos filósofos contemporâneos da mente chamariam um processo de “introspectivo” se ele não atendesse alguma versão das três condições acima, embora na linguagem comum a condição de proximidade temporal possa, às vezes, ser violada. (por exemplo, no discurso comum, podemos descrever como “introspectivo” um processo de pensamento sobre o porquê você abandonou um relacionamento mês passado ou se você é realmente gentil com seus filhos como pensa que é.) Porém, muitos filósofos da mente vão resistir a chamar um processo que atenda essas três condições de “introspecção”, a menos que também satisfaça algumas, ou todas, das três condições a seguir: | ||
4. ''A condição de franqueza'': a introspecção produz capacidade crítica ou conhecimentos sobre os próprios processos mentais atuais de forma relativamente ''direta'' ou ''imediata''. É difícil articular exatamente o que a franqueza ou o imediatismo implica no contexto atual, mas alguns exemplos devem tornar relativamente clara a importância dessa condição. Reunir informações sensoriais sobre o mundo e, em seguida, tirar conclusões teóricas com base nessas informações não deve, de acordo com essa condição, ser considerado introspectivo, mesmo que o processo atenda às três condições acima. Ver que um carro está a seis metros à sua frente e então deduzir, a partir desse fato sobre o mundo externo, que você está tendo uma experiência visual de certo tipo, não se caracteriza, por essa condição, como introspectivo. No entanto, como veremos na seção 2.3.4 abaixo, aqueles que adotam as teorias de transparência da introspecção podem rejeitar, pelo menos, fortes formulações dessa condição. | 4. ''A condição de franqueza'': a introspecção produz capacidade crítica ou conhecimentos sobre os próprios processos mentais atuais de forma relativamente ''direta'' ou ''imediata''. É difícil articular exatamente o que a franqueza ou o imediatismo implica no contexto atual, mas alguns exemplos devem tornar relativamente clara a importância dessa condição. Reunir informações sensoriais sobre o mundo e, em seguida, tirar conclusões teóricas com base nessas informações não deve, de acordo com essa condição, ser considerado introspectivo, mesmo que o processo atenda às três condições acima. Ver que um carro está a seis metros à sua frente e então deduzir, a partir desse fato sobre o mundo externo, que você está tendo uma experiência visual de certo tipo, não se caracteriza, por essa condição, como introspectivo. No entanto, como veremos na seção 2.3.4 abaixo, aqueles que adotam as teorias de transparência da introspecção podem rejeitar, pelo menos, fortes formulações dessa condição. | ||
5. ''A condição de detecção'': A introspecção envolve algum tipo de ''sintonia'' ou ''detecção'' de um estado ou evento mental ''pré-existente'', onde o julgamento ou conhecimento introspectivo é (quando tudo vai bem) ''casualmente'', mas não ''ontologicamente'', dependente do estado mental alvo. Por exemplo, um processo que envolvesse criar o estado da mente que se atribui a si mesmo não seria introspectivo, de acordo com essa condição. Suponha que eu diga a mim mesmo em um discurso interior silencioso: “Estou dizendo a mim mesmo, em um discurso interior silencioso, ‘haecceities of applesauce’”', sem nenhuma ideia prévia de como pretendo completar a citação introduzida. Agora, o que eu digo pode ser verdade, e eu posso saber que é verdade, e eu posso saber sua verdade (em algum sentido) diretamente, por um meio pelo qual eu não poderia saber a verdade da mente de nenhuma outra pessoa. Ou seja, pode atender a todas as quatro condições acima e, no entanto, podemos resistir a chamar essa auto-atribuição de introspectiva. Auto-modelagem (Seção 2.3.2 abaixo), expressivismo (Seção 2.3.3 abaixo) e transparência (Seção 2.3.4 abaixo), componentes do autoconhecimento, enfatizam em até que ponto nosso autoconhecimento, em muitos casos, não envolve a detecção de estados mentais pré-existentes; e porque algo como a condição de detecção é implicitamente, ou explicitamente, aceito por muitos filósofos, alguns filósofos (incluindo alguns, mas não todos, que apoiam a ideia da auto-modelagem, expressivismo e/ou transparência) poderiam considerar como inapropriado pensar em tais componentes do autoconhecimento como componentes propriamente ditos da ''introspecção''. | 5. ''A condição de detecção'': A introspecção envolve algum tipo de ''sintonia'' ou ''detecção'' de um estado ou evento mental ''pré-existente'', onde o julgamento ou conhecimento introspectivo é (quando tudo vai bem) ''casualmente'', mas não ''ontologicamente'', dependente do estado mental alvo. Por exemplo, um processo que envolvesse criar o estado da mente que se atribui a si mesmo não seria introspectivo, de acordo com essa condição. Suponha que eu diga a mim mesmo em um discurso interior silencioso: “Estou dizendo a mim mesmo, em um discurso interior silencioso, ‘haecceities of applesauce’”', sem nenhuma ideia prévia de como pretendo completar a citação introduzida. Agora, o que eu digo pode ser verdade, e eu posso saber que é verdade, e eu posso saber sua verdade (em algum sentido) diretamente, por um meio pelo qual eu não poderia saber a verdade da mente de nenhuma outra pessoa. Ou seja, pode atender a todas as quatro condições acima e, no entanto, podemos resistir a chamar essa auto-atribuição de introspectiva. Auto-modelagem (Seção 2.3.2 abaixo), expressivismo (Seção 2.3.3 abaixo) e transparência (Seção 2.3.4 abaixo), componentes do autoconhecimento, enfatizam em até que ponto nosso autoconhecimento, em muitos casos, não envolve a detecção de estados mentais pré-existentes; e porque algo como a condição de detecção é implicitamente, ou explicitamente, aceito por muitos filósofos, alguns filósofos (incluindo alguns, mas não todos, que apoiam a ideia da auto-modelagem, expressivismo e/ou transparência) poderiam considerar como inapropriado pensar em tais componentes do autoconhecimento como componentes propriamente ditos da ''introspecção''. | ||
6. ''A condição de esforço'': a introspecção não é ''constante'', ''sem esforço e automática''. Nós não estamos a cada minuto do dia realizando a introspecção. A introspecção envolve algum tipo de reflexão especial sobre a própria vida mental que difere do fluxo comum de pensamentos e ações não auto reflexivas. A mente pode monitorar a si mesma regularmente e constantemente sem exigir nenhum ato especial de reflexão por parte do pensador — por exemplo, em um nível não-consciente, certas partes do cérebro e outros sistemas funcionais podem monitorar os acontecimentos de outras partes do cérebro e outros sistemas funcionais, e esse monitoramento pode atender a todas as cinco condições acima — mas esse tipo de coisa não é o que os filósofos geralmente têm em mente quando falam de introspecção. No entanto, essa condição, assim como as condições de franqueza e detecção, não é universalmente aceita. Por exemplo, filósofos que pensam que a experiência consciente requer algum tipo de monitoramento introspectivo da mente e que pensam na experiência consciente como uma característica mais ou menos constante de nossas vidas podem rejeitar a condição de esforço (Armstrong 1968,1999; Lycan 1996). | 6. ''A condição de esforço'': a introspecção não é ''constante'', ''sem esforço e automática''. Nós não estamos a cada minuto do dia realizando a introspecção. A introspecção envolve algum tipo de reflexão especial sobre a própria vida mental que difere do fluxo comum de pensamentos e ações não auto reflexivas. A mente pode monitorar a si mesma regularmente e constantemente sem exigir nenhum ato especial de reflexão por parte do pensador — por exemplo, em um nível não-consciente, certas partes do cérebro e outros sistemas funcionais podem monitorar os acontecimentos de outras partes do cérebro e outros sistemas funcionais, e esse monitoramento pode atender a todas as cinco condições acima — mas esse tipo de coisa não é o que os filósofos geralmente têm em mente quando falam de introspecção. No entanto, essa condição, assim como as condições de franqueza e detecção, não é universalmente aceita. Por exemplo, filósofos que pensam que a experiência consciente requer algum tipo de monitoramento introspectivo da mente e que pensam na experiência consciente como uma característica mais ou menos constante de nossas vidas podem rejeitar a condição de esforço (Armstrong 1968,1999; Lycan 1996). | ||
Embora nem todas as vertentes filosóficas apresentadas por seus autores como modelos de “introspecção” atendam a todas as condições de 4 a 6, a maioria atende a pelo menos duas delas. Devido às diferenças na importância atribuída às condições 4-6, não é incomum que autores com outros modelos semelhantes de autoconhecimento difiram em sua vontade de descrever suas abordagens como modelos de “introspecção”. | Embora nem todas as vertentes filosóficas apresentadas por seus autores como modelos de “introspecção” atendam a todas as condições de 4 a 6, a maioria atende a pelo menos duas delas. Devido às diferenças na importância atribuída às condições 4-6, não é incomum que autores com outros modelos semelhantes de autoconhecimento difiram em sua vontade de descrever suas abordagens como modelos de “introspecção”. | ||
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Relatos introspectivos ou subjetivos de experiência consciente também desempenharam um papel importante na busca dos “correlatos neurais da consciência” (como revisto em Rees e Frith 2007; Prinz 2012; Koch et al. 2016; veja também Varela 1996). Um paradigma é para os pesquisadores apresentarem estímulos sensoriais ambíguos, mantendo-os constantes durante um período prolongado, observando quais mudanças neurais se correlacionam com as mudanças nos relatos subjetivos da experiência. Por exemplo, nos métodos de “rivalidade binocular”, duas imagens diferentes (por exemplo, um rosto e uma casa) são apresentadas, uma a cada olho simultaneamente. Os participantes normalmente dizem que apenas uma imagem é visível por vez, com a imagem visível mudando a cada poucos segundos. Os pesquisadores às vezes relatam encontrar evidências de que a atividade em áreas visuais “primárias” (como V1) não está temporalmente associada às mudanças relatadas na experiência visual, enquanto as mudanças na percepção consciente estão mais adequadamente associadas temporalmente à atividade em áreas parietais e, talvez, também em áreas frontais a jusante e a mudanças em larga escala na sincronização ou oscilação neural; contudo, a evidência é disputada (Lumer, Friston, e Rees 1998; Tong et al. 1998; Tononi et al. 1998; Polonsky et al. 2000; Tong, Meng, e Blake 2006; Kamphuisen, Bauer, e van Ee 2008; Sandberg et al. 2013; Frässle et al. 2014; Ishiku e Zeki 2014; Tsuchiya et al. 2015). Outra versão do paradigma dos estímulos sensoriais ambíguos envolve apresentar ao participante uma figura ambígua, como a figura do vaso de Rubin: | Relatos introspectivos ou subjetivos de experiência consciente também desempenharam um papel importante na busca dos “correlatos neurais da consciência” (como revisto em Rees e Frith 2007; Prinz 2012; Koch et al. 2016; veja também Varela 1996). Um paradigma é para os pesquisadores apresentarem estímulos sensoriais ambíguos, mantendo-os constantes durante um período prolongado, observando quais mudanças neurais se correlacionam com as mudanças nos relatos subjetivos da experiência. Por exemplo, nos métodos de “rivalidade binocular”, duas imagens diferentes (por exemplo, um rosto e uma casa) são apresentadas, uma a cada olho simultaneamente. Os participantes normalmente dizem que apenas uma imagem é visível por vez, com a imagem visível mudando a cada poucos segundos. Os pesquisadores às vezes relatam encontrar evidências de que a atividade em áreas visuais “primárias” (como V1) não está temporalmente associada às mudanças relatadas na experiência visual, enquanto as mudanças na percepção consciente estão mais adequadamente associadas temporalmente à atividade em áreas parietais e, talvez, também em áreas frontais a jusante e a mudanças em larga escala na sincronização ou oscilação neural; contudo, a evidência é disputada (Lumer, Friston, e Rees 1998; Tong et al. 1998; Tononi et al. 1998; Polonsky et al. 2000; Tong, Meng, e Blake 2006; Kamphuisen, Bauer, e van Ee 2008; Sandberg et al. 2013; Frässle et al. 2014; Ishiku e Zeki 2014; Tsuchiya et al. 2015). Outra versão do paradigma dos estímulos sensoriais ambíguos envolve apresentar ao participante uma figura ambígua, como a figura do vaso de Rubin: | ||
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Irvine (2013, no prelo) argumentou que os problemas metodológicos nessa área são tão graves que o termo “consciência” deve ser eliminado do discurso científico como impossível de ser efetivamente operacionalizado ou medido. Feest (2014) e Timmermans e Cleeremans (2015) também destacam os substanciais desafios metodológicos do uso de relatos introspectivos na ciência da consciência, embora sem serem tão pessimistas quanto Irvine. | Irvine (2013, no prelo) argumentou que os problemas metodológicos nessa área são tão graves que o termo “consciência” deve ser eliminado do discurso científico como impossível de ser efetivamente operacionalizado ou medido. Feest (2014) e Timmermans e Cleeremans (2015) também destacam os substanciais desafios metodológicos do uso de relatos introspectivos na ciência da consciência, embora sem serem tão pessimistas quanto Irvine. | ||
== Autoria e tradução == | |||
Este verbete foi publicado originalmente em inglês na [https://plato.stanford.edu/index.html Stanford Encyclopedia of Philosophy] por [http://www.faculty.ucr.edu/~eschwitz/ Eric Schwitzgebel]. A tradução foi realizada em 2022.1 por Kamilly Gomes da Silva e Giulia Nogueira Franca, com base na versão publicada em 18 de outubro de 2019, como parte das exigências da disciplina de História da Psicologia do Prof. André Elias Morelli Ribeiro, do Departamento de Psicologia da Universidade Federa Fluminense em Rio das Ostras. | |||
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