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Erik Homburger Erikson nasceu na cidade de Frankfurt, Alemanha, em 15 de junho de 1902 e faleceu em 1994, em Harwich (Massachusetts, EUA). Foi psicanalista e se dedicou à | Erik Homburger Erikson nasceu na cidade de Frankfurt, Alemanha, em 15 de junho de 1902, e faleceu em 1994, em Harwich (Massachusetts, EUA). Foi psicanalista e se dedicou à psicologia do desenvolvimento e da personalidade. Famoso por criar o conceito de “crise de identidade” e pela Teoria do Desenvolvimento Psicossocial, atuou como professor nas Universidades de Harvard, Yale e UC Berkeley. | ||
==Biografia== | ==Biografia== | ||
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Erik viveu até os três anos exclusivamente sob a companhia e cuidados de sua mãe. Após esse período, sua mãe se casou com Theodor Homberger, seu pediatra, que o registrou com seu nome quando ele completou 5 anos de idade. O sobrenome Erikson (filho de Erik) foi adotado por ele ao obter a cidadania americana. | Erik viveu até os três anos exclusivamente sob a companhia e cuidados de sua mãe. Após esse período, sua mãe se casou com Theodor Homberger, seu pediatra, que o registrou com seu nome quando ele completou 5 anos de idade. O sobrenome Erikson (filho de Erik) foi adotado por ele ao obter a cidadania americana. | ||
Erikson teve uma adolescência conturbada. Era tratado entre os garotos alemães como judeu e entre os judeus era tratado como gentio. Isso se deve ao fato dele ter sido criado em uma comunidade judaica e ter aspecto fisionômico alemão. | Erikson teve uma adolescência conturbada. Era tratado entre os garotos alemães como judeu, e entre os judeus era tratado como gentio. Isso se deve ao fato dele ter sido criado em uma comunidade judaica e ter aspecto fisionômico alemão. Após a conclusão do segundo grau, deixar a cidade onde vivia com a família, Karlsruhe, no sul da Alemanha, para viajar por vários países Europeus. | ||
===Erikson e a Psicanálise=== | ===Erikson e a Psicanálise=== | ||
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Erikson encantou-se pelas Artes, e aos 21 anos, estudou informalmente Arte em Florença. Posteriormente, iniciou sua carreira no teatro e no magistério, tornando-se especialista no método Montessori de ensino. | Erikson encantou-se pelas Artes, e aos 21 anos, estudou informalmente Arte em Florença. Posteriormente, iniciou sua carreira no teatro e no magistério, tornando-se especialista no método Montessori de ensino. | ||
Aos 25 anos, em Viena, juntou-se a Sigmund Freud, participando de um grupo formado por analistas e simpatizantes da psicanálise da época. Supõe-se que a aproximação com a Psicanálise ocorreu através de um amigo, Peter Blos, que o havia convidado para dar aulas de teatro em uma escola experimental dirigida por Dorothy Burlinghan e [[Anna Freud]], de quem se tornou amigo e admirador e com quem fez a sua análise didática. Mas também há relatos de que ele tenha conhecido Freud ao pintar um retrato de uma criança de sua família e que, após algumas conversas informais, Freud teria estabelecido um vínculo com ele, convidando-o a inscrever-se no Instituto Psicanalítico de Viena. | Aos 25 anos, em Viena, juntou-se a [[Sigmund Freud]], participando de um grupo formado por analistas e simpatizantes da psicanálise da época. Supõe-se que a aproximação com a Psicanálise ocorreu através de um amigo, Peter Blos, que o havia convidado para dar aulas de teatro em uma escola experimental dirigida por Dorothy Burlinghan e [[Anna Freud]], de quem se tornou amigo e admirador e com quem fez a sua análise didática. Mas também há relatos de que ele tenha conhecido Freud ao pintar um retrato de uma criança de sua família e que, após algumas conversas informais, Freud teria estabelecido um vínculo com ele, convidando-o a inscrever-se no Instituto Psicanalítico de Viena. | ||
Sua aproximação com Freud e os primeiros psicanalistas fez despertar seu interesse para a emergente ciência. Artista e sem formação acadêmica, estando entre os intelectuais do Instituto, Erikson chegou a questionar-se sobre sua permanência, contudo, foi encorajado por [[Anna Freud]], que o supervisionava, a através de sua experiência com crianças, buscar compreender o ego e o seu desenvolvimento, e assim fez por meio da observação das brincadeiras infantis. Com isso, seu foco e interesse artístico foi se deslocando para a análise infantil, o que, somado a forte influência por seu apreço por museus, fez com que escolhesse como linha de investigação, durante toda a sua vida, o processo vital humano como um ciclo interdependente. | Sua aproximação com Freud e os primeiros psicanalistas fez despertar seu interesse para a emergente ciência. Artista e sem formação acadêmica, estando entre os intelectuais do Instituto, Erikson chegou a questionar-se sobre sua permanência, contudo, foi encorajado por [[Anna Freud]], que o supervisionava, a através de sua experiência com crianças, buscar compreender o ego e o seu desenvolvimento, e assim fez por meio da observação das brincadeiras infantis. Com isso, seu foco e interesse artístico foi se deslocando para a análise infantil, o que, somado a forte influência por seu apreço por museus, fez com que escolhesse como linha de investigação, durante toda a sua vida, o processo vital humano como um ciclo interdependente. | ||
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Erikson conheceu em Viena uma americana chamada Joan Serson, que viria a ser sua mulher. Mestre em Sociologia, nutria interesse por dança moderna, educação e psicanálise, além de ser muito habilidosa com a escrita, o que fez com que ela desse uma importante contribuição para sua obra intelectual. Joan e Erikson tiveram quatro filhos: Kai (1931), Jon (1933), Sue (1938) e Neil (1944). Neil era portador de Síndrome de Down e faleceu aos 21 anos. | Erikson conheceu em Viena uma americana chamada Joan Serson, que viria a ser sua mulher. Mestre em Sociologia, nutria interesse por dança moderna, educação e psicanálise, além de ser muito habilidosa com a escrita, o que fez com que ela desse uma importante contribuição para sua obra intelectual. Joan e Erikson tiveram quatro filhos: Kai (1931), Jon (1933), Sue (1938) e Neil (1944). Neil era portador de Síndrome de Down e faleceu aos 21 anos. | ||
Assim como aconteceu com outros membros do grupo psicanalista inicial, em 1933, após formar-se pelo Instituto de Psicanálise de Viena, com a ascensão de Hitler ao poder na Alemanha, mudou-se para os Estados Unidos, onde tornou-se um dos mais conceituados analistas de seu tempo. | Assim como aconteceu com outros membros do grupo psicanalista inicial, em 1933, após formar-se pelo [[Instituto de Psicanálise de Viena]], com a ascensão de Hitler ao poder na Alemanha, mudou-se para os Estados Unidos, onde tornou-se um dos mais conceituados analistas de seu tempo. | ||
===Universidades e pesquisas=== | ===Universidades e pesquisas=== | ||
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Em 1936, Erikson foi para o Instituto de Relações Humanas do departamento de psiquiatria da Universidade de Yale. Acostumado a uma forma de trabalho interdisciplinar, o Instituto reforçou seu interesse por investigação transcultural, o que impulsionou a juntar-se, em 1938, com outro colega em uma expedição para estudar os índios Sioux na Dakota do Sul, onde observou crianças, entrevistou adultos e analisou suas práticas. Estendendo, em 1939, a investigação transcultural entre os índios Yurok do norte da Califórnia, visto que veio se mudou para Califórnia em razão de um convite que o fez juntar-se em Berkeley à Universidade local, cidade onde permaneceu por 10 anos de sua vida. | Em 1936, Erikson foi para o Instituto de Relações Humanas do departamento de psiquiatria da Universidade de Yale. Acostumado a uma forma de trabalho interdisciplinar, o Instituto reforçou seu interesse por investigação transcultural, o que impulsionou a juntar-se, em 1938, com outro colega em uma expedição para estudar os índios Sioux na Dakota do Sul, onde observou crianças, entrevistou adultos e analisou suas práticas. Estendendo, em 1939, a investigação transcultural entre os índios Yurok do norte da Califórnia, visto que veio se mudou para Califórnia em razão de um convite que o fez juntar-se em Berkeley à Universidade local, cidade onde permaneceu por 10 anos de sua vida. | ||
Através da experiência do seu consultório, Erikson, que era um pesquisador criterioso e observador atento, buscou material para seu pensamento teórico. O estudo que desenvolveu com os índios Sioux e depois com os índios Yurok lhe permitiu construir uma explicação acerca do desenvolvimento humano, considerando fatores ambientais e culturais em distintas sociedades. Foi através dessas experiências que Erikson estabeleceu critérios teóricos que embasaram seu trabalho sobre o ciclo de vida humano. Erik Erikson morreu em 1994 e sua última obra foi "O Ciclo de Vida Completo", escrito em colaboração com a sua esposa Joan M. Erikson. | Através da experiência do seu consultório, Erikson, que era um pesquisador criterioso e observador atento, buscou material para seu pensamento teórico. O estudo que desenvolveu com os índios Sioux e depois com os índios Yurok lhe permitiu construir uma explicação acerca do desenvolvimento humano, considerando fatores ambientais e culturais em distintas sociedades. Foi através dessas experiências que Erikson estabeleceu critérios teóricos que embasaram seu trabalho sobre o ciclo de vida humano. Erik Erikson morreu em 1994 e sua última obra foi "O Ciclo de Vida Completo", escrito em colaboração com a sua esposa, Joan M. Erikson. | ||
==Contribuições== | ==Contribuições== | ||
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1994: Faleceu em Harwich, Massachusetts, EUA. | 1994: Faleceu em Harwich, Massachusetts, EUA. | ||
== | ==Obras== | ||
===Livros=== | ===Livros=== | ||
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==Relação com outros personagens ou teorias== | ==Relação com outros personagens ou teorias== | ||
Os trabalhos de Erik Erikson sofreram influência de diversas esferas. A mais significativa foi a psicanálise, tendo Freud (1856-1939) e | Os trabalhos de Erik Erikson sofreram influência de diversas esferas. A mais significativa foi a psicanálise, tendo Freud (1856-1939) e Anna Freud (1895-1982) como dois dos maiores personagens de influência. Erik desfrutou do privilégio de ser supervisionado por Anna Freud e tê-la como parceira nas discussões acerca da psicanálise. | ||
Henry Murray (1893-1988) foi um psicólogo norte-americano que esteve na direção da Universidade de Harvard por aproximadamente 30 anos. Foi, ao longo deste período, diretor da Clínica Psicológica de Harvard na Escola de Artes e Ciências. Sua relação com Erikson se deu durante as pesquisas de investigação da personalidade, desenvolvidas nesta clínica. | [[Henry Murray]] (1893-1988) foi um psicólogo norte-americano que esteve na direção da Universidade de Harvard por aproximadamente 30 anos. Foi, ao longo deste período, diretor da Clínica Psicológica de Harvard na Escola de Artes e Ciências. Sua relação com Erikson se deu durante as pesquisas de investigação da personalidade, desenvolvidas nesta clínica. | ||
O antropólogo Alfred Kroeber (1876-1960) foi essencial para que Erik iniciasse seu caminho pela pesquisa-ação. | O antropólogo Alfred Kroeber (1876-1960) foi essencial para que Erik iniciasse seu caminho pela pesquisa-ação. | ||
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* [[Anna Freud]] | * [[Anna Freud]] | ||
* [[Henry Murray]] | |||
* [[Instituto de Psicanálise de Viena]] | |||
* [[Sigmund Freud]] | |||
==Referências== | ==Referências== | ||
# CARPIGIANI, B. Erik H. Erikson. Teoria do desenvolvimento psicossocial. '''Carpsi - Serviços em psicologia, saúde e gestão, Newsletter'''. 7º ed, agosto de 2010. | # CARPIGIANI, B. Erik H. Erikson. Teoria do desenvolvimento psicossocial. '''Carpsi - Serviços em psicologia, saúde e gestão, Newsletter'''. 7º ed, agosto de 2010. | ||
# COSTA, F. Passos. Confiança Básica e imagem inconsciente do corpo: Um diálogo possível entre Erik Erikson e Françoise Dolto em torno da formação do psiquismo infantil e sua relação com os transtornos mentais. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública). Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, Santa Catarina, 2005. | # COSTA, F. Passos. '''Confiança Básica e imagem inconsciente do corpo:''' Um diálogo possível entre Erik Erikson e Françoise Dolto em torno da formação do psiquismo infantil e sua relação com os transtornos mentais. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública). Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, Santa Catarina, 2005. | ||
# FIEDLER, A.J.C.B. Passos. O desenvolvimento psicossocial na perspectiva de Erik H. Erikson : as “oito idades do homem”. '''Revista Educação'''. Universidade. v. 11, n. 1, 2016. | # FIEDLER, A.J.C.B. Passos. O desenvolvimento psicossocial na perspectiva de Erik H. Erikson : as “oito idades do homem”. '''Revista Educação'''. Universidade. v. 11, n. 1, 2016. | ||
# RABELLO, E.T. e PASSOS, J.S.; [https://josesilveira.com/wp-content/uploads/2018/07/Erikson-e-a-teoria-psicossocial-do-desenvolvimento.pdf Erikson e a Teoria Psicossocial do Desenvolvimento]. Outubro de 2007. | # RABELLO, E.T. e PASSOS, J.S.; [https://josesilveira.com/wp-content/uploads/2018/07/Erikson-e-a-teoria-psicossocial-do-desenvolvimento.pdf Erikson e a Teoria Psicossocial do Desenvolvimento]. Outubro de 2007. | ||
# SANTOS, Hellen e SILVA, Daniele. As contribuições da educação infantil e da teoria psicossocial de Erikson para o desenvolvimento infantil. '''In: Conedu, VII congresso nacional de educação,''' Alagoas, outubro de 2020. | # SANTOS, Hellen e SILVA, Daniele. As contribuições da educação infantil e da teoria psicossocial de Erikson para o desenvolvimento infantil. '''In: Conedu, VII congresso nacional de educação,''' Alagoas, outubro de 2020. | ||
# VERÍSSIMO, R. Desenvolvimento psicossocial (Erik Erikson). Porto: Faculdade de Medicina do Porto, 2002. | # VERÍSSIMO, R. '''Desenvolvimento psicossocial (Erik Erikson)'''. Porto: Faculdade de Medicina do Porto, 2002. | ||
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