Alfred Binet: mudanças entre as edições

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===Início da carreira===
===Início da carreira===
O interesse de Binet pela Psicologia começa no final da década de 1870, quando toma contato com obras de Taine e da psicologia desenvolvida na Alemanha e Grã-Bretanha, por meio da obra de Theodule Ribot<ref>NICOLAS, Serge; SANITIOSO, Rasyid Bo; ANDRIEU, Bernard. La vie et l'oeuvre d'Alfred Binet. Disponível em: https://sites.google.com/site/alfredbinet18571911/home/biographie</ref>. Sua formação na área é, na verdade, autodidata, lendo por conta própria obras ligadas à psicologia na Biblioteca Nacional da França<ref>NICOLAS, Serge; SANITIOSO, Rasyid Bo; ANDRIEU, Bernard. La vie et l'oeuvre d'Alfred Binet. Disponível em: https://sites.google.com/site/alfredbinet18571911/home/biographie</ref>. É deste ano sua primeira publicação na área da psicologia, sobre a fusão de sensações similares <ref>BINET, A. De la fusion des sensations semblables. ''Revue Philosophique de la France et de l’Etranger'', n.10, p.284-294, 1880.</ref>, que foi duramente criticado pelo médico, matemático e psicólogo belga Joseph Delboeuf<ref>SILVA, Maria Cecilia de Vilhena Moraes. História dos testes psicológicos: origens e transformações. São Paulo: Vetor Editora, 2016.</ref>. Desanima-se e passa a estudar novamente, quando fica fascinado com as ideias de John Stuart Mill<ref>NICOLAS, Serge; SANITIOSO, Rasyid Bo; ANDRIEU, Bernard. La vie et l'oeuvre d'Alfred Binet. Disponível em: https://sites.google.com/site/alfredbinet18571911/home/biographie.</ref>, que defendia que a inteligência poderia ser explicada pelas leis do associacionismo. Com base nesta interpretação Binet iniciou seus experimentos com o método de associação de ideias, publicados em seu livro La Psychologie du raisonnement, de 1886, onde defendeu firmemente a proposta de que as associações poderiam explicar tudo o que acontece na mente<ref>REEVES, Joan Wynn. Alfred Binet. Disponível em: https://www.encyclopedia.com/people/medicine/psychology-and-psychiatry-biographies/alfred-binet</ref>.<br>
O interesse de Binet pela Psicologia começa no final da década de 1870, quando toma contato com obras de Taine e da psicologia desenvolvida na Alemanha e Grã-Bretanha, por meio da obra de Theodule Ribot<ref>NICOLAS, Serge; SANITIOSO, Rasyid Bo; ANDRIEU, Bernard. La vie et l'oeuvre d'Alfred Binet. Disponível em: https://sites.google.com/site/alfredbinet18571911/home/biographie</ref>. Sua formação na área é, na verdade, autodidata, lendo por conta própria obras ligadas à psicologia na Biblioteca Nacional da França<ref>NICOLAS, Serge; SANITIOSO, Rasyid Bo; ANDRIEU, Bernard. La vie et l'oeuvre d'Alfred Binet. Disponível em: https://sites.google.com/site/alfredbinet18571911/home/biographie</ref>. É deste ano sua primeira publicação na área da psicologia, sobre a fusão de sensações similares <ref>BINET, A. De la fusion des sensations semblables. ''Revue Philosophique de la France et de l’Etranger'', n.10, p.284-294, 1880.</ref>, que foi duramente criticado pelo médico, matemático e psicólogo belga Joseph Delboeuf<ref>SILVA, Maria Cecilia de Vilhena Moraes. História dos testes psicológicos: origens e transformações. São Paulo: Vetor Editora, 2016.</ref>. Desanima-se e passa a estudar novamente, quando fica fascinado com as ideias de John Stuart Mill<ref>NICOLAS, Serge; SANITIOSO, Rasyid Bo; ANDRIEU, Bernard. La vie et l'oeuvre d'Alfred Binet. Disponível em: https://sites.google.com/site/alfredbinet18571911/home/biographie.</ref>, que defendia que a inteligência poderia ser explicada pelas leis do associacionismo. Com base nesta interpretação Binet iniciou seus experimentos com o método de associação de ideias, publicados em seu livro La Psychologie du raisonnement, de 1886, onde defendeu firmemente a proposta de que as associações poderiam explicar tudo o que acontece na mente<ref> Alfred Binet. Disponível em: https://www.encyclopedia.com/people/medicine/psychology-and-psychiatry-biographies/alfred-binet</ref>.<br>


Em 1883, Binet conhece o médico Charles Féré, que o apresenta a Jean-Martin Charcot, que já era diretor no Hospital Salpetrière. Com Féré, Binet publicou trabalhos ligados ao chamado magnetismo animal, que rendeu a obra Le magnétisme animal, de 1887, publicada com seu amigo. Ainda em 1883, Binet começa a trabalhar sob as estritas ordens de Charcot na Salpetrière, que na ocasião estava estudando o fenômeno da hipnose<ref>REEVES, Joan Wynn. Alfred Binet. Disponível em: https://www.encyclopedia.com/people/medicine/psychology-and-psychiatry-biographies/alfred-binet</ref>. Binet e Féré passam os próximos sete anos dedicados a esta atividade<br>
Em 1883, Binet conhece o médico Charles Féré, que o apresenta a Jean-Martin Charcot, que já era diretor no Hospital Salpetrière. Com Féré, Binet publicou trabalhos ligados ao chamado magnetismo animal, que rendeu a obra Le magnétisme animal, de 1887, publicada com seu amigo. Ainda em 1883, Binet começa a trabalhar sob as estritas ordens de Charcot na Salpetrière, que na ocasião estava estudando o fenômeno da hipnose<ref> Alfred Binet. Disponível em: https://www.encyclopedia.com/people/medicine/psychology-and-psychiatry-biographies/alfred-binet</ref>. Binet e Féré passam os próximos sete anos dedicados a esta atividade<br>


===Hipnose e Magnetismo Animal===
===Hipnose e Magnetismo Animal===
Na época que Binet dedicou-se a estes estudos, a hipnose era conhecida pelo nome de Magnetismo Animal, uma prática que tinha obscuras raízes com o mesmerismo<ref>NICOLAS, Serge. Histoire de la psychologie française: naissance d'une nouvelle science. In Press, 2002.</ref>. A dupla Binet e Féré entendia que havia descoberto um novo fenômeno, a transferência, que consistiria em transferir os atos de um lado do corpo para o outro lado, com auxílio de ímãs. Também desenvolvem o conceito de polarização perceptiva e emocional, que consistiria em induzir a polaridade oposta de sensações e emoções utilizando o magnetismo animal, bem como ímãs<ref>SILVA, Maria Cecilia de Vilhena Moraes. História dos testes psicológicos: origens e transformações. São Paulo: Vetor Editora, 2016.</ref>. Féré e Binet ficaram fascinados com os estados emocionais e perceptivos induzidos numa paciente chamada Blanche Wittmann<ref>REEVES, Joan Wynn. Alfred Binet. Disponível em: https://www.encyclopedia.com/people/medicine/psychology-and-psychiatry-biographies/alfred-binet</ref>, que alterava seu humor rapidamente com as técnicas utilizadas.  Os dados publicados, contudo, geraram ceticismo.<br>
Na época que Binet dedicou-se a estes estudos, a hipnose era conhecida pelo nome de Magnetismo Animal, uma prática que tinha obscuras raízes com o mesmerismo<ref>NICOLAS, Serge. Histoire de la psychologie française: naissance d'une nouvelle science. In Press, 2002.</ref>. A dupla Binet e Féré entendia que havia descoberto um novo fenômeno, a transferência, que consistiria em transferir os atos de um lado do corpo para o outro lado, com auxílio de ímãs. Também desenvolvem o conceito de polarização perceptiva e emocional, que consistiria em induzir a polaridade oposta de sensações e emoções utilizando o magnetismo animal, bem como ímãs<ref>SILVA, Maria Cecilia de Vilhena Moraes. História dos testes psicológicos: origens e transformações. São Paulo: Vetor Editora, 2016.</ref>. Féré e Binet ficaram fascinados com os estados emocionais e perceptivos induzidos numa paciente chamada Blanche Wittmann<ref> Alfred Binet. Disponível em: https://www.encyclopedia.com/people/medicine/psychology-and-psychiatry-biographies/alfred-binet</ref>, que alterava seu humor rapidamente com as técnicas utilizadas.  Os dados publicados, contudo, geraram ceticismo.<br>


Um dos maiores céticos foi Delboeuf - novamente -, que veio a Paris assistir as demonstrações dos dois jovens pesquisadores. A apresentação, contudo, foi um grande fracasso, pois Delboeuf mostrou que a paciente não apresentava suas mudanças por conta das técnicas do magnetismo, e sim por conta das ações dos próprios hipnotizadores, que na verdade estavam numa espécie de espetáculo teatral involuntário <ref>REEVES, Joan Wynn. Alfred Binet. Disponível em: https://www.encyclopedia.com/people/medicine/psychology-and-psychiatry-biographies/alfred-binet</ref> <ref>NICOLAS, Serge; SANITIOSO, Rasyid Bo; ANDRIEU, Bernard. La vie et l'oeuvre d'Alfred Binet. Disponível em: https://sites.google.com/site/alfredbinet18571911/home/biographie.</ref>. Às críticas de Delboeuf somam-se as da Escola de Nancy, em sua cruzada para desmascarar os estudos sobre hipnose desenvolvidas na Salpetrière<ref>NICOLAS, Serge. Histoire de la psychologie française: naissance d'une nouvelle science. Paris: In Press, 2002.</ref>. Após admitir o erro, humilhado, Binet sai da Salpetrière e resolve dedicar-se às suas duas filhas, Madeleine, que havia nascido em 1885, e Alice, nascida em 1887.
Um dos maiores céticos foi Delboeuf - novamente -, que veio a Paris assistir as demonstrações dos dois jovens pesquisadores. A apresentação, contudo, foi um grande fracasso, pois Delboeuf mostrou que a paciente não apresentava suas mudanças por conta das técnicas do magnetismo, e sim por conta das ações dos próprios hipnotizadores, que na verdade estavam numa espécie de espetáculo teatral involuntário <ref> Alfred Binet. Disponível em: https://www.encyclopedia.com/people/medicine/psychology-and-psychiatry-biographies/alfred-binet</ref> <ref>NICOLAS, Serge; SANITIOSO, Rasyid Bo; ANDRIEU, Bernard. La vie et l'oeuvre d'Alfred Binet. Disponível em: https://sites.google.com/site/alfredbinet18571911/home/biographie.</ref>. Às críticas de Delboeuf somam-se as da Escola de Nancy, em sua cruzada para desmascarar os estudos sobre hipnose desenvolvidas na Salpetrière<ref>NICOLAS, Serge. Histoire de la psychologie française: naissance d'une nouvelle science. Paris: In Press, 2002.</ref>. Após admitir o erro, humilhado, Binet sai da Salpetrière e resolve dedicar-se às suas duas filhas, Madeleine, que havia nascido em 1885, e Alice, nascida em 1887.


===Outros trabalhos dos anos 1880===
===Outros trabalhos dos anos 1880===
Apesar de seu forte interesse com os trabalhos com Féré, Charcot e magnetismo, Binet manteve outros interesses simultâneos. Inspirado em psicólogos como Francis Galton e James Catell <ref>REEVES, Joan Wynn. Alfred Binet. Disponível em: https://www.encyclopedia.com/people/medicine/psychology-and-psychiatry-biographies/alfred-binet</ref>, Binet desenvolveu alguns testes e provas que aplicou em suas filhas e em outras crianças pequenas. Os dados que obteve o levaram a acreditar que a abordagem utilizada pelos já célebres pesquisadores estava equivocada, e começou a desenvolver outros tipos de testes, onde a atenção era mais relevante. Binet também foi um dos primeiros a defender que a inteligência infantil tinha uma natureza diferente da inteligência dos adultos. Ademais, pontuou também que a personalidade das crianças poderia desempenhar um papel importante na inteligência.<br>
Apesar de seu forte interesse com os trabalhos com Féré, Charcot e magnetismo, Binet manteve outros interesses simultâneos. Inspirado em psicólogos como Francis Galton e James Catell <ref> Alfred Binet. Disponível em: https://www.encyclopedia.com/people/medicine/psychology-and-psychiatry-biographies/alfred-binet</ref>, Binet desenvolveu alguns testes e provas que aplicou em suas filhas e em outras crianças pequenas. Os dados que obteve o levaram a acreditar que a abordagem utilizada pelos já célebres pesquisadores estava equivocada, e começou a desenvolver outros tipos de testes, onde a atenção era mais relevante. Binet também foi um dos primeiros a defender que a inteligência infantil tinha uma natureza diferente da inteligência dos adultos. Ademais, pontuou também que a personalidade das crianças poderia desempenhar um papel importante na inteligência.<br>


O francês também desenvolveu no período uma série de estudos com a percepção, que renderam-lhe um prêmio da Académie des Sciences Morales et Politiques em 1887. Enquanto isso, Binet escrevia artigos em inglês sobre a consciência, que eram publicados na revista The Open Court, de Chicago. Estes trabalhos foram compilados na obra On double consciousness, de 1890. Ele também conduziu estudos sobre a hereditariedade, que permitem que se licencie em ciências naturais. Obtém o doutorado na mesma área em 1894 <ref>BINET, A. Thèses présentées à la Faculté des Sciences de Paris pour obtenir le grade de docteur ès sciences naturelles. 1re thèse : Contribution à l’étude du système nerveux sous-intestinal des insectes. 2e thèse : Questions proposées par la Faculté (thèses soutenues le 24 décembre 1894). Paris: F. Alcan, 1894.</ref>.
O francês também desenvolveu no período uma série de estudos com a percepção, que renderam-lhe um prêmio da Académie des Sciences Morales et Politiques em 1887. Enquanto isso, Binet escrevia artigos em inglês sobre a consciência, que eram publicados na revista The Open Court, de Chicago. Estes trabalhos foram compilados na obra On double consciousness, de 1890. Ele também conduziu estudos sobre a hereditariedade, que permitem que se licencie em ciências naturais. Obtém o doutorado na mesma área em 1894 <ref>BINET, A. Thèses présentées à la Faculté des Sciences de Paris pour obtenir le grade de docteur ès sciences naturelles. 1re thèse : Contribution à l’étude du système nerveux sous-intestinal des insectes. 2e thèse : Questions proposées par la Faculté (thèses soutenues le 24 décembre 1894). Paris: F. Alcan, 1894.</ref>.
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===A Escala Binet-Simon===
===A Escala Binet-Simon===
Motivo da fama de Binet e Simon, a Escala Binet-Simon, conhecido também como teste de inteligencia de Binet-Simon não é um teste de QI, que só seria inventado um ano após a morte de Binet por William Stern. A preocupação do teste não era apontar um nível de inteligência final em um número, mas sim classificar as crianças para poder desenvolver meios de ensinar as que apresentassem dificuldades.<br>
Motivo da fama de Binet e Simon, a Escala Binet-Simon, conhecido também como teste de inteligencia de Binet-Simon não é um teste de QI, que só seria inventado um ano após a morte de Binet por William Stern. A preocupação do teste não era apontar um nível de inteligência final em um número, mas sim classificar as crianças para poder desenvolver meios de ensinar as que apresentassem dificuldades.<br>
A construção do teste não partiu de uma concepção prévia de inteligência, mas antes teve uma abordagem empírica <ref>SILVA, Maria Cecilia de Vilhena Moraes. História dos testes psicológicos: origens e transformações. São Paulo: Vetor Editora, 2016.</ref> <ref>REEVES, Joan Wynn. Alfred Binet. Disponível em: https://www.encyclopedia.com/people/medicine/psychology-and-psychiatry-biographies/alfred-binet</ref>. Isto quer dizer que Binet tomou crianças que haviam sido classificadas como "anormais" por médicos ou professores, além de crianças consideradas normais, e propôs a elas uma série de tarefas e provas, muitas delas já trabalhadas na Sorbonne, em casa com suas filhas e oriundas de outros pesquisadores da época. Diante da impossibilidade de encontrar meios de determinar quais crianças seriam anormais e quais não seriam, Binet teve seu insight mais genial <ref>REEVES, Joan Wynn. Alfred Binet. Disponível em: https://www.encyclopedia.com/people/medicine/psychology-and-psychiatry-biographies/alfred-binet</ref>, que talvez possa parecer óbvio hoje por conta de seu uso contemporâneo amplo, que é considerar a idade das crianças. Assim, as crianças consideradas anormais eventualmente conseguiam fazer todas as tarefas propostas por Binet e Simon, mas em um momento mais tardio em suas vidas.<br>
A construção do teste não partiu de uma concepção prévia de inteligência, mas antes teve uma abordagem empírica <ref>SILVA, Maria Cecilia de Vilhena Moraes. História dos testes psicológicos: origens e transformações. São Paulo: Vetor Editora, 2016.</ref> <ref> Alfred Binet. Disponível em: https://www.encyclopedia.com/people/medicine/psychology-and-psychiatry-biographies/alfred-binet</ref>. Isto quer dizer que Binet tomou crianças que haviam sido classificadas como "anormais" por médicos ou professores, além de crianças consideradas normais, e propôs a elas uma série de tarefas e provas, muitas delas já trabalhadas na Sorbonne, em casa com suas filhas e oriundas de outros pesquisadores da época. Diante da impossibilidade de encontrar meios de determinar quais crianças seriam anormais e quais não seriam, Binet teve seu insight mais genial <ref> Alfred Binet. Disponível em: https://www.encyclopedia.com/people/medicine/psychology-and-psychiatry-biographies/alfred-binet</ref>, que talvez possa parecer óbvio hoje por conta de seu uso contemporâneo amplo, que é considerar a idade das crianças. Assim, as crianças consideradas anormais eventualmente conseguiam fazer todas as tarefas propostas por Binet e Simon, mas em um momento mais tardio em suas vidas.<br>
Com este trabalho, Binet reclassificou as crianças como "idiotas", "imbecis" e "débeis", estas últimas merecedoras de classes especiais pois eram capazes de aprender <ref>Esta classificação pode hoje parecer cruel e injusta, principalmente por conta do uso popular que deu caraterísticas de cunho moral para estas palavras, mas não era o caso no momento em que Binet e Simon conduziam suas pesquisas.</ref>. As crianças passaram a ser classificadas, a partir da escala, com base em suas idades mentais.<br>
Com este trabalho, Binet reclassificou as crianças como "idiotas", "imbecis" e "débeis", estas últimas merecedoras de classes especiais pois eram capazes de aprender <ref>Esta classificação pode hoje parecer cruel e injusta, principalmente por conta do uso popular que deu caraterísticas de cunho moral para estas palavras, mas não era o caso no momento em que Binet e Simon conduziam suas pesquisas.</ref>. As crianças passaram a ser classificadas, a partir da escala, com base em suas idades mentais.<br>
A primeira edição da escala foi apresentado num Congresso de Psicologia em Roma em 1905, e apresentava 30 provas em ordem de complexidade crescente. Contudo, a amostra utilizada, com apenas 95 crianças <ref>REEVES, Joan Wynn. Alfred Binet. Disponível em: https://www.encyclopedia.com/people/medicine/psychology-and-psychiatry-biographies/alfred-binet</ref>. A versão de 1905 é sucedida por duas revisões, de 1908, com 58 itens, e outra de 1911, que incluía provas para adolescentes de até 15 anos <ref>SILVA, Maria Cecilia de Vilhena Moraes. História dos testes psicológicos: origens e transformações. São Paulo: Vetor Editora, 2016.</ref>. O teste foi muito bem sucedido e passou a ser largamente utilizado na França e vários outros países, além de influenciar métodos de avaliação na Inglaterra e, principalmente, nos EUA, onde Lewis Tereman criou o teste Stanford-Binet <ref>FORSYTHE, Alex. Key Thinkers in Individual Differences: ideas on personality and intelligence. New York: Routledge, 2019.</ref>.
A primeira edição da escala foi apresentado num Congresso de Psicologia em Roma em 1905, e apresentava 30 provas em ordem de complexidade crescente. Contudo, a amostra utilizada, com apenas 95 crianças <ref> Alfred Binet. Disponível em: https://www.encyclopedia.com/people/medicine/psychology-and-psychiatry-biographies/alfred-binet</ref>. A versão de 1905 é sucedida por duas revisões, de 1908, com 58 itens, e outra de 1911, que incluía provas para adolescentes de até 15 anos <ref>SILVA, Maria Cecilia de Vilhena Moraes. História dos testes psicológicos: origens e transformações. São Paulo: Vetor Editora, 2016.</ref>. O teste foi muito bem sucedido e passou a ser largamente utilizado na França e vários outros países, além de influenciar métodos de avaliação na Inglaterra e, principalmente, nos EUA, onde Lewis Tereman criou o teste Stanford-Binet <ref>FORSYTHE, Alex. Key Thinkers in Individual Differences: ideas on personality and intelligence. New York: Routledge, 2019.</ref>.


===Fim da vida===
===Fim da vida===