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Por meio de seus esforços para desenvolver um tipo de psicologia ''gestaltista'' que pudesse enquadrar essa terceira lei da completude imaginativa, Dilthey veio a modificar algumas de suas suposições básicas. Ele percebeu que o nexo psíquico geral de um indivíduo não era uma estrutura contextual suficiente para explicar a experiência humana. Nossa experiência só pode ser compreendida por sua descrição enquanto continuum que é gradualmente adquirido ao longo do tempo. O que chama “o nexo psíquico adquirido” está por si só historicamente inserido em um mundo social. Isso significa que nosso acesso à história é muito mais direto do que nosso acesso à natureza. Sentimo-nos como parte da história, ao passo que a natureza se distancia cada vez mais de nós. Embora Dilthey esteja ainda disposto a aceitar que os objetos da experiência externa são fenomenais, ele não mais aceita a tese Kantiana de que os conteúdos da experiência interna também são fenomenais. A experiência interna é re-concebida como experiência vivida (''Erlebnis'') que é real e, o tempo que nos relaciona com a história não é meramente o modelo ideal que Kant expôs para a natureza. | Por meio de seus esforços para desenvolver um tipo de psicologia ''gestaltista'' que pudesse enquadrar essa terceira lei da completude imaginativa, Dilthey veio a modificar algumas de suas suposições básicas. Ele percebeu que o nexo psíquico geral de um indivíduo não era uma estrutura contextual suficiente para explicar a experiência humana. Nossa experiência só pode ser compreendida por sua descrição enquanto continuum que é gradualmente adquirido ao longo do tempo. O que chama “o nexo psíquico adquirido” está por si só historicamente inserido em um mundo social. Isso significa que nosso acesso à história é muito mais direto do que nosso acesso à natureza. Sentimo-nos como parte da história, ao passo que a natureza se distancia cada vez mais de nós. Embora Dilthey esteja ainda disposto a aceitar que os objetos da experiência externa são fenomenais, ele não mais aceita a tese Kantiana de que os conteúdos da experiência interna também são fenomenais. A experiência interna é re-concebida como experiência vivida (''Erlebnis'') que é real e, o tempo que nos relaciona com a história não é meramente o modelo ideal que Kant expôs para a natureza. | ||
Esta segunda fase do pensamento de Dilthey é caracterizada por uma ênfase na realidade da experiência vivida e na compreensão imediata da vida humana que essa experiência torna possível. É em“Idéias para uma psicologia descritiva e analítica” de 1894, que Dilthey elabora sua distinção entre explicação e compreensão. “Explicamos com os processos puramente intelectuais, mas compreendemos por meio da cooperação de todos os poderes da mente ativados pela apreensão” (1894/SW.II, 147). As ciências humanas serão doravante concebidas como preocupadas primeiramente com a compreensão do significado da ação e interação humana. Também central para esta segunda fase do pensamento de Dilthey é o ensaio “A Origem de Nossa Crença na Realidade do Mundo Externo e Sua Justificação” de 1890. Nosso acesso inicial ao mundo externo não é inferencial, mas é sentido como a resistência à vontade. O mundo da experiência vivida não é meramente uma representação teórica, mas está diretamente presente para nós como valores incorporados que são relevantes aos nossos propósitos. A ênfase no sentimento e no imediatismo nesta segunda fase equivale a uma rejeição da abordagem dialética de Hegel. | Esta segunda fase do pensamento de Dilthey é caracterizada por uma ênfase na realidade da experiência vivida e na compreensão imediata da vida humana que essa experiência torna possível. É em“Idéias para uma psicologia descritiva e analítica” de 1894, que Dilthey elabora sua distinção entre explicação e compreensão. “Explicamos com os processos puramente intelectuais, mas compreendemos por meio da cooperação de todos os poderes da mente ativados pela apreensão” (1894/SW.II, 147). As ciências humanas serão doravante concebidas como preocupadas primeiramente com a compreensão do significado da ação e interação humana. Também central para esta segunda fase do pensamento de Dilthey é o ensaio “A Origem de Nossa Crença na Realidade do Mundo Externo e Sua Justificação” de 1890. Nosso acesso inicial ao mundo externo não é inferencial, mas é sentido como a resistência à vontade. O mundo da experiência vivida não é meramente uma representação teórica, mas está diretamente presente para nós como valores incorporados que são relevantes aos nossos propósitos. A ênfase no sentimento e no imediatismo nesta segunda fase equivale a uma rejeição da abordagem dialética de Hegel. |
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