Helena Wladimirna Antipoff nasceu na Rússia, na cidade de Grodno, em 25 de março de 1892. Foi uma psicóloga e educadora russa convidada a vir para o Brasil pelo estado de Minas Gerais, sendo conhecida como a “mineira universal” por Drummond (1974). Dedicou-se às crianças que tinham deficiências hereditárias ou biológicas e às crianças que não faziam parte da elite socioeconômica do país. Ela fundou a Sociedade Pestalozzi em 1932, que atualmente possui cerca de 221 afiliadas no Brasil, acolhendo 135 mil pessoas. Além disso, Antipoff fundou também a Fazendo do Rosário em 1940, que tinha como objetivo a interação da escola com a comunidade rural. Ela morreu em Belo Horizonte, no dia 9 de agosto de 1974.

BiografiaEditar

Helena Antipoff nasceu na Rússia, em Grodno, no ano de 1892. Filha de Wladimir Vassilevitch Antipoff, capitão do Exército formado pela Academia do Estado-Maior de São Petersburgo, e de Sofia Constantinovna. No ano de 1909, Helena e sua família se mudaram para Paris e em 1911 estava matriculada na Sorbonne no curso de Medicina. O interesse pela Psicologia surgiu quando assistiu as aulas de Pierre Janet e Henri Bergson.

Começou a estagiar no Laboratório de Psicologia da Universidade de Paris, participando da padronização de testes de nível mental em crianças. Ela obteve seu diploma de psicóloga em 1914, no Institut des Sciences de l’Education Jean-Jacques Rousseau, especializando-se em Psicologia de Educação. Ela fez parte de uma escola experimental que se chamava Maison des Petits, na qual eram testados métodos educativos, como a Escola Ativa. A proposta era que o educando deixasse de ser objeto e passasse a ser o sujeito ativo no processo.

Helena precisou regressar à Rússia após seu pai ter se ferido na guerra. Durante esse período, ela trabalhou em estações médico-pedagógicas, atuando como psicóloga-observadora durantes os anos de 1916 até 1924. Nesse ínterim, colaborou com o Laboratório de Psicologia Experimental de Petersburgo.

Helena fez uma pesquisa sobre “O nível mental das crianças russas nas escolas infantis”, que teve como objetivo observar a influência da guerra e da revolução no desenvolvimento mental das crianças. Os resultados não foram muito diferentes de crianças francesas, algumas vezes até superior, mas a diferença que ela notou foi entre os filhos de operários e famílias abastadas. Isso a fez pensar se não existiam fatores hereditários, pois o ensino das crianças era o mesmo. Deixou as autoridades revolucionárias inquietas com o estudo que pretendia demonstrar a superioridade intelectual da classe dirigente sobre a operária. No ano de 1919, ela teve um filho chamado Daniel e em 1924, Viktor Tretzky, marido de Helena que era jornalista e escritor russo, estava sendo perseguido por manifestações contra o regime comunista.

Em 1924, a família de Helena perdeu sua cidadania russa e foram para Berlim. Em 1925, separou de seu marido e foi para Genebra, onde trabalhou no Laboratório de Psicologia da Universidade de Genebra como professora de Psicologia da Criança na Escola de Ciências da Educação, sendo também assistente de Édouard Claparède. Nesse período, ela recebeu o convite para lecionar na Escola de Aperfeiçoamento de Professores de Minas Gerais.

Chegou no Brasil no dia 06 de agosto de 1929. Foi recebida por Lourenço Filho e Noemy Silveira, que levou Helena para conhecer a Escola Normal Modelo. A formação dos novos educadores na Escola de Aperfeiçoamento visava o ensino de novos métodos educativos inspirados na Psicologia.  

A escola tinha como foco a graduação de docentes normalistas, onde Helena assumiu as disciplinas de Psicologia Experimental e Psicologia da Criança. Seu objetivo era que os alunos da escola primária fizessem provas psicológicas, na tentativa de organizar o espaço escolar. Nessa época, o governo tinha o foco em homogeneizar a sala de aula, pensamento que foi dominante no século XX e corroborado pela ampla utilização dos testes psicométricos e da psicologia das diferenças individuais, muitas vezes desconsiderando a existência de fatores sócio-culturais e institucionais que pudessem contribuir para os resultados verificados e favorecer a discriminação dos estudantes com menores escores nas testagens. Ao se deparar com esse sistema educacional considerado excludente, Helena passou a se dedicar ainda mais às crianças que eram rejeitadas pelo sistema e criou uma instituição nomeada como Sociedade Pestalozzi, que tinha como objetivo acolhê-las. Ela também introduziu o termo "excepcional" em vez do termo "retardado" para designar as crianças que se afastavam da normalidade, que poderiam ser portadoras de quaisquer deficiências hereditárias ou biológicas e crianças que não fizessem parte da elite socioeconômica do país.

Sociedade PestalozziEditar

A Sociedade Pestalozzi de Belo Horizonte foi fundada no ano de 1932, tornando-se futuramente Instituto Pestalozzi de Minas Gerais, e logo transformado em instituição pública do governo do Estado de Minas Gerais. Contou com a presidência de Helena Antipoff e era composta por médicos, educadores e religiosos, tendo por objetivo cuidar das crianças excepcionais e ajudar as professoras de classes especiais. Também chamava a atenção das autoridades com relação às péssimas condições de vida de crianças pobres e abandonadas. A Sociedade atuava em diversas áreas relacionadas à exclusão social, envolvendo miséria e abandono, deficiências mentais e proteção dos direitos das crianças em risco social.

A Fazenda do RosárioEditar

A Fazenda do Rosário foi inaugurada em 1940, no município de Ibirité, em Minas Gerais. nessa fazenda, Helena pôde desenvolver muitas pesquisas e intervenções nas áreas de educação especial, educação rural, superdotação e criatividade. O principal objetivo era integrar a escola à mais próxima comunidade rural e trazer os benefícios civilizatórios da escola.

Mais tarde, tornou-se o Complexo Educacional do Rosário, composto por várias instituições educativas: Escolas Reunidas Dom Silvério (para o ensino primário); Clube Agrícola João Pinheiro (ensino e experimentação de técnicas agrícolas); Ginásio Normal Oficial Rural Sandoval Azevedo (com internato para moças); Ginásio Normal Oficial Rural Caio Martins (com internato para rapazes); Instituto Superior de Educação Rural (Iser), com cursos de treinamento para professores rurais, incluindo a prática no cultivo de lavouras, hortas, pomares, na criação de animais, e cursos de economia doméstica.

Final de sua vidaEditar

No final de sua vida, Helena ainda se preocupava com a educação para todos. Em decorrência da experiência do Rosário, Antipoff desenvolveu uma preocupação especial para com a descoberta de talentos e a educação dos bem-dotados. Ela se preocupou em criar uma instituição que tinha como principal objetivo incentivar o talento e a criatividade, e em 1972 essa fundação se tornou real. Ela faleceu pouco tempo depois, em Belo Horizonte, no dia 9 de agosto de 1974.

Cronologia BiográficaEditar

1892 - Nasce em 25 de março de 1892, Helena Antipoff.

1911 - Matriculou-se no curso de medicina.

1914 - trocou de curso para Psicologia e fez uma especialização em Psicologia de Educação.

1916 - Trabalhou em um abrigo para crianças em São Petersburgo.

1925 - Tornou-se professora de Psicologia no Instituto Jean-Jacques Rousseau e assistente de Claparède no Laboratório de Psicologia da Universidade de Genebra.

1929 - Recebe um convite do governo de Minas Gerais e vai para o Brasil.

1932 - Fundou a Sociedade Pestalozzi.

1934 - A Sociedade Pestalozzi criou o Instituto Pestalozzi.

1940 - Inauguração da Fazenda do Rosário.

1974 - Morreu em 9 de agosto de 1974.

PrêmiosEditar

Helena Antipoff, psicóloga e educadora que fundou a Sociedade da Pestalozzi e Fazenda do Rosário, sendo pioneira na educação especial no Brasil, foi homenageada por várias instituições, como:

  • Instituto Helena Antipoff, no Rio de Janeiro - RJ
  • Escola Municipal Helena Antipoff, em Niterói - RJ
  • Escola Municipal Professora Helena Antipoff, em Juiz de Fora - MG
  • Fundação Helena Antipoff, em Ibirité - MG

Ver tambémEditar

ReferênciasEditar

  1. CAMPOS, Regina Helena de Freitas. Helena Antipoff: razão e sensibilidade na psicologia e na educaçãoMulher, mulheres - Estud. av. 17 (49). São Paulo, 2003.
  2. CAMPOS, Regina Helena de Freitas. Helena Antipoff. Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana. 152p, 2010.
  3. DIAS, Maria Helena Pereira. Helena Antipoff: Pensamento e Ação Pedagógica à Luz de uma Reflexão Crítica. Tese (Mestrado em Educação) - Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 1995.
  4. MARTINS, Alberto Mesaque Martins; AUGUSTO, Rosely Carlos; ANTUNES-ROCHA, Maria Isabel. Psicologia e educação rural na obra de Helena Antipoff: um olhar sobre o passado. Memorandum 21. Belo Horizonte, 2011.

AutoriaEditar

Verbete criado inicialmente por Milena de Sousa Peres, como exigência parcial para a disciplina de Psicologia do Desenvolvimento Cognitivo da UFF de Rio das Ostras. Criado em 2021.1, publicado em 2021.1.