Maria Amélia Matos

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Maria Amélia Matos nasceu em Birigui, cidade do estado de São Paulo, em 14 de abril de 1939. Foi uma psicóloga, pesquisadora e professora universitária pioneira na Análise do Comportamento no Brasil. Sua atuação profissional foi voltada para o ensino de Psicologia Experimental na Universidade de São Paulo, onde participou da criação do primeiro laboratório de pesquisa em Análise Experimental do comportamento do país. Faleceu em 17 de maio de 2005, aos 66 anos de idade, em decorrência de câncer.

BiografiaEditar

Maria Amélia Matos nasceu em Birigui, cidade do estado de São Paulo, em 14 de abril de 1939. Deixou Birigui em dezembro de 1957 e mudou-se para a cidade de São Paulo onde frequentou um curso intensivo pré-vestibular. No ano seguinte, ingressou na primeira turma do curso de Psicologia da Universidade de São Paulo, e militou no processo de regulamentação da profissão psicólogo. Nessa mesma época, conheceu a professora Carolina Martuscelli Bori (1924-2004), com quem trabalhou e de quem se tornou amiga pessoal.

Em 1961, seu último ano de sua formação, conheceu o professor Fred S. Keller quando ele esteve no Brasil para ministrar aulas na USP na condição de professor visitante. Maria Amélia frequentou as aulas ministradas por Keller e participou do seu curso de Psicologia Experimental com conteúdo programático em Análise Experimental do Comportamento, acompanhado de exercícios práticos de laboratório. Nesse período, Maria Amélia colaborou na montagem do primeiro laboratório de pesquisa em Análise Experimental do comportamento do país, e na correção da tradução de textos estrangeiros sobre a análise do comportamento.

Sob o incentivo de Keller, viajou aos Estados Unidos em 1962, onde cursou pós-graduação em Análise Experimental do Comportamento/Psicologia Experimental na Columbia University, e lá permaneceu até 1969. Em sua formação pós-graduada, foi orientada no doutorado pelo professor William Nat Schoenfeld, ilustre autor e mestre em Análise do Comportamento. Em 1969, retornou ao Brasil e iniciou as suas atividades como docente da Universidade de São Paulo. Maria Amelia foi conhecida como uma exímia e generosa professora, formadora do pensamento crítico e de atitudes científicas, e influenciou muitos pesquisadores.

Participou ativamente de sociedades científicas, em especial da Sociedade Brasileira de Psicologia, da qual foi secretária na primeira gestão (logo após a transformação da Sociedade de Psicologia de Ribeirão Preto em SBP) e à qual imprimiu estilo de organização. De 1980 a 1981, foi vice-presidente da Sociedade de Psicologia de São Paulo.

Maria Amelia foi uma das pioneiras da Psicologia no Brasil, tendo ajudado a construí-la na forma como a conhecemos hoje. Faleceu dia 17 de maio de 2005, aos 66 anos de idade, em decorrência de câncer.

ContribuiçõesEditar

Participante da primeira turma de psicologia da Universidade de São Paulo, Maria Amélia iniciou sua contribuição direta à psicologia brasileira após sua pós-graduação na Columbia University em Nova Iorque, Estados Unidos. Atuando como professora universitária, contribuiu amplamente na expansão do programa de pós-graduação em Psicologia Experimental da Universidade de São Paulo, onde criou o primeiro laboratório do país em Análise Experimental do Comportamento. Ao longo de uma extensa atuação em trabalhos de editoria e assessoria de publicações científicas nacionais e internacionais, Maria Amelia cooperou na formação de muitos pesquisadores.

Em Análise do Comportamento, particularmente, Maria Amelia foi uma indiscutível referência como pesquisadora que deixa um expressivo volume de publicações de impacto. Formou mestres e doutores que hoje atuam em diversos centros de ensino e pesquisa do país. Deixou relevantes contribuições em aspectos teóricos e conceituais do Behaviorismo. Experimentalmente, lidou com processos comportamentais e de aprendizagem em linhas de pesquisa sobre controle de estímulos (discriminações simples, discriminações condicionais, equivalência de estímulos), controle aversivo, comportamento verbal, comportamento governado por regras. Realizou pesquisas básicas com animais e passou a investigar, em humanos, processos comportamentais subjacentes à leitura recombinativa a partir de unidades mínimas. Contribuiu com técnicas de observação do comportamento, tendo produzido pesquisas, desenvolvido métodos, medidas, catálogos e livros. Publicou também um livro didático para o ensino de Análise Experimental do Comportamento que reflete a sua experiência acumulada no ensino de atividades de laboratório.

TeoriasEditar

Maria Amélia Matos privilegiou em sua vida a atuação na linha behaviorista, operando ativamente na área e obtendo parte de sua formação no berço behaviorista, os Estados Unidos, com nomes importantes do comportamentalismo. Em uma de suas afirmativas, ela diz: “em experimentação você precisa cobrir todos os detalhes” (Morais, 1999, p.49). Assim, realizou pesquisas, desenvolveu conceitos e teorias nesta área de atuação, contribuindo assim para a expansão dessa visão no Brasil - especialmente no estado de São Paulo.

Cronologia BiográficaEditar

1939: Nascimento em 14 de abril, em Birigui – São Paulo;

1957: Mudança para capital do estado de São Paulo;

1958: Ingresso na primeira turma de psicologia da Universidade de São Paulo;

1961: Conhece o professor Fred S. Keller e sob seu incentivo muda-se para os Estados Unidos no ano seguinte;

1962: Muda-se para os Estados Unidos para realizar sua pós-graduação;

1969: Forma-se na pós-graduação em Análise Experimental do Comportamento/Psicologia Experimental na Columbia University;

1969: Retorna ao Brasil e começa a atuar como professora na Universidade de São Paulo;

1980/81: Atuação como vice-presidente da Sociedade de Psicologia de São Paulo;

1981: Publicação do texto “A ética de exercício de controles aversivos”;

2005: Morre em 17 de maio, após uma longa luta contra o câncer.

Quem influenciouEditar

Maria Amélia Matos possuiu uma ampla atuação no campo da pós-graduação, auxiliando amplamente na produção e edição de publicações científicas. Formou mais de 30 mestres e 30 doutores que atualmente de diversas formas contribuem para o ensino ou a pesquisa no Brasil.

Prêmios e reconhecimentosEditar

2005- Homenagem na Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva

2010- Homenagem na Revista USP

Ver tambémEditar

Behaviorismo

Fred Keller

ReferênciasEditar

ASSIS, F. R. P. de; DELITTI, M.; LIMA, M. V. de O. Homenagem a Maria Amélia Matos. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, [S. l.], v. 7, n. 1, p. 1–3, 2005. DOI: 10.31505/rbtcc.v7i1.37. Disponível em: https://rbtcc.webhostusp.sti.usp.br/index.php/RBTCC/article/view/37. Acesso em: 26 jun. 2022.

MATOS, Maria Amelia. Contingências para a Análise Comportamental no Brasil. Psicologia Usp, [S.L.], v. 9, n. 1, p. 89-100, 1998. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0103-65641998000100014.

OXFORD UNIVERSITY PRESS. American National Biography supplement 2. 2005. Editado por Mark C. Carnes. Disponível em:  https://books.google.com.br/books?id=wZczV8ZxgL4C&pg=PA306&redir_esc=y#v=onepage&q&f=false. Acesso em: 25 jun. 22.

TOMANARI, G. Y.; DEBERT, P. Apresentação do Dossiê em homenagem à Maria Amelia Matos. Psicologia USP, [S. l.], v. 21, n. 2, p. 235-239, 2010. DOI: 10.1590/S0103-65642010000200002. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/psicousp/article/view/42044. Acesso em: 26 jun. 2022.

TOMANARI, Gerson Yukio. Notícia: maria amelia matos (1939-2005). Psicologia: Teoria e Pesquisa, [S.L.], v. 21, n. 2, p. 255-256, ago. 2005. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0102-37722005000200016.

TOMANARI, Gerson Yukio. Saudades de Maria Amelia Matos. Bol. psicol, São Paulo, v. 57, n. 127, p. 259-262, dez.  2007.   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0006-59432007000200011&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 28  jun.  2022.

TOMANARI, Gerson Yukio. We Lost A Leader: Maria Amelia Matos (1939–2005). 2006. Spring; 29(1): 109–112.. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2223174/. Acesso em: 25 jun. 22.

AutoriaEditar

Verbete criado inicialmente por Anna Clara Domingues, Clara Lyra Santos e Elisa André dos Santos como exigência parcial para a disciplina de História da Psicologia da UFF de Rio das Ostras. Criado em 2022.1, publicado em 2022.1