Teste de Atenção Concentrada (AC)

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O Teste de Atenção Concentrada (AC) é um teste criado pelo sociólogo e psicólogo Suzy Vijande Cambraia, em 1967, em São Paulo, que avalia a capacidade de um indivíduo de manter a atenção concentrada e sustentada, além de examinar outras capacidades neuropsicológicas como percepção, orientação espacial e processamento rápido de informações.

História

Apresentação do autor

Suzy Vijande Cambraia (1928/1929-7 de abril de 2016) foi um psicólogo, sociólogo e especialista em administração de recursos humanos formado pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, onde estudou disciplinas de psicologia, como Psicologia Geral e Psicotécnica. Em agosto de 1962, com a implementação da Lei 4119, popularmente denominada como a Lei dos Psicólogos, fez com que Cambraia complementasse seus estudos na USP, e obteve seu registro definitivo do MEC em 1963. Foi presidente da então Sociedade de Psicologia de São Paulo, hoje nomeada Associação de Psicologia de São Paulo, e ajudou a constituir, junto com colegas de profissão de diversos estados, o Conselho Federal de Psicologia.

Antecedentes do AC

Considerado o primeiro teste psicológico de atenção, o teste de Bourdon foi concebido em 1895 e consistia em marcar, em uma página, todas as letras “A” do texto apresentado e posteriormente diferenciar figuras onde cada uma possuía um pequeno segmento que se sobressaía de um de seus ângulos ou dos lados. Ao final do teste, a avaliação da atenção era composta por três indicações: o número de quadros marcados, o tempo realizado para a atividade e o número de faltas e de erros cometidos.

O Teste de Atenção Concentrada de Toulouse-Piéron (TP), desenvolvido por Henri Piéron juntamente com Édouard Toulouse em 1904, foi um dos mais populares testes no Brasil desde sua integração à área psicológica do país, principalmente em disciplinas de avaliação nos cursos de graduação. Nos meados de 1960, o teste Toulouse-Piéron era o único instrumento de atenção concentrada no Brasil.

Criação do AC

O Teste de Atenção Concentrada (AC) foi publicado pela primeira vez em 1967. Seu objetivo primordial era de retestar candidatos que já haviam sido testados pelo Teste de Toulouse-Piéron, até então o único utilizado no Brasil.

Suzy Cambraia teve a ideia de criar um teste de sucesso a partir da necessidade de desenvolver um método que avaliasse toda a atenção do indivíduo, respaldando tudo que estivesse no seu exterior.

O psicólogo/ sociólogo percebeu que o ser humano ao realizar suas atividades cotidianas merecia muita atenção no que estava sendo realizado no momento, isso foi importante para o desenvolvimento do Teste AC. Os indivíduos que não tinham uma atenção plena ao realizarem seus afazeres estavam mais suscetíveis a errar e causar acidentes.

O diferencial do teste criado por Suzy em relação com seus antecedentes é que o seu Teste de Atenção não mantinha uma sequência das figuras para que o indivíduo que estivesse realizando conseguisse perceber. Para isso, a localização dos símbolos a serem cancelados foram sorteadas ao acaso.

Constructo avaliado

A partir de pesquisas bibliográficas foi capaz de apurar as distinções e igualdade entre os vários tipos de atenção. Verificou-se que a categorização da atenção no Brasil é diferente do que é categorizado no exterior. Porém, ao proceder uma pesquisa mais apurada pode-se perceber algumas semelhanças e alguns erros na literatura brasileira. Em uma primeira avaliação pode-se perceber que as atenções concentrada e sustentada possuem uma indefinição nas delimitações de seus construtos ocasionada pela complementaridade. Em resumo, construtos diferentes, terminologias diferentes, porém faltam descrições mais específicas e claras.

Alguns autores classificam como sendo iguais, atenção seletiva e a atenção dividida, já que possuem terminologias diferentes e construtos diferentes, sendo ambas bem delimitadas.  A atenção seletiva requer apenas um foco e a manutenção dele mesmo, enquanto a dividida busca a sustentação da atenção do indivíduo enquanto é exposto a vários estímulos. A atenção seletiva aparece novamente em confusão com  atenção discriminativa. Alguns autores definem atenção seletiva com o mesmo construto que outros autores definem a atenção discriminativa, mudando apenas a terminologia.

Já as definições de atenção difusa e atenção alternada são diferentes, mas a prática pode ser confundida. O que nos mostra novamente uma indefinição de delimitações de construtos, principalmente quanto ao construto de atenção difusa que se revela ambíguo.

Atenção Concentrada no Brasil

Fica mais evidente a falta de clareza nos manuais dos testes psicológicos. Autores no Brasil debatem no que diz respeito à dimensão da atenção. Mesmo sendo a atenção um dos construtos mais estudados e falados no mundo, dentre os próprios acadêmicos há profissionais e teóricos uma inconclusão sobre a área do construto e suas divisões.

A mais usada internacionalmente foi criada por Sohlberg e Mateer em 1989 que enquadra um sistema clínico de atenção separando em cinco esse construto: atenção concentrada, alternada, seletiva, dividida e sustentada (que pode ser de vigilância ou memória de trabalho)

E no Brasil existem cinco divisões mais relevantes no que diz respeito à abrangência da atenção de acordo com os testes psicológicos mais evidentes e comercializados: concentrada,  dividida, difusa, sustentada e discriminativa. Mesmo para aqueles autores que fazem essa divisão é complexo elaborar com clareza a definição de cada uma. Já que muitos dos pesquisadores trabalham com as atenções concentrada e sustentada como um único construto, pois, para muitos teóricos, a linha que distingue esses conceitos é extremamente tênue.

Modo de avaliação

Dentro de um local adequado o material necessário para a aplicação do teste é uma caneta esferográfica ou um lápis e um cartão resposta. A versão atual conta com duas variáveis importantes: a orientação espacial e a cor. Há três estímulos estilizados (símbolos), a partir de um triângulo com a ponta em flecha e se apresenta com três posições e cores diferentes. Desta forma o teste avalia os erros cometidos por ação e por omissões, alcançando um resultado bruto que é classificado por meio das normas percentílicas por escolaridade.

Edições e outras versões

AC-15 - Teste de atenção concentrada. Boccalandro (2003) se propõe a medir a atenção concentrada a partir da tarefa de examinar duplas de palavras ou números separados em duas colunas e avaliar se essas duplas são iguais ou diferentes em um curto período de tempo. Verifica-se nesse teste a velocidade perceptiva, fadiga e resistência à monotonia.

Teste D2 - Atenção concentrada. Brickenkamp (2000) apresenta um teste no qual a tarefa do analisado é marcar em um curto período de tempo três sinais determinados dentre outros sinais apresentados.

Teste AC - Atenção concentrada. Cambraia (2003) propõe verificar a atenção do indivíduo a partir de uma tarefa de cancelamento. O sujeito deve localizar, entre todos os símbolos da folha, os 3 apresentados como modelos.

TDAH - Escala de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Publicado em 2000 pela editora Casa do psicólogo.

Utilização hoje

O Teste de Atenção Concentrada (AC) é de imensa importância e popularidade no Brasil. Ele é predominantemente utilizado para a obtenção/renovação de habilitação (CNH), além de atuar na área de recursos humanos para o recrutamento de funcionários. Ademais, existe uma crescente exploração da utilização do teste em crianças e adolescentes para a avaliação neuropsicológica dos mesmos.

Referências

ALCHIER, João Carlos; LUNKES, Carla Luci Klein; ZIMMER, Débora. Toulouse-Piéron: Atualizações de Resultados para o Estado Do Rio Grande Do Sul. Avaliação Psicológica, [S. l.], p. 111-118, 2002.

AZAMBUJA, Luciana Schermann. Bateria Neuropsicológica para adultos com TDAH. Canoas, Rio Grande do Sul, 2009. p.3

CAMBRAIA, S. V. O Teste de Atenção Concentrada AC. Manual. São Paulo: Vetor Editora; 2009.

BENCZIK, Edyleine Bellini Peroni; LEAL, Graziella Ceregatti; CARDOSO, Tábata. A utilização do teste de atenção concentrada (AC) para a população infanto-juvenil: uma contribuição para a avaliação neuropsicológica. Rev. psicopedag.,  São Paulo ,  v. 33, n. 100, p. 37-49,   2016 .   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862016000100005&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  20  jan.  2022.

BRAGA, Juliana Leão. Atenção concentrada e atenção difusa: elaboração de instrumentos de medida. Dissertação apresentada ao programa de pós graduação em Psicologia Social do Trabalho e das organizações, Faculdade de Brasília. Brasília, p.74,  Junho de 2007.

DA SILVA, Marlene Alves. Atenção Concentrada: Normas Para Uma Região Da Bahia – Brasil. Revista De Estudios E Investigación En Psicología Y Educación, Vitória da Conquista, Bahia, p. 1-5, 4 jan. 2015.

HUR, Domenico Uhng. Políticas da Psicologia de São Paulo: As Entidades durante o período do regime militar à redemocratização do país. Orientador: Profa. Associada Maria Inês Assumpção Fernandes. Dissertação (Mestre em Psicologia) - Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005. p. 258-267.

RUEDA, Fabián Javier Marín; CASTRO, Nelimar Ribeiro de. Evidência de validade de coNstruto convergente para o Teste de Atenção Dividida - TEADI. Est. Inter. Psicol.,  Londrina ,  v. 1, n. 2, p. 141-158, jun.  2010 .   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2236-64072010000200002&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  20  jan.  2022.

Autoria

Verbete criado inicialmente por Alessandra Carneiro Guimarães, Evellyn Ferreira De Lima, Laura Maia Vieira, Marianne De Sousa Goncalves como exigência parcial para a disciplina de Psicologia e História Social do Trabalho da UFF de Rio das Ostras. Criado em 2021.2, publicado em 2022.2