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Eliezer Schneider, nascido na cidade do Rio de Janeiro em 18 de outubro de 1916, filho de Scylla e Jacob Schneider, foi bacharel em Ciências Sociais e Jurídicas e mestre em Psicologia. Sua atuação profissional foi voltada principalmente à formação de psicólogos e pós-graduação, sendo um dos primeiros professores do curso de Psicologia na UFRJ e outras universidades. Faleceu em 26 de agosto de 1998, na cidade do Rio de Janeiro.  
Eliezer Schneider, nascido na cidade do Rio de Janeiro em 18 de outubro de 1916, filho de Scylla e Jacob Schneider, foi bacharel em Ciências Sociais e Jurídicas e mestre em Psicologia. Sua atuação profissional foi voltada principalmente à formação de psicólogos e pós-graduação, sendo um dos primeiros professores do curso de Psicologia da UFRJ e outras universidades. Faleceu em 26 de agosto de 1998, na cidade do Rio de Janeiro.  


==Biografia==
==Biografia==
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Em 1941, ingressou na Psicologia através de um concurso do DASP (Departamento de Administração do Serviço Público) para “Técnico de Assuntos Educacionais”, também na Universidade do Brasil. Nessa época, os cursos de psicologia ainda não eram regulamentados no Brasil, algo que só ocorre em 1962.
Em 1941, ingressou na Psicologia através de um concurso do DASP (Departamento de Administração do Serviço Público) para “Técnico de Assuntos Educacionais”, também na Universidade do Brasil. Nessa época, os cursos de psicologia ainda não eram regulamentados no Brasil, algo que só ocorre em 1962.


Após um período nos Estados Unidos, tornou-se mestre pela Iowa University, tendo defendido a tese sobre as teorias emergentistas da personalidade (1947). Voltando ao Brasil, ingressou como psicotécnico no ISOP (Instituto de Seleção e Orientação Profissional da Fundação Getúlio Vargas), em 1949.
Após um período nos Estados Unidos, tornou-se mestre pela Iowa University, tendo defendido a tese sobre as teorias emergentistas da personalidade (1947). Voltando ao Brasil, ingressou como psicotécnico no [[Instituto de Seleção e Orientação Profissional (ISOP)|ISOP]] (Instituto de Seleção e Orientação Profissional da Fundação Getúlio Vargas), em 1949.


Eliezer pensou em retornar aos EUA para realizar seu doutorado, mas, logo após a aprovação da Iowa University, recebeu um aviso do Departamento de Estado de que seu ingresso ao país estava vetado. Isso ocorre porque estava em vigor o Macartismo e seus envolvimentos com a Juventude Comunista o tornaram alguém sem muito prestígio.
Eliezer pensou em retornar aos EUA para realizar seu doutorado, mas, logo após a aprovação da Iowa University, recebeu um aviso do Departamento de Estado de que seu ingresso ao país estava vetado. Isso ocorre porque estava em vigor o Macartismo e seus envolvimentos com a Juventude Comunista o tornaram alguém sem muito prestígio.


Em 1951, casou-se com Guiomar e teve um filho, Jean Bayard. Se mudou para Porto Alegre (onde permaneceu entre 1953 e 1954), trabalhando como professor na PUC-RS e como psicotécnico no Departamento de Estradas de Rodagem. Ainda nesse ano, Schneider criou, junto a Antônio Gomes Penna, o Boletim do Instituto de Psicologia.
Em 1951, casou-se com Guiomar e teve um filho, Jean Bayard. Se mudou para Porto Alegre (onde permaneceu entre 1953 e 1954), trabalhando como professor na PUC-RS e como psicotécnico no Departamento de Estradas de Rodagem. Ainda nesse ano, Schneider criou, junto a [[Antonio Gomes Penna]], o Boletim do Instituto de Psicologia.


Retornou ao Rio de Janeiro, local onde trabalhou em diversas fontes diferentes, tornando-se Diretor do Colégio Hebreu Brasileiro e psicólogo do Manicômio Judiciário.
Retornou ao Rio de Janeiro, local onde trabalhou em diversas fontes diferentes, tornando-se Diretor do Colégio Hebreu Brasileiro e psicólogo do Manicômio Judiciário.


Na metade dos anos 50, as discussões sobre a regulamentação da profissão do psicólogo estavam em pleno fervor. Nessa época, surgem discordâncias entre diversos personagens, as quais giravam em torno de fazer da psicologia uma ciência “prática” ou “teórica”. Com isso, Schneider é chamado para atuar como mediador da discussão, mas a função não obtém sucesso. Mesmo assim, cria-se uma comissão para a proposição de um anteprojeto sobre o tema, a qual Eliezer é chamado a compor. Da mesma, surge a Lei 4.119, que regulamenta a profissão e os cursos, além do Parecer 43/62, que estabelece o currículo mínimo do curso de psicologia.  
Na metade dos anos 50, as discussões sobre a regulamentação da profissão do psicólogo estavam em pleno fervor. Nessa época, surgem discordâncias entre diversos personagens, as quais giravam em torno de fazer da psicologia uma ciência “prática” ou “teórica”. Com isso, Schneider é chamado para atuar como mediador da discussão, mas a função não obtém sucesso. Mesmo assim, cria-se uma comissão para a proposição de um anteprojeto sobre o tema, a qual Eliezer é chamado a compor. Da mesma, surge a Lei 4.119, que regulamenta a profissão e os cursos de psicologia, além do Parecer 43/62, que estabelece o currículo mínimo do curso de psicologia.  


A regulamentação da profissão ocorreu em 1962 e, após isso, diversos cursos foram criados. Eliezer torna-se um dos primeiros professores em alguns deles: na UFRJ, local onde já trabalhava, UERJ, FAHUPE (Faculdade de Humanidades Pedro II) e Universidade Gama Filho. Em todas elas, permaneceu com um esforço: integrar a disciplina de Psicologia Jurídica nos currículos. Trabalhou também com a pós-graduação no ISOP, IEASE (Instituto De Ensino Superior Albert Einstein), UFRJ e UGF.
A regulamentação da profissão ocorreu em 1962 e, após isso, diversos cursos foram criados. Eliezer torna-se um dos primeiros professores em alguns deles: na UFRJ, local onde já trabalhava, UERJ, FAHUPE (Faculdade de Humanidades Pedro II) e Universidade Gama Filho. Em todas elas, permaneceu com um esforço: integrar a disciplina de Psicologia Jurídica nos currículos. Trabalhou também com a pós-graduação no ISOP, IEASE (Instituto De Ensino Superior Albert Einstein), UFRJ e UGF.
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==Contribuições==  
==Contribuições==  


Sua principal contribuição à Psicologia foi a formação de uma geração de professores de Psicologia Social que rompem com o paradigma individualista tão característico da nova ciência. Paradigma este que exclui completamente o contexto social do sujeito e, munido do ideal de livre arbítrio, iguala juridicamente todos os indivíduos. Schneider imputa a seus graduandos a relevância dos fatores econômicos, socioculturais, políticos e históricos na análise do comportamento, principalmente do comportamento infrator. Sua influência enquanto docente é reafirmada quando leva-se em consideração que o professor orienta cerca de 40 dissertações e teses e, pelo menos, cento e cinquenta comissões examinadoras. E, embora seja também pesquisador, destaca-se pela docência, o que exerce até o fim de sua vida.  
Sua principal contribuição à Psicologia foi a formação de uma geração de professores de Psicologia Social que rompem com o paradigma individualista tão característico da nova ciência. Paradigma este que excluiria completamente o contexto social do sujeito e, munido do ideal de livre arbítrio, igualaria juridicamente todos os indivíduos. Schneider imputa a seus graduandos a relevância dos fatores econômicos, socioculturais, políticos e históricos na análise do comportamento, principalmente do comportamento infrator. Sua influência enquanto docente é reafirmada quando leva-se em consideração que o professor orientou cerca de 40 dissertações e teses e, pelo menos, cento e cinquenta comissões examinadoras. E, embora tenha sido também pesquisador, destacou-se pela docência, o que exerce até o fim de sua vida.  


Schneider inclusive é convidado a compor a comissão de anteprojeto, a partir do qual, após posteriores contribuições, surge a Lei 4.119, que regulamenta a profissão de psicólogo e seus cursos. Aqui explicitando seu esforço para incluir a disciplina de Psicologia Jurídica no currículo dos cursos. Com isso, contribui não só para a criação da profissão de psicólogo, mas principalmente para um novo fazer e saber psicológico, muito caracterizado pela transversalidade com sociologia. Eis então o berço da Psicologia Social.  
Schneider inclusive é convidado a compor a comissão de anteprojeto, a partir do qual, após posteriores contribuições, surge a Lei 4.119, que regulamenta a profissão de psicólogo e seus cursos. Além disso, é notável seu esforço para incluir a disciplina de Psicologia Jurídica no currículo dos cursos. Com isso, contribui não só para a criação da profissão de psicólogo, mas principalmente para um novo fazer e saber psicológico, muito caracterizado pela transversalidade com a sociologia. Eis então o berço da Psicologia Social.  


==Cronologia Biográfica==
==Cronologia Biográfica==
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1954: Psicologista e “Técnico de Assuntos Educacionais”, no Manicômio Judiciário Heitor Carrilho.
1954: Psicologista e “Técnico de Assuntos Educacionais”, no Manicômio Judiciário Heitor Carrilho.


1965: Professor Titular do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho, do Instituto de Psicologia da UFRJ.
1965: Professor Titular do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho, do [[Instituto de Psicologia da UFRJ]].


1967: Professor Titular de Psicologia Geral e Experimental de cursos de graduação de Psicologia, da Universidade de Gama Filho.
1967: Professor Titular de Psicologia Geral e Experimental de cursos de graduação de Psicologia, da Universidade de Gama Filho.
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Quando se trata da relação de Eliezer Schneider com outros personagens, é imprescindível citar Antonio Gomes Penna — importante precursor da psicologia brasileira — que foi o seu grande amigo por cerca de cinquenta anos e que se juntou editorialmente para escrever, em 1951, o Boletim do Instituto de Psicologia e artigos em muitas outras revistas.
Quando se trata da relação de Eliezer Schneider com outros personagens, é imprescindível citar Antonio Gomes Penna — importante precursor da psicologia brasileira — que foi o seu grande amigo por cerca de cinquenta anos e que se juntou editorialmente para escrever, em 1951, o Boletim do Instituto de Psicologia e artigos em muitas outras revistas.


Entre outras amizades, estão Edu Viana Guerra, técnico em educação que se juntou a Eliezer na criação de uma revista de psicologia em que publicaram artigos regularmente, e Franco Lo Presti Seminério, que em conjunto com Eliezer Schneider e outros psicólogos atuaram na institucionalização da psicologia.
Entre outras amizades, estão Edu Viana Guerra, técnico em educação que se juntou a Eliezer na criação de uma revista de psicologia em que publicaram artigos regularmente, e [[Franco Lo Presti Seminério]], que em conjunto com Eliezer Schneider e outros psicólogos atuaram na institucionalização da psicologia.


No ano 1965, o professor Hans Ludwig Lippmann, convidou Eliezer Schneider para lecionar psicologia social na Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Em relação a Psicologia Social, Eliezer toma como inspiração Otto Klineberg, psicólogo canadense e professor. Ele fora também orientado por [[Mira y López|Emilio Mira y López]] em um trabalho de seleção importante no Instituto Rio Branco e também por Jayme Grabois nas atividades de psicologia.
No ano 1965, o professor [[Hans Ludwig Lippmann]], convidou Eliezer Schneider para lecionar psicologia social na Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Em relação a Psicologia Social, Eliezer toma como inspiração [[Otto Klineberg]], psicólogo canadense e professor. Ele fora também orientado por [[Mira y López|Emilio Mira y López]] em um trabalho de seleção importante no Instituto Rio Branco e também por [[Jayme Grabois]] nas atividades de psicologia.


==Ver também==
==Ver também==


*[[Antonio Gomes Penna]]
*[[Mira y López|Emilio Mira y López]]
*[[Franco Lo Presti Seminério]]
*[[Hans Ludwig Lippmann]]
*[[Instituto de Psicologia da UFRJ]]
*[[Instituto de Psicologia da UFRJ]]
*[[Instituto de Seleção e Orientação Profissional (ISOP)]]
*[[Jayme Grabois]]
*[[Otto Klineberg]]


==Referências==
==Referências==


#ELIEZER Schneider. [https://doi.org/10.1590/S1414-98932004000200014 Psicologia: Ciência e Profissão]. 2004, v. 24, n. 2, pp. 137.
#ELIEZER Schneider. [https://doi.org/10.1590/S1414-98932004000200014 Psicologia: Ciência e Profissão]. 2004, v. 24, n. 2, pp. 137.
#JACÓ-VILELA, A. [https://www.scielo.br/j/epsic/a/y8sjCBJxRgBM8s3DsH568bC/?lang=pt# Eliezer Schneider. Estudos de Psicologia.] 1997, v. 2, n. 1, pp. 109-134.
#JACÓ-VILELA, A. [https://www.scielo.br/j/epsic/a/y8sjCBJxRgBM8s3DsH568bC/?lang=pt# Eliezer Schneider]. '''Estudos de Psicologia'''. 1997, v. 2, n. 1, pp. 109-134.
#JACÓ-VILELA, A. [https://www.scielo.br/j/epsic/a/WMqgpcLPgqwWjq6LwNj5cSt/?format=pdf&lang=pt Eliezer Schneider: um esboço biográfico]. Estudos de Psicologia. 1999, v. 4, n. 2, pp. 331-350.
#JACÓ-VILELA, A. [https://www.scielo.br/j/epsic/a/WMqgpcLPgqwWjq6LwNj5cSt/?format=pdf&lang=pt Eliezer Schneider: um esboço biográfico]. '''Estudos de Psicologia'''. 1999, v. 4, n. 2, pp. 331-350.
#LIMA, Renato Sampaio. [https://doi.org/10.1590/S1984-02922009000200014 História da psicologia social no Rio de Janeiro: dois importantes personagens]. '''Fractal: Revista de Psicologia''', 2009, v. 21, n. 2, pp. 409-423.
#LIMA, Renato Sampaio. [https://doi.org/10.1590/S1984-02922009000200014 História da psicologia social no Rio de Janeiro: dois importantes personagens]. '''Fractal: Revista de Psicologia''', 2009, v. 21, n. 2, pp. 409-423.
#VASCONCELLOS, Maira Allucham Goulart Naves Trevisan. [http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-549X2019000100010 Algumas repercussões do posicionamento político-ideológico na carreira profissional de Eliezer Schneider]. '''Revista Psicologia Política''', São Paulo, v. 19, n. 44, p. 88-96, abr. 2019.
#VASCONCELLOS, Maira Allucham Goulart Naves Trevisan. [http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-549X2019000100010 Algumas repercussões do posicionamento político-ideológico na carreira profissional de Eliezer Schneider]. '''Revista Psicologia Política''', São Paulo, v. 19, n. 44, p. 88-96, abr. 2019.