Adelheid Lucy Koch: mudanças entre as edições

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Adelheid Lucy Koch nasceu em Berlim (Alemanha) em 16 de outubro de 1896. Foi uma médica formada pela Universidade de Berlim e pioneira da psicanálise no Brasil. Sua vinda para o novo território é fruto da perseguição antissemita que sofria por ter origem judaica. Ficou conhecida por difundir os saberes que circulavam na Europa sobre a psicanálise freudiana no Brasil. Fez parte do grupo dos primeiros analistas brasileiros, o que foi essencial para fundar a Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP).  
Adelheid Lucy Koch nasceu em Berlim (Alemanha) em 16 de outubro de 1896. Foi uma médica formada pela Universidade de Berlim e pioneira da psicanálise no Brasil. Sua vinda para o novo território foi fruto da perseguição antissemita que sofria por ter origem judaica. Ela ficou conhecida por difundir os saberes que circulavam na Europa sobre a psicanálise freudiana no Brasil e fez parte do grupo dos primeiros analistas brasileiros, o que foi essencial para a fundação da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP).  


==Biografia==
==Biografia==


Adelheid Koch graduou-se em Medicina na Universidade de Berlim em 1924 e, posteriormente, submeteu-se a análise - por quatro anos e meio - com Otto Fenichel para ingressar como candidata no Instituto de Psicanálise de Berlim (1929), tornando-se membro em 1935. Com a ameaça de uma Segunda Guerra Mundial, e com a intensificação do antissemitismo e do regime Nazista na Alemanha, Adelheid, de origem judia e, portanto, sofria as consequências das perseguições à sua etnia aliada à sua condição profissional de psicanalista - refém das queimas dos livros de Freud, origem judaica e alvo da arianização das instituições médicas-, decide vir ao Brasil. Ademais, foi convidada para vir ao país para exercer a função de analista-didata e participar da formação de novos psicanalistas..
Adelheid Koch graduou-se em Medicina na Universidade de Berlim em 1924 e, posteriormente, submeteu-se a análise - por quatro anos e meio - com Otto Fenichel para ingressar como candidata no Instituto de Psicanálise de Berlim (1929), onde tornou-se membro em 1935. Com a ameaça de uma Segunda Guerra Mundial e com a intensificação do antissemitismo e do regime Nazista na Alemanha, além dos episódios de queimas dos livros de Freud e da arianização das instituições médicas, Adelheid, que possuía origem judaica e que, portanto, sofria as consequências das perseguições à sua etnia aliada à sua condição profissional de psicanalista, decide vir ao Brasil após ser convidada para vir ao país para exercer a função de analista-didata e participar da formação de novos psicanalistas.


Em 1936, a Dra. Koch chega ao novo país com sua família e, sem nenhum contato com a língua portuguesa, tem, de início, dificuldades em se adaptar ao novo lar, como retrata sua filha Eleonora: " acho que foi difícil por causa da língua. Eles não sabiam como se comportar. A coisa não é só a língua falada, mas é a gente entender a coisa extraverbal" (KOCH, 1994, p.18). Diante disso, Adelheid só irá entrar em contato com Durval Marcondes para iniciar seus trabalhos no ano seguinte, em julho de 1937.
Em 1936, a Dra. Koch chega ao novo país com sua família e ,por não possuir contato com a língua portuguesa, tem de início dificuldades em se adaptar ao novo lar, como retrata sua filha Eleonora: "Acho que foi difícil por causa da língua. Eles não sabiam como se comportar. A coisa não é só a língua falada, mas é a gente entender a coisa extraverbal" (KOCH, 1994, p.18). Diante disso, Adelheid só entra em contato com [http://wiki.historiadapsicologia.com.br/index.php?title=Durval_Marcondes Durval Marcondes] para iniciar seus trabalhos no ano seguinte, em julho de 1937.


Seus primeiros candidatos a análise foram algumas das pessoas que contribuíram para a formação do primeiro núcleo psicanalítico da América Latina. Isso pois, como as ideias ainda eram muito recentes no Brasil, ela teve que assumir a postura de analista e professora. Dentre esses candidatos encontram-se figuras importantes para o movimento psicanalítico no Brasil, como Darcy Uchôa, Virgínia Bicudo, Flávio Dias e etc. Esse grupo almejava integrar-se na IPA (Associação Internacional de Psicanálise), uma tarefa que demandava tempo e dedicação.
Seus primeiros candidatos à análise foram algumas das pessoas que contribuíram para a formação do primeiro núcleo psicanalítico da América Latina. Como as ideias ainda eram muito recentes no Brasil, ela teve que assumir a postura de analista e professora. Dentre esses candidatos, encontram-se figuras importantes para o movimento psicanalítico no Brasil, como Darcy Uchôa, [http://wiki.historiadapsicologia.com.br/index.php?title=Virg%C3%ADnia_Bicudo Virgínia Bicudo] e Flávio Dias. Esse grupo almejava integrar-se na IPA (Associação Internacional de Psicanálise), uma tarefa que demandava tempo e dedicação.


No dia 9 de outubro de 1943, a Dra. Koch enviou uma carta a Ernest Jones, que presidia a IPA, para que os psicanalistas formados pelo núcleo se tornassem membros de uma filial do IPA. Dois meses depois Jones respondeu e concordou em aceitar tais nomes indicados, pavimentando o terreno da fundação do Grupo Psicanalítico de São Paulo em 1944, que foi reconhecido definitivamente como filial apenas no ano de 1951. Assim, a Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP) tornou-se um marco muito significativo para a psicanálise brasileira, atingindo níveis clínicos e científicos inimagináveis na década de 1970 e de 1980.
No dia 9 de outubro de 1943, a Dra. Koch enviou uma carta a Ernest Jones, que presidia a IPA, solicitando que os psicanalistas formados pelo núcleo psicanalítico da América Latina se tornassem membros de uma filial da IPA. Dois meses depois, Jones respondeu e concordou em aceitar tais nomes indicados, pavimentando o terreno da fundação do Grupo Psicanalítico de São Paulo em 1944, que foi reconhecido definitivamente como filial apenas no ano de 1951. Assim, a Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP) tornou-se um marco muito significativo para a psicanálise brasileira, atingindo níveis clínicos e científicos inimagináveis na década de 1970 e de 1980.


Em uma viagem à Inglaterra em 1948, Adelheid assistiu seminários de psicanalistas, dentre eles a de Anna Freud, e entrou em contato com a teoria de Melanie Klein, constatando que: “ a aproximação do ponto de vista kleiniano é bem mais natural e fácil pra mim do que imaginei, e estou aprendendo muito” (KOCH, 1994, p.20). Isto representa a visão não ortodoxa da Dra. Koch em relação à psicanálise, pois além de estudar a fundo a teoria de Freud, se permitiu conhecer teorias diferentes e que impactaram na sua atuação como a própria Melanie Klein e outros autores como Ferenczi e Bion.  
Em uma viagem à Inglaterra em 1948, Adelheid assistiu seminários de psicanalistas, dentre eles a de Anna Freud, e entrou em contato com a teoria de Melanie Klein, constatando que: “ a aproximação do ponto de vista kleiniano é bem mais natural e fácil pra mim do que imaginei, e estou aprendendo muito” (KOCH, 1994, p.20). Isto representa a visão não ortodoxa da Dra. Koch em relação à psicanálise, pois além de estudar a fundo a teoria de Freud, se permitiu conhecer teorias diferentes e que impactaram na sua atuação como a própria Melanie Klein e outros autores como Ferenczi e Bion.  
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==Ver também==
==Ver também==
http://wiki.historiadapsicologia.com.br/index.php?title=Durval_Marcondes
[http://wiki.historiadapsicologia.com.br/index.php?title=Durval_Marcondes Durval Marcondes]


http://wiki.historiadapsicologia.com.br/index.php?title=Virg%C3%ADnia_Bicudo
[http://wiki.historiadapsicologia.com.br/index.php?title=Virg%C3%ADnia_Bicudo Virgínia Bicudo]


==Referências==
==Referências==
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