Konrad Zacharias Lorenz nasceu em Viena, Áustria, em 7 de novembro de 1903. Desde a infância, teve grande interesse no comportamento animal. Apesar da graduação em Medicina, manteve ativo seu interesse na zoologia, utilizando a observação como método de pesquisa. Realizou estudos que envolviam fisiologia, psicologia e comportamento, o que contribuiu no desenvolvimento da Etologia, ciência que estuda o comportamento animal. Recebeu o Nobel da Medicina e Fisiologia em 1973, pelas contribuições à ciência do comportamento. Faleceu em 27 de fevereiro de 1989 em Viena.

BiografiaEditar

Konrad Zacharias Lorenz nasceu em 7 de novembro de 1903, em Viena. O seu pai, Adolf Lorenz (1854-1946), foi um médico cirurgião ortopédico reconhecido internacionalmente, fruto da introdução de técnica cirúrgica para correção de displasias no fêmur, o que deu a ele considerável retorno financeiro. A sua mãe, Emma Lecher (1861-1938), era de uma família abastada e ligada à classe intelectual vienense, cuja fortuna vinha da edição de jornais em Viena. Além de Konrad, o casal Adolf e Emma Lorenz tiveram outro filho, Albert, que optou pela medicina e, assim como o pai, tornou-se cirurgião ortopédico.

Em sua infância, Lorenz viveu em uma mansão cercada pela natureza, o que estimulou seu interesse na criação e observação de animais. Ele gostava de acompanhar o comportamento das aves, observando-as na sua vida livre. A observação futuramente teria grande repercussão em sua trajetória como pesquisador.

Sua educação formal se inicia aos seis anos, em instituições privadas de ensino frequentadas pela elite da sociedade vienense. Ao terminar o ensino secundário, entra em conflito com o seu pai, que desejava ver seu filho cursando medicina e que desistisse da Zoologia. Além disso, o pai queria impedir o casamento de seu filho com Margareth Gebhardt, filha do jardineiro, na qual julgava não ser apropriado. Assim, Lorenz foi enviado para a Universidade de Columbia, em Nova Iorque, para o curso de medicina. Entretanto, voltou poucos meses depois.

Medicina e zoologiaEditar

De volta a Viena, Lorenz acabou cursando medicina (1923-1928) tal como o pai desejava, porém, manteve seu interesse pela zoologia em seus estudos em anatomia comparada. Ao término do curso, Lorenz trabalhou no Instituto Anatómico de Viena com Ferdinand Hochstetter.

Seu pai autorizou o casamento com Margareth em 1927. Mais tarde, sua esposa também formou-se em medicina.

Lorenz escreveu seu primeiro artigo científico em 1927, para o Journal fur Ornithologie. Posteriormente, escreveu outros trabalhos sobre ornitologia. Seu doutorado, em 1933, foi sobre o voo de aves. No período de 1935 a 1940, escreveu diversos artigos, entre eles sobre comportamento instintivo e imprint.

Em 1940, Lorenz chegou a Königsberg para exercer seu primeiro cargo acadêmico, ocupando a cadeira que fora de Immanuel Kant. No entanto, sua convocação ao serviço militar no ano seguinte interrompeu essa função. Ainda assim, publicou vários trabalhos nesse período.

Nazismo e a Segunda Guerra MundialEditar

A participação e adesão de Lorenz ao nazismo é espaço de discussão entre pesquisadores. O próprio declarou-se ingênuo diante do discurso nazista.

Há pesquisadores que argumentam que Lorenz teria sido seduzido pelo discurso de progresso, ciência e futuro presente no nazismo, sem ter aderido ao antissemitismo.

Entretanto, há evidências de que sua participação atendia a seus interesses e estava afinado ao discurso majoritário na época. A eugenia foi um tema abordado por Lorenz, que utilizava as comparações com animais para alertar sobre o risco do declínio genético nos seres humanos e de como a vida moderna impediria a seleção natural. No período de 1938 a 1943, publicações de Lorenz demostram adesão a ideologia nazista.

Foram discursos como esses que o nazismo, sob chancela científica, promoveu os programas de eutanásia e esterilização de indivíduos considerados com desordens incapacitantes, levando também ao ao extermínio em massa de seres humanos.

Após convocação militar, em 1941, Lorenz serviu como médico psiquiatra militar na frente oriental durante a Segunda Guerra. Foi capturado e feito prisioneiro pelo exército vermelho em 1944, permanecendo preso até 1947.

Durante a prisão, conseguiu criar animais e continuar sua observação do comportamento animal. Assim, rascunhou a primeira versão de sua mais importante obra, “Die Riickseite des Spiegels”, finalizada somente 30 anos depois, trabalho este que influenciou a epistemologia evolutiva.

Produção acadêmica durante o nazismoEditar

A influência ideológica na obra de Lorenz é objeto de discussão acadêmica. No período nazista, Lorenz publicou 13 artigos, dos quais 7 guardam aproximação com a ideologia nazista. Alguns desses artigos estão em destaque a seguir.

  • "Uber Ausfallserscheinungen im Instinktverhalten von Haustieren und ihre sozialpsychologische Bedeutung”, in Charakter und Erziehung: 16. Kongress der Deutschen Gesellschaft f k Psychologie in Bayreuth, ed. Otto Klemm (Leipzig: J. A. Barth, 1939), pp. 139-147. [“Deficiency Phenomena in the Instinctive Behavior of Domestic Animals and their Social-psychological Meaning”] - Artigo sobre os efeitos deletérios da genética em animais e sua analogia a comportamento humano qualitativamente inferior.
  • Systematik und Entwicklungslehre im Unterricht”, Der Biologe 9 (1940): 24- 36. [“Systematology and Evolutionary Theory in Teaching”] - A revista Der Biologie foi fundada em 1931 para atender os biólogos alemães. Tinha em seu corpo editorial membros das SS (Esquadrão de Proteção) e do departamento de política racial do governo nazista. O artigo de Lorenz argumentava que o ensino da teoria da evolução ao jovem alemão era compatível com a política de governo. Para o autor, o povo alemão era superior culturalmente aos demais povos, o que justificaria uma atuação ativa e protetiva contra a decadência genética. Lorenz acreditava que, diante da ausência de seleção natural nas sociedades modernas, o ser humano entraria em declínio da qualidade genética.
  • Durch Domestikation verursachte Störungen arteigenen Verhaltens”, Zeitschrift f l r angewandte Psychologie und Charakterkunde 59 (1940): 1-8-1. [“Domestication-caused Disturbances in Species-specific Behavior"] - Lorenz escreveu sobre os efeitos deletérios da domesticação na genética. Mutações genéticas estariam ligadas às condições de vida tanto de animais domesticados como do ser humano na vida moderna. Assim, a eliminação desses elementos causadores ou mantenedores das mutações seria fundamental e preventivo na proteção da raça.
  • Psychology und Stammesgeschichte”, in Die Evolution der Organismen, ed. G. Heberer (Jena: G. Fischer, 1943): 105- 127. [“Psychology and Phylogeny”] - Nesse artigo, Lorenz comparou aspectos do comportamento instintivo entre animais e seres humanos. Para ele, o aumento na taxa de reprodução entre o que classificava como classe inferior estaria ligado a fatores inatos.
  • Die angeborenen Formen möglicher Erfahrung”, Zeitschrift für Tierpsychologie 5 (1943): 235-409. [“The Innate Forms of Possible Experience”] - Nesse artigo, Lorenz argumentou que os indivíduos com as características mais importantes da sociedade alemã seriam responsáveis em defender e manter a qualidade e pureza da raça, uma vez que a vida doméstica aumentaria o risco de declínio genético.

Do pós-guerra ao fim da vidaEditar

Lorenz regressou à Áustria em 1947. Entretanto, sua conexão com o nazismo foi um obstáculo para conseguir trabalho como pesquisador na Europa no pós-guerra. Estimulado por amigos, escreveu um livro não acadêmico e destinado ao público geral sobre animais, o “Er redete mit dem Vieh, den Vögeln und den Fischen”, cuja tradução em inglês foi “King Solomon's ring”. Com o sucesso de vendas e aumento da visibilidade de Lorenz, ocorreu maior busca por seus artigos e interesse na etologia.

Assim, Lorenz foi convidado pela Sociedade Max Planck para criar um Abteilung für Verhaltensphysiologie em Buldem, na Vestefália, no norte da Alemanha, mudando-se em 1950. Em 1952, a Sociedade Max Planck ampliou a verba e criou um novo instituto em Seewiesen, a sudoeste de Munique.

Foi um período no qual Lorenz cristalizou sua importância no mundo como etologista. Esse reconhecimento é demonstrado pela grande quantidade de distinções, prêmios e diplomas honorários que recebeu.

Em 1973, foi recompensado com o Prémio Nobel da Medicina e Fisiologia, junto com Tinbergen e Von Frisch. Lorenz utilizou o valor recebido para construir um aquário gigante e, assim, continuar sua observação e pesquisa. Como resultado, publicou dois livros: “Die acht Todsünden der zivilisierten Menschheit" (1973) e “Der Abbau des Menschlichen" (1983).

Durante a década de 1970, destaca-se seu papel nas questões ambientais. Teve importante papel na oposição à construção da usina nuclear em Zwentendorf, Áustria.

TeoriaEditar

AgressividadeEditar

A agressividade para Lorenz seria o instinto de luta, existente em humanos e animais, cujo objeto seria seus pares. Para Lorenz, esse comportamento foi importante para preservação das espécies pela seleção natural, pois a disputa por território teria a luta como resolutivo e selecionador. É evidente a inspiração da seleção natural de Darwin na teoria de Lorenz.

Um outro aspecto benéfico seria o comportamento de proteção aos filhotes, garantindo a continuidade da espécie.

Lorenz argumentava que outros comportamentos de agressividade foram modificados, como os movimentos ritualísticos que foram incorporados à espécie por meio da genética. O ato de sorrir, por exemplo, teria origem no comportamento ritualizado de submissão intra-específico.

Lorenz, semelhante a Darwin, acreditava que a agressividade humana foi herança de antepassados antropoides. Para Lorenz, na natureza encontra-se comportamentos de submissão, o que evitaria a morte. Entretanto, este comportamento está ausente na vida moderna de seres humanos, dessa forma, a agressão poderia levar à morte.

ImprintingEditar

O imprinting é a maneira na qual o aprendizado interfere nas escolhas sociais e sexuais. Lorenz desenvolveu essa teoria a partir da observação de filhotes de pato que, ao eclodirem do ovo, reconheciam e seguiam seus pais. Esse mecanismo poderia ser substituído por outra espécie em um processo de imprinting filial.

Lorenz afirmava que o imprinting ocorre apenas na fase crítica do desenvolvimento inicial. O imprinting é rápido, irreversível e imutável, afetando as respostas filiais e sexuais.

A teoria do instintoEditar

Essa teoria, elaborada na década de 1930, objetivava um olhar amplo sobre o comportamento. Discordava do behaviorismo, na qual os animais nasciam sem informações prévias e o aprendizado seria por tentativa e erro. Para Lorenz, os comportamentos, mesmo os complexos como a caça, surgem de forma independente no desenvolvimento como comportamentos inatos.

Lorenz diferenciou instinto e aprendizagem. O instinto seria inato e independente da experiência, enquanto o aprendizado resultaria da experiência. Outra distinção foi entre reflexo e instinto, na qual o instinto requer fase apetitiva e consumatória, enquanto o reflexo requer um eliciador além da proporcionalidade entre estímulo e resposta.

Lorenz observou que o padrão fixo de ação guardava relação entre o tempo da última ação e o estímulo. Quanto maior o tempo de impedimento da ação, maior a probabilidade de ocorrer diante de estímulos mais sutis. Esse tipo de comportamento foi denominado de “Energia Específica de Ação” ou “Potencial Específico de Ação”.

Cognição e comportamentoEditar

A cognição está presente na pesquisa de Lorenz como nos estudos sobre aprendizagem, evolução e saber inato entre animais. Para Lorenz, a vida envolve processos de energia e cognição na relação com o ambiente. Assim, as funções cognitivas seriam o resultado da evolução. A cognição também ocorre no instinto, na qual um estímulo induz um padrão de resposta.

Processos cognitivos simples vinculam-se a informações instantâneas, sem obrigação de apreender a informação, tal como ocorre em seres de menor complexidade (protozoários, por exemplo).

Formas de cognição complexas envolvem a abstração. A construção da imagem do mundo nos humanos e animais depende do processo adaptativo da relação causa e efeito entre os mecanismos cognitivos e o meio. Portanto, para determinado evento a posteriori seria necessário um sistema a priori, o que possibilitaria a experiência. Lorenz argumentava que só era possível perceber e pensar devido ao inato.

Lorenz pensava a cognição em termos filogenéticos. Uma mais primitiva, que lidaria com informações imediatas e sem real necessidade de armazenar a informação. A capacidade em armazenar informações seria a base de funções como memória e aprendizagem. Já a informação instantânea é a base dos mecanismos de homeostase e de orientação. Portanto, a cognição além da percepção e representação do espaço e tempo é resultante da interação do sistema nervoso e órgãos do sentido.

Relação com outros personagens ou teorias/influênciasEditar

Na elaboração do conceito de agressividade, Lorenz teve duas grandes influências: a seleção natural de Darwin e o pesquisador William James, que em sua obra “Principles of Psychology" (1890) abordou as ideias sobre instintos e reflexos.

Na conceituação sobre instinto, Lorenz se inspirou em autores como Wallace Craig, Heinroth, Von Uexkull e, possivelmente, Freud. No campo da Psicologia, a Gestalt foi a mais impactante na obra de Lorenz.

A Epistemologia evolutiva, que envolve a Biologia, Filosofia e Sociologia, foi objeto de interesse acadêmico por Lorenz. A epistemologia da ciência, principalmente a obra de  Karl Popper, foi outra influência para Konrad Lorenz.

Para Lorenz, sua teoria se aproximava com a filosofia de Kant, Hume, Spencer e outros que discutiam as representações humanas internas, a capacidade de categorizar e a representação da realidade.

A relação com a filosofia kantiana envolvia o conceito de a priori. A representação interior e o mundo exterior era, para Lorenz, resultante de processos seletivos do mundo interior e seu correspondente adaptativo exterior.

ObrasEditar

  1. King Solomon's Ring (1949). (Er redete mit dem Vieh, den Vögeln und den Fischen, 1949).
  2. Man Meets Dog (1950). (So kam der Mensch auf den Hund, 1950).
  3. Evolution and Modification of Behaviour (1965).
  4. On Aggression (1966). (Das sogenannte Böse. Zur Naturgeschichte der Agression, 1963).
  5. Studies in Animal and Human Behavior, Volume I (1970).
  6. Studies in Animal and Human Behavior, Volume II (1971).
  7. Motivation of Human and Animal Behavior: An Ethological View. With Paul Leyhausen (1973). New York: D. Van Nostrand Co.
  8. Behind the Mirror: A Search for a Natural History of Human Knowledge (1973). (Die Rückseite des Spiegels. Versuch einer Naturgeschichte menschlichen Erkennens, 1973).
  9. Civilized Man's Eight Deadly Sins (1974). (Die acht Todsünden der zivilisierten Menschheit, 1973).
  10. The Year of the Greylag Goose (1979). (Das Jahr der Graugans, 1979).
  11. The Foundations of Ethology (1982).
  12. Here Am I - Where Are You? - The Behavior of the Greylag Goose (In collaboration with Michael Martys and Angelika Tipler). (1988).
  13. The Natural Science of the Human Species: An Introduction to Comparative Behavioral Research - The Russian Manuscript (1944–1948) (1995).

CríticasEditar

Umas das principais críticas que concerne a obra de Lorenz afirma que a existência de comportamentos que independem do aprendizado não os torna exclusivamente inatos, pois não é possível excluir a participação do aprendizado nos processos ontogenéticos no desenvolvimento no ovo ou útero. Essa possibilidade torna a observação uma tarefa difícil.

Alguns estudos quantitativos demonstram que o comportamento não segue um padrão fixo, tal como proposto por Lorenz.

Outro ponto criticado é o argumento a respeito da violência humana e ausência de fatores inibitórios na sociedade. Pesquisas demonstram que a agressividade na mesma espécie não é rígida e sim adaptativa ao meio. Logo, Lorenz teria se equivocado ao pensar que a agressão intra-específica com resultado na morte seria inibida na natureza.

Prêmios e reconhecimentosEditar

  • 1962: Diploma honorário, Universidade de Leeds.
  • 1964: Membro estrangeiro da Royal Society of London.
  • 1966: Associado Estrangeiro da Academia Nacional de Ciências, U.S.A.
  • 1966: Diploma honorário, Universidade de Basileia.
  • 1967: Diploma honorário, Universidade de Yale.
  • 1968: Diploma honorário, Universidade de Oxford.
  • 1970: Pour le Merite (Ordem de Mérito Alemã).
  • 1970: Diploma de honra, Universidade de Chicago.
  • 1972: Diploma de honra, Universidade de Durham.
  • 1973: Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia.
  • 1974: Diploma honorário, Universidade de Birmingham.
  • 1974: Professor Honorário, Universidade de Salzburgo.
  • 1980: Diploma honorário, Universidade de Viena.
  • 1983: Prémio de Cavaleiro da Cidade de Viena.
  • 1983: Diploma de honra, Universidade de Salzburgo.

Ver tambémEditar

ReferênciasEditar

  1. CASTILHO, Fernando Moreno. Konrad Lorenz, Charles Darwin e os efeitos da agressividade na preservação das espécies. Filosofia e História da Biologia, v. 14, n. 2, p. 159-180, 2019.
  2. GARCIA, Agnaldo. Cognição e evolução: a contribuição de Konrad Lorenz. Ciências & Cognição, v. 4, p. 89-100, 2005.
  3. KALIKOW, Theo J. Konrad Lorenz's “brown past”: A reply to Alec Nisbett. 1978.
  4. KREBS, John Richard; SJÖLANDER, Sverre. Konrad Zacharias Lorenz, 7 November 1903-27 February 1989. 1992.
  5. ZUANON, Átima Clemente Alves. Instinto, etologia e a teoria de Konrad Lorenz. Ciência & Educação, v. 13, n. 03, p. 337-349, 2007.
  6. LORENZ, Konrad Z. Biographical. NobelPrize.org. Acessado em: 18 abr. 2024.

AutoriaEditar

Verbete criado inicialmente por Daniel Washington Evangelista, como exigência parcial para a disciplina de História da Psicologia da UFF de Rio das Ostras. Criado em 2023.2. publicado em 2024.1.

Revisado e publicado por Gunther Mafra Guimarães, bolsista de extensão pela Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal Fluminense (PROEX-UFF), tendo assim recebido financiamento.