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==Biografia== | ==Biografia== | ||
===Formação=== | ===Formação=== | ||
Nise da Silveira nasceu em Maceió, Alagoas, em 15 de fevereiro de 1905. Seu pai, Faustino Magalhães, era professor de matemática e jornalista, diretor do Jornal de Alagoas; e sua mãe, Lídia da Silveira, era pianista. Nise realizou seus primeiros estudos no Colégio Santíssimo Sacramento em Maceió, instituição que era coordenada por freiras e exclusiva para meninas. Em 1921, aos 16 anos, entrou para a Faculdade de Medicina da Bahia, onde concluiu o curso aos 21 anos, como única mulher entre os 157 homens da turma de 1926 e tendo como tese de monografia de final de curso o Ensaio sobre a criminalidade da mulher no Brasil (https://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/29508 | Nise da Silveira nasceu em Maceió, Alagoas, em 15 de fevereiro de 1905. Seu pai, Faustino Magalhães, era professor de matemática e jornalista, diretor do Jornal de Alagoas; e sua mãe, Lídia da Silveira, era pianista. Nise realizou seus primeiros estudos no Colégio Santíssimo Sacramento em Maceió, instituição que era coordenada por freiras e exclusiva para meninas. Em 1921, aos 16 anos, entrou para a Faculdade de Medicina da Bahia, onde concluiu o curso aos 21 anos, como única mulher entre os 157 homens da turma de 1926 e tendo como tese de monografia de final de curso o Ensaio sobre a criminalidade da mulher no Brasil (https://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/29508</nowiki>). Foi durante a época de formação que conheceu o médico sanitarista Mário Magalhães da Silveira, seu colega de turma na faculdade e, posteriormente, esposo, com quem viveu até seu falecimento em 1986.'''<sup>[1]</sup>''' | ||
Já órfã de mãe e após enfrentar o falecimento do pai, Nise muda-se para o Rio de Janeiro em 1927, onde passou a ter contato com intelectuais de esquerda e com as atividades do Partido Comunista Brasileiro ao frequentar meios artísticos, políticos e literários. Em 1933, estagiou na clínica neurológica de Antônio Austregésilo e, no mesmo ano, foi aprovada em um concurso público para trabalhar como psiquiatra no Serviço de Assistência a Psicopatas e Profilaxia Mental, no Hospital da Praia Vermelha.'''<sup>[2]</sup>''' | Já órfã de mãe e após enfrentar o falecimento do pai, Nise muda-se para o Rio de Janeiro em 1927, onde passou a ter contato com intelectuais de esquerda e com as atividades do Partido Comunista Brasileiro ao frequentar meios artísticos, políticos e literários. Em 1933, estagiou na clínica neurológica de Antônio Austregésilo e, no mesmo ano, foi aprovada em um concurso público para trabalhar como psiquiatra no Serviço de Assistência a Psicopatas e Profilaxia Mental, no Hospital da Praia Vermelha.'''<sup>[2]</sup>''' | ||
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As principais obras publicadas pela Doutora Nise da Silveira estão listadas abaixo: | As principais obras publicadas pela Doutora Nise da Silveira estão listadas abaixo: | ||
* Jung: Vida e Obra. Rio de Janeiro, 1968. | *Jung: Vida e Obra. Rio de Janeiro, 1968. | ||
* Terapêutica Ocupacional: Teoria e Prática, 1979 | *Terapêutica Ocupacional: Teoria e Prática, 1979 | ||
* Imagens do Inconsciente. Rio de janeiro, 1981 | *Imagens do Inconsciente. Rio de janeiro, 1981 | ||
* Casa das Palmeiras. A emoção de lidar. Uma experiência em psiquiatria. Rio de janeiro, 1986 | *Casa das Palmeiras. A emoção de lidar. Uma experiência em psiquiatria. Rio de janeiro, 1986 | ||
* O mundo das imagens. São Paulo, 1992 | *O mundo das imagens. São Paulo, 1992 | ||
* Cartas a Spinoza. Rio de Janeiro, 1995 | *Cartas a Spinoza. Rio de Janeiro, 1995 | ||
* Gatos – A Emoção de Lidar. Rio de Janeiro, 1998 | *Gatos – A Emoção de Lidar. Rio de Janeiro, 1998 | ||
Além dessas obras, Nise da Silveira possui artigos publicados em diversas Revistas e jornais, tais como: | Além dessas obras, Nise da Silveira possui artigos publicados em diversas Revistas e jornais, tais como: | ||
* Estado mental dos afásicos. Revista de Medicina, Cirurgia e Farmácia. Rio de Janeiro, 1944 | *Estado mental dos afásicos. Revista de Medicina, Cirurgia e Farmácia. Rio de Janeiro, 1944 | ||
* Considerações teóricas sobre ocupação terapêutica. Revista de Medicina, Cirurgia e Farmácia. Rio de Janeiro, 1952. | *Considerações teóricas sobre ocupação terapêutica. Revista de Medicina, Cirurgia e Farmácia. Rio de Janeiro, 1952. | ||
* Contribuição aos estudos dos efeitos da leucotomia sobre a atividade criadora. Revista de Medicina, Cirurgia e Farmácia. Rio de Janeiro, 1955. | *Contribuição aos estudos dos efeitos da leucotomia sobre a atividade criadora. Revista de Medicina, Cirurgia e Farmácia. Rio de Janeiro, 1955. | ||
* C. G. Jung e a psiquiatria. Revista Brasileira de Saúde Mental, 1962. | *C. G. Jung e a psiquiatria. Revista Brasileira de Saúde Mental, 1962. | ||
* 20 anos de Terapêutica Ocupacional em Engenho de Dentro (1946-1966). Revista Brasileira de Saúde Mental, 1966. | *20 anos de Terapêutica Ocupacional em Engenho de Dentro (1946-1966). Revista Brasileira de Saúde Mental, 1966. | ||
* Perspectiva da Psicologia de C. G. Jung. Revista Tempo Brasileiro, 1970. | *Perspectiva da Psicologia de C. G. Jung. Revista Tempo Brasileiro, 1970. | ||
* O Museu de Imagens do Inconsciente – história. In: Museu de Imagens do Inconsciente. Coleção Museus Brasileiros. Rio de Janeiro, 1980. | *O Museu de Imagens do Inconsciente – história. In: Museu de Imagens do Inconsciente. Coleção Museus Brasileiros. Rio de Janeiro, 1980. | ||
* Retrospectiva de um trabalho vivido no Centro Psiquiátrico Pedro II. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, São Paulo, IX (1), p. 138-150, 2006. (trabalho original publicado nos Anais do XIV Congresso Nacional de Neurologia, Psiquiatria e Higiene Mental. Maceió, 1979). | *Retrospectiva de um trabalho vivido no Centro Psiquiátrico Pedro II. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, São Paulo, IX (1), p. 138-150, 2006. (trabalho original publicado nos Anais do XIV Congresso Nacional de Neurologia, Psiquiatria e Higiene Mental. Maceió, 1979). | ||
* 40 anos do Museu de Imagens do Inconsciente. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 1992. | *40 anos do Museu de Imagens do Inconsciente. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 1992. | ||
A tese de doutoramento da Nise, “Ensaio sobre a criminalidade da mulher no Brasil”, está disponível neste '''link''' (https://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/29508 | A tese de doutoramento da Nise, “Ensaio sobre a criminalidade da mulher no Brasil”, está disponível neste '''link''' (https://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/29508</nowiki>). | ||
==Prêmios e conquistas== | ==Prêmios e conquistas== | ||
Nise foi membro fundadora da Sociedade Internacional de Expressão Psicopatológica ("Societé Internationale de Psychopathologie de l'Expression"), com sede em Paris. Sua pesquisa em terapia ocupacional e o entendimento do processo psiquiátrico através das imagens do inconsciente deram origem a diversas exibições, filmes, documentários, audiovisuais, cursos, simpósios, publicações e conferências. Em reconhecimento a seu trabalho, Nise foi agraciada com diversas condecorações, títulos e prêmios em diferentes áreas do conhecimento, entre eles: | Nise foi membro fundadora da Sociedade Internacional de Expressão Psicopatológica ("Societé Internationale de Psychopathologie de l'Expression"), com sede em Paris. Sua pesquisa em terapia ocupacional e o entendimento do processo psiquiátrico através das imagens do inconsciente deram origem a diversas exibições, filmes, documentários, audiovisuais, cursos, simpósios, publicações e conferências. Em reconhecimento a seu trabalho, Nise foi agraciada com diversas condecorações, títulos e prêmios em diferentes áreas do conhecimento, entre eles: | ||
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Nise da Silveira estudou no "Instituto Carl Gustav Jung" em dois períodos: de 1957 a 1958; e de 1961 a 1962'''<sup>[1]</sup>'''. No primeiro período, em 1957, Nise é convidada por Jung para passar um ano estudando com ele no Instituto Junguiano, na Suíça. Lá, foi estimulada pelo mestre a apresentar no II Congresso Internacional de Psiquiatria, em Zurique, no mesmo ano, uma exposição com as pinturas e modelagens de seus pacientes esquizofrênicos que ocupavam as sessões de terapia ocupacional no então Centro Psiquiátrico do Rio de Janeiro.'''<sup>[3]</sup>''' | Nise da Silveira estudou no "Instituto Carl Gustav Jung" em dois períodos: de 1957 a 1958; e de 1961 a 1962'''<sup>[1]</sup>'''. No primeiro período, em 1957, Nise é convidada por Jung para passar um ano estudando com ele no Instituto Junguiano, na Suíça. Lá, foi estimulada pelo mestre a apresentar no II Congresso Internacional de Psiquiatria, em Zurique, no mesmo ano, uma exposição com as pinturas e modelagens de seus pacientes esquizofrênicos que ocupavam as sessões de terapia ocupacional no então Centro Psiquiátrico do Rio de Janeiro.'''<sup>[3]</sup>''' | ||
Esta exposição ocupou cinco salas e chamou-se “A Esquizofrenia em Imagens'' | Esta exposição ocupou cinco salas e chamou-se “A Esquizofrenia em Imagens''</nowiki>, além de ter, na presença e entusiasmo de Jung, reconhecimento e prestígio. Jung documentava a linguagem simbólica do inconsciente coletivo, e nada mais eloquente que sua manifestação na arte espontânea e desengajada nascida dos esquizofrênicos. Ao mesmo tempo, Nise teve a oportunidade de encontrar uma explicação para aquelas figuras e temas tão recorrentes e, assim, ter acesso a uma metacomunicação que abria para ela segredos da esquizofrenia. Neste encontro em Zurique, Jung conheceu as teorias de Nise sobre a esquizofrenia e o tratamento realizado pela mesma através da terapêutica ocupacional.'''<sup>[4]</sup>''''' | ||
Foi ainda neste período que Nise iniciou sua análise com Marie Louise von Franz, também em Zurique, seguida de sua colaboradora, a psiquiatra Alice Marques dos Santos. Nise voltaria para Zurique novamente nos anos 1961-62 e depois em 1964, amparada por bolsa cedida pela OMS.'''<sup>[3]</sup>''' | Foi ainda neste período que Nise iniciou sua análise com Marie Louise von Franz, também em Zurique, seguida de sua colaboradora, a psiquiatra Alice Marques dos Santos. Nise voltaria para Zurique novamente nos anos 1961-62 e depois em 1964, amparada por bolsa cedida pela OMS.'''<sup>[3]</sup>''' | ||
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==Referências== | ==Referências== | ||
'''1''' ARRUDA, Lauro. '''Nise da Silveira: uma psiquiatra rebelde.''' Hospital do Coração. Disponível em: <http://www.hospitaldocoracao.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=226:nise-da-silveira-uma-psiquiatra-rebelde&catid=48:nomes-da-medicina&Itemid=120 | '''1''' ARRUDA, Lauro. '''Nise da Silveira: uma psiquiatra rebelde.''' Hospital do Coração. Disponível em: <http://www.hospitaldocoracao.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=226:nise-da-silveira-uma-psiquiatra-rebelde&catid=48:nomes-da-medicina&Itemid=120</nowiki>>. | ||
'''2''' MAGALDI, Felipe. 2019. '''Das memórias de Nise da Silveira no hospital psiquiátrico do Engenho de Dentro.''' Mana, 25(3): 635-665. https://doi.org/10.1 | '''2''' MAGALDI, Felipe. 2019. '''Das memórias de Nise da Silveira no hospital psiquiátrico do Engenho de Dentro.''' Mana, 25(3): 635-665. https://doi.org/10.1 | ||
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'''<sup>5</sup>''' FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). '''Nise da Silveira – uma psiquiatra rebelde.''' Templo Cultural Delfos, maio/2016. Disponível em: http://www.elfikurten.com.br/2016/05/nise-da-silveira.html?m=1 Acesso em: 21 set. 2020. | '''<sup>5</sup>''' FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). '''Nise da Silveira – uma psiquiatra rebelde.''' Templo Cultural Delfos, maio/2016. Disponível em: http://www.elfikurten.com.br/2016/05/nise-da-silveira.html?m=1 Acesso em: 21 set. 2020. | ||
'''<sup>6</sup>''' CASTRO, Eliane Dias de; LIMA, Elizabeth Maria Freire de Araújo. '''Resistência, inovação e clínica no pensar e no agir de Nise da Silveira.''' Interface (Botucatu), Botucatu, v. 11, n. 22, p. 365-376, Aug. 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-32832007000200017&lng=en&nrm=iso.Acesso | '''<sup>6</sup>''' CASTRO, Eliane Dias de; LIMA, Elizabeth Maria Freire de Araújo. '''Resistência, inovação e clínica no pensar e no agir de Nise da Silveira.''' Interface (Botucatu), Botucatu, v. 11, n. 22, p. 365-376, Aug. 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-32832007000200017&lng=en&nrm=iso.Acesso</nowiki> em: 30 out. 2020. https://doi.org/10.1590/S1414-32832007000200017 | ||
'''<sup>7</sup>''' JACÓ-VILELA, A. M., and OLIVEIRA, D. M., orgs. '''Clio-Psyché: discursos e práticas na história da psicologia (online).''' Rio de Janeiro: EDUERJ, 2018, 361 p. ISBN 978-85-7511-498-8 Disponível em: doi: 10.7476/9788575114988. Também disponível em:http://books.scielo.org/id/27bn3/epub/jaco-9788575114988.epub | '''<sup>7</sup>''' JACÓ-VILELA, A. M., and OLIVEIRA, D. M., orgs. '''Clio-Psyché: discursos e práticas na história da psicologia (online).''' Rio de Janeiro: EDUERJ, 2018, 361 p. ISBN 978-85-7511-498-8 Disponível em: doi: 10.7476/9788575114988. Também disponível em:http://books.scielo.org/id/27bn3/epub/jaco-9788575114988.epub | ||
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==Autoria== | ==Autoria== | ||
Verbete criado inicialmente por: Bruno Stael, Carolina Silva, Danielle da Silva, Larissa Heckert, Maria Carolina, como exigência parcial para a disciplina de Estudos Avançados Em História da Psicologia da UFF de Rio das Ostras. Criado em 2020.2, publicado em 2021.1 | Verbete criado inicialmente por: Bruno Stael, Carolina Silva, Danielle da Silva, Larissa Heckert, Maria Carolina, como exigência parcial para a disciplina de Estudos Avançados Em História da Psicologia da UFF de Rio das Ostras. Criado em 2020.2, publicado em 2021.1 | ||
[[Categoria:Personagens]] |