Nise da Silveira: mudanças entre as edições

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No Setor de Terapia Ocupacional (STO) do hospital psiquiátrico do Engenho de Dentro a psiquiatra revolucionou o tratamento dos pacientes psiquiátricos, ao utilizar técnicas humanizadas que estimulavam a liberdade, criatividade, prazer, expressividade, dignidade e afetividade, através de atividades recreativas, culturais, criativas e expressivas.'''<sup>[9]</sup>'''
No Setor de Terapia Ocupacional (STO) do hospital psiquiátrico do Engenho de Dentro a psiquiatra revolucionou o tratamento dos pacientes psiquiátricos, ao utilizar técnicas humanizadas que estimulavam a liberdade, criatividade, prazer, expressividade, dignidade e afetividade, através de atividades recreativas, culturais, criativas e expressivas.'''<sup>[9]</sup>'''


Foi discípula de Carl Gustav Jung e fundou o Museu de Imagens do Inconsciente (MII), a Casa das Palmeiras e o Grupo de Estudos Carl Jung.'''<sup>[2]</sup>'''
Foi discípula de Carl Gustav Jung e fundou o [[Museu de imagens do inconsciente|Museu de Imagens do Inconsciente (MII)]], a Casa das Palmeiras e o Grupo de Estudos Carl Jung.'''<sup>[2]</sup>'''


A psiquiatra alagoana faleceu no Rio de Janeiro em outubro de 1999, aos 94 anos, por conta de uma insuficiência respiratória aguda. Nise da Silveira não chegou a constituir um movimento organizado em torno de seu nome, nenhuma escola ou doutrina foi proposta ao longo de seu projeto médico-científico. Entretanto, houve uma construção de pessoas, instituições e materialidades em torno de sua vida e obra, que persiste até os dias de hoje.'''<sup>[2]</sup>'''
A psiquiatra alagoana faleceu no Rio de Janeiro em outubro de 1999, aos 94 anos, por conta de uma insuficiência respiratória aguda. Nise da Silveira não chegou a constituir um movimento organizado em torno de seu nome, nenhuma escola ou doutrina foi proposta ao longo de seu projeto médico-científico. Entretanto, houve uma construção de pessoas, instituições e materialidades em torno de sua vida e obra, que persiste até os dias de hoje.'''<sup>[2]</sup>'''
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Apenas três meses depois de assumir a direção do STO, em 1946, uma exposição das produções artísticas dos pacientes foi promovida por Nise. Este foi o início de uma série de mostras que seriam realizadas no Brasil e no exterior.'''<sup>[3]</sup>'''
Apenas três meses depois de assumir a direção do STO, em 1946, uma exposição das produções artísticas dos pacientes foi promovida por Nise. Este foi o início de uma série de mostras que seriam realizadas no Brasil e no exterior.'''<sup>[3]</sup>'''


Como as produções do ateliê de pintura continuavam a pleno vapor e o acervo de obras aumentavam cada vez mais, foi inaugurado o '''Museu de Imagens do Inconsciente (MII)''', nas instalações do Hospital Psiquiátrico do Engenho de Dentro (Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II), em 1952. O objetivo era organizar e catalogar o material. A partir disso, foi possível, também, empreender inúmeras pesquisas tendo como base as produções criativas dos pacientes'''<sup>[6]</sup>'''. Atualmente, o MII conta com um acervo de 350 mil obras'''<sup>[3]</sup>''', e funciona como centro de pesquisa sobre arte e loucura, além de realizar práticas educativas e museográficas.'''<sup>[2]</sup>'''
Como as produções do ateliê de pintura continuavam a pleno vapor e o acervo de obras aumentavam cada vez mais, foi inaugurado o '''[[Museu de imagens do inconsciente|Museu de Imagens do Inconsciente (MII)]]''', nas instalações do Hospital Psiquiátrico do Engenho de Dentro (Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II), em 1952. O objetivo era organizar e catalogar o material. A partir disso, foi possível, também, empreender inúmeras pesquisas tendo como base as produções criativas dos pacientes'''<sup>[6]</sup>'''. Atualmente, o MII conta com um acervo de 350 mil obras'''<sup>[3]</sup>''', e funciona como centro de pesquisa sobre arte e loucura, além de realizar práticas educativas e museográficas.'''<sup>[2]</sup>'''


Mais uma vez, pode-se observar a inovação do trabalho de Nise da Silveira, ao realizar o ato inédito, tanto na psiquiatria quanto na cultura brasileira, de transformar pessoas com condições psiquiátricas em artistas reconhecidos.  A psiquiatra conseguiu, por meio do MII, fazer com que as produções realizadas no Setor de Terapia Ocupacional ultrapassasem o campo da clínica, chegando a um público muito mais amplo.'''<sup>[6]</sup>'''
Mais uma vez, pode-se observar a inovação do trabalho de Nise da Silveira, ao realizar o ato inédito, tanto na psiquiatria quanto na cultura brasileira, de transformar pessoas com condições psiquiátricas em artistas reconhecidos.  A psiquiatra conseguiu, por meio do MII, fazer com que as produções realizadas no Setor de Terapia Ocupacional ultrapassasem o campo da clínica, chegando a um público muito mais amplo.'''<sup>[6]</sup>'''
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Mesmo com as intensas modificações proporcionadas por Nise no Centro Psiquiátrico do Engenho de Dentro, a partir da introdução das novas práticas  no Setor de Terapia Ocupacional, o número de pacientes que voltavam a ser internados era alto. Isso apontava para o fato de que o tratamento deveria contemplar, também, técnicas para preparar as pessoas para a vida social depois da alta institucional.'''<sup>[6]</sup>'''
Mesmo com as intensas modificações proporcionadas por Nise no Centro Psiquiátrico do Engenho de Dentro, a partir da introdução das novas práticas  no Setor de Terapia Ocupacional, o número de pacientes que voltavam a ser internados era alto. Isso apontava para o fato de que o tratamento deveria contemplar, também, técnicas para preparar as pessoas para a vida social depois da alta institucional.'''<sup>[6]</sup>'''
===Grupo de Estudos Carl Jung===
===Grupo de Estudos Carl Jung===
Além do Museu de Imagens do Inconsciente (MII) e da Casa das Palmeiras, Nise fundou o Grupo de Estudos C. G. Jung e realizava reuniões de leitura e pesquisa abertas ao público, em sua própria residência.'''<sup>[2]</sup>'''
Além do [[Museu de imagens do inconsciente|Museu de Imagens do Inconsciente (MII)]] e da Casa das Palmeiras, Nise fundou o Grupo de Estudos C. G. Jung e realizava reuniões de leitura e pesquisa abertas ao público, em sua própria residência.'''<sup>[2]</sup>'''


Assim, as ramificações do trabalho de Nise da Silveira compreendiam o Museu, que preservava as produções artísticas dos pacientes do Setor de Terapia Ocupacional, considerados material para pesquisa; a Casa das Palmeiras, onde se auxiliava a reintegração dos egressos do hospital na vida em sociedade, exercitando sua autonomia; e o Grupo de Estudos Carl G. Jung, destinado aos estudos.'''<sup>[2]</sup>'''
Assim, as ramificações do trabalho de Nise da Silveira compreendiam o Museu, que preservava as produções artísticas dos pacientes do Setor de Terapia Ocupacional, considerados material para pesquisa; a Casa das Palmeiras, onde se auxiliava a reintegração dos egressos do hospital na vida em sociedade, exercitando sua autonomia; e o Grupo de Estudos Carl G. Jung, destinado aos estudos.'''<sup>[2]</sup>'''
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1946: Nise da Silveira funda a Seção de Terapêutica Ocupacional (STO) no Centro Psiquiátrico Nacional de Engenho de Dentro, hoje Instituto Municipal Nise da Silveira.
1946: Nise da Silveira funda a Seção de Terapêutica Ocupacional (STO) no Centro Psiquiátrico Nacional de Engenho de Dentro, hoje Instituto Municipal Nise da Silveira.


1952: O Museu de Imagens do Inconsciente foi inaugurado em 20 de maio.
1952: O [[Museu de imagens do inconsciente|Museu de Imagens do Inconsciente]] foi inaugurado em 20 de maio.


1954: Nise da Silveira escreve carta a Carl Gustav Jung, indagando sobre questões referentes ao simbolismo da mandala. Esse fato marcou a introdução da psicologia junguiana na América Latina.
1954: Nise da Silveira escreve carta a Carl Gustav Jung, indagando sobre questões referentes ao simbolismo da mandala. Esse fato marcou a introdução da psicologia junguiana na América Latina.
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1957: O encontro com Jung. O Museu apresenta a exposição "A Esquizofrenia em Imagens", por ocasião do II Congresso Internacional de Psiquiatria reunido em Zurique, Suíça.
1957: O encontro com Jung. O Museu apresenta a exposição "A Esquizofrenia em Imagens", por ocasião do II Congresso Internacional de Psiquiatria reunido em Zurique, Suíça.


1968:Nise funda o Grupo de Estudos do Museu de Imagens do Inconsciente. Publicação do livro “Jung: vida e obra”.
1968:Nise funda o Grupo de Estudos do [[Museu de imagens do inconsciente|Museu de Imagens do Inconsciente]]. Publicação do livro “Jung: vida e obra”.


1975:Nise é aposentada compulsoriamente. No dia seguinte apresenta-se ao CPPII como a mais nova estagiária.
1975:Nise é aposentada compulsoriamente. No dia seguinte apresenta-se ao CPPII como a mais nova estagiária.
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Luiz Carlos Mello, conhecido como Lula, conheceu Nise da Silveira ao decorrer dos anos 1970, através do Grupo de Estudos realizados pela mesma. Na época em que conheceu a Doutora Nise, Mello era graduando em Engenharia na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Após entrar em contato com o trabalho realizado por Nise da Silveira em Engenho de Dentro, Mello decidiu trabalhar voluntariamente com a psiquiatra, deixando de dar continuidade a sua graduação.'''<sup>[2]</sup>'''
Luiz Carlos Mello, conhecido como Lula, conheceu Nise da Silveira ao decorrer dos anos 1970, através do Grupo de Estudos realizados pela mesma. Na época em que conheceu a Doutora Nise, Mello era graduando em Engenharia na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Após entrar em contato com o trabalho realizado por Nise da Silveira em Engenho de Dentro, Mello decidiu trabalhar voluntariamente com a psiquiatra, deixando de dar continuidade a sua graduação.'''<sup>[2]</sup>'''


Mello é atualmente diretor e curador do Museu de Imagens do Inconsciente, onde é responsável pela Biblioteca Nise da Silveira e por atividades como organizar exposições em conjunto com a  equipe de museologia, por exemplo. Lula foi colaborador de Nise da Silveira desde que começou seu trabalho voluntário ao lado da mesma e, após sua morte, mantém viva a memória da Psiquiatra.'''<sup>[2]</sup>'''
Mello é atualmente diretor e curador do [[Museu de imagens do inconsciente|Museu de Imagens do Inconsciente]], onde é responsável pela Biblioteca Nise da Silveira e por atividades como organizar exposições em conjunto com a  equipe de museologia, por exemplo. Lula foi colaborador de Nise da Silveira desde que começou seu trabalho voluntário ao lado da mesma e, após sua morte, mantém viva a memória da Psiquiatra.'''<sup>[2]</sup>'''


O mesmo é autor da fotobiografia “Nise da Silveira: Caminhos de uma Psiquiatra Rebelde”, no qual conta a trajetória de Nise da Silveira, com a presença de documentos, textos, entrevistas, cartas, manuscritos e fotografias, boa parte retirada do acervo pessoal da médica psiquiatra. Além disso, o diretor destaca, em conferências, o papel e pioneirismo de Nise da Silveira na crítica à psiquiatria vigente na época, relacionando a médica também às origens da Reforma Psiquiátrica.'''<sup>[2]</sup>'''
O mesmo é autor da fotobiografia “Nise da Silveira: Caminhos de uma Psiquiatra Rebelde”, no qual conta a trajetória de Nise da Silveira, com a presença de documentos, textos, entrevistas, cartas, manuscritos e fotografias, boa parte retirada do acervo pessoal da médica psiquiatra. Além disso, o diretor destaca, em conferências, o papel e pioneirismo de Nise da Silveira na crítica à psiquiatria vigente na época, relacionando a médica também às origens da Reforma Psiquiátrica.'''<sup>[2]</sup>'''