O InterPsi (Laboratório de Psicologia Anomalística e Processos Psicossociais) é a encarnação atual de um grupo de pesquisas que nasceu como ECLIPSY (Instituto de Investigações Científicas em Parapsicologia), instituto particular e independente criado por Wellington Zangari e um amigo em 1984, na cidade de São Paulo.

HistóriaEditar

Após entrar na Faculdade Anhembi-Morumbi (Universidade Anhembi Morumbi) como professor, em 1991, Wellington Zangari e Fátima Machado realizaram o ECLIPSY para dentro da universidade. Em 1994, modificaram o nome do grupo para InterPsi – Instituto de Pesquisas Interdisciplinares das Áreas Fronteiriças da Psicologia. O objetivo principal do grupo, como ECLIPSY e InterPsi, era estudar de forma interdisciplinar anomalias psicológicas, divididas em quatro grupos de pesquisa: experiências e fenômenos parapsicológicos; os chamados tratamentos alternativos; estados alterados de consciência; e simbolismo religioso e psicologia. Para a realização de estudos, o grupo contava com um laboratório Ganzfeld e, como parte de suas atividades naquele momento, editou a Revista Brasileira de Parapsicologia, que teve início em 1992 e contou com quatro números publicados.

A Faculdade Anhembi Morumbi foi a primeira instituição de ensino superior não religiosa a parcialmente apoiar o estudo da parapsicologia no Brasil (tornando disponíveis alguns recursos, que eles não especificam). Ainda segundo os autores, a integração à universidade só foi possível devido à ajuda e influência pessoal de membros da Parapsychological Association. Eles permaneceram no Anhembi Morumbi até 1995, quando o InterPsi voltou a ser um grupo independente.

A partir de 1999, o InterPsi esteve situado na PUC-SP, com outro nome: InterPsi: Grupo de Estudos de Semiótica, Interconectividade e Consciência. O grupo se realocou na PUC devido à entrada, em 1999, de Fátima Regina Machado como pesquisadora e posteriormente professora da área de comunicação e semiótica. Na PUC, o InterPsi esteve integrado ao Centro de Estudos Peirceanos, por sua vez parte do programa de pós-graduação em comunicação e semiótica. A abertura da PUC ao grupo se deveu à influência pessoal de Lucia Santaella, professora da área de semiótica e orientadora de Fátima Machado no seu primeiro doutorado, concluído em 2003 na PUC. O apoio de Santaella ao estudo acadêmico de assuntos ligados à paranormalidade se revela em sua orientação da tese de Machado (intitulada "A ação dos signos nos poltergeists: estudo do processo de comunicação dos fenômenos poltergeist a partir de seus relatos") e no apoio à criação do grupo de estudos InterPsi dentro do Centro de Estudos Peirceanos. Na PUC, o grupo se organizou com o objetivo de desenvolver a parapsicologia no Brasil, editou a Revista Virtual de Pesquisa Psi e manteve o website Portal Psi, que contava com textos sobre psicologia e um fórum aberto com pouco menos de cinquenta participantes.

A partir de seu ingresso na USP como professor doutor do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho, Instituto de Psicologia, Zangari propôs a abertura de um grupo de estudos de psicologia anomalística, que foi aceito pelo departamento em 2009 e, após aceite pela congregação do Instituto de Psicologia, abriu suas atividades em 2010. Assim, o InterPsi se deslocou – pela, até aqui, última vez – para uma nova casa, sob o nome atual de InterPsi – Laboratório de Psicologia Anomalística e Processos Psicossociais.

Wellington Zangari e Fátima Regina Machado são os únicos membros constantes do InterPsi desde os tempos de ECLIPSY. Os dois desenvolveram suas pesquisas acadêmicas em áreas mainstream, mas com temas relacionados à parapsicologia. Suas pesquisas de mestrado e doutorado têm este ponto importante em comum: se caracterizam por focar em aspectos não anômalos (como teoria dos signos, análise de discurso e aspectos psicossociais), porém em relação a fenômenos, experiências ou crenças paranormais.

Os membros são compostos por Wellington Zangari e Fátima Machado, o primeiro como coordenador e a segunda como diretora científica, Fabio Eduardo da Silva, professor nas Faculdades Integradas Espíritas e recém-doutor pelo IP-USP, sob orientação de Zangari. Em 2011, constavam como membros os orientandos de mestrado e doutorado de Zangari e alguns participantes mais antigos, que haviam passado a frequentar o grupo ainda na PUC-SP por terem interesse na área. Todos os participantes tinham no mínimo curso superior completo. Os números de participação flutuam levemente, com o grupo mantendo-se como composto de doze a dezenove membros. Em maio de 2014, o InterPsi é composto por dezesseis membros plenos e três ditos participantes. Os membros incluem pessoas com projetos de pesquisa relacionados à área de psicologia anomalística. Bruno Fantoni e Vera Barrionuevo são parapsicólogos brasileiros e Leonardo Stein era participante ativo do InterPsi antes do grupo se alocar na USP.

ReferênciasEditar

  1. GOULART, Fernanda Loureiro. Entre a Ciência e a Não-Ciência: Um Estudo de Caso Sobre a Parapsicologia e a Psicologia Anomalística na Academia Brasileira. Tese de Doutorado (Política Científica e Tecnológica) - Instituto de Geociências, Universidade Estadual de Campinas. Campinas, p. 185.
  2. MACHADO, Fátima Regina. Parapsicologia no Brasil: Entre a Cruz e a Mesa Branca. Boletim Virtual de Pesquisa Psi, v. 02, n. 02, p. 02.
  3. MACHADO, F. R. Experiências anômalas (extra-sensório-motoras) na vida cotidiana e sua associação com crenças, atitudes e bem-estar subjetivo. Boletim da Academia Paulista de Psicologia, v. 30, 2010, p. 462-483.
  4. MACHADO, Fátima Regina; ZANGARI, Wellington. The Poltergeist in Brazil: A Review of the Literature in Context. International Journal of Parapsychology, vol. 11, no. 1, p. 113-142, 2000.
  5. MARALDI, E. O.; MACHADO, Fátima Regina ; ZANGARI, W. Importance of Psychosocial Approach for a Comprehensive Understanding of Mediumship. Journal of Scientific Exploration, v. 24, 2010, p. 181-196.
  6. MARALDI, E. O.; ZANGARI, W. Funções projetivas e terapêuticas das práticas dissociativas em contexto religioso. Boletim da Academia Paulista de Psicologia, v. 32, 2012, p. 424-452.
  7. MARALDI, E. O.; ZANGARI, W.; MACHADO, Fátima Regina . A Psicologia das Crenças Paranormais: Uma Revisão Crítica. Boletim da Academia Paulista de Psicologia, v. 31, 2011, p. 394-421.
  8. MARTINS, L. B. Ainda um mito moderno? A compreensão junguiana de experiências anômalas contemporâneas revisitada. Boletim da Academia Paulista de Psicologia, v. 31, 2011, p. 447-464.
  9. ZANGARI, Wellington. O Estatuto Científico da Parapsicologia. Revista Virtual de Pesquisa Psi. São Paulo: Inter Psi, 2001.
  10. ZANGARI, Wellington. Experiências anômalas em médiuns de Umbanda: uma avaliação fenomenológica e ontológica. Boletim Academia Paulista de Psicologia, vol. XXVII, no. 02, Julho Dezembro, 2007, p. 67-86.
  11. ZANGARI, Wellington; MACHADO, Fátima Regina. The Adolescent Science: Parapsychology in Brazil. The Journal of the American Society for Psychical Research, vol. 91, Abril de 1997, p. 110-121.
  12. ZANGARI, Wellington; MACHADO, Fátima Regina. Parapsychology in Brazil: a Science Entering Young Adulthood. The Journal of Parapsychology, vol. 65, Dezembro de 2001, p. 351-356.
  13. ZANGARI, W.; MACHADO, F. R. The Paradoxical Disappearance of Parapsychology in Brazil. The Journal of Parapsychology. Special Issue Celebrating the 75th Anniversary of the Journal of Parapsychology: Where Will Parapsychology Be in the Next 25 Years? Predictions and Prescriptions by 32 Leading Parapsychologists. Vol. 76, Dezembro de 2012, p. 66-67.
  14. ZUSNE, Leonard; JONES, Warren H. Anomalistic psychology: a study of magical thinking. Hillsdale, New Jersey, Hove e Londres: Lawrence Erlbaum Associates, 1989.

AutoriaEditar

Verbete criado inicialmente por: Evellyn Ferreira de Lima, Julia Hatsue Ribeiro Osawa de Sousa, Letícia Freitas de Carvalho e Samara Rodrigues Pereira, como exigência parcial para as disciplinas de História da Psicologia e Estudos Avançados Em História da Psicologia da UFF de Rio das Ostras. Criado em 2020.2, publicado em 2021.1