Joseph Fröbes, jesuíta alemão, nasceu em 26 de agosto de 1866 em Betzdorf, na Alemanha. Atuou como professor, filósofo, escritor e psicólogo, sendo o primeiro líder católico a enxergar a psicologia experimental independente da psicologia filosófica. Fröbes faleceu no ano de 1947 na cidade de Colônia, na Alemanha.

BiografiaEditar

Início da vidaEditar

Joseph Fröbes nasceu em 26 de agosto de 1866, na cidade de Betzdorf, localizada na Alemanha, filho de Anton Fröbes e Josepha Fröbes. Em 1871, aos cinco anos, Fröbes iniciou os estudos em uma instituição pública de ensino, mas logo sua família se mudou para uma cidade pequena da Alemanha em 1874, possibilitando que ele estudasse em uma escola primária administrada pelo clero católico, como desejavam seus pais. Após um ano, estudou na Áustria, em um internato jesuíta, Stella Matutina, até 1882.

CarreiraEditar

Em 1882, aos dezesseis anos, Fröbes entrou para a Companhia de Jesus, após dois anos de estudos religiosos, estendeu-se até 1889 para o estudo da filosofia na Companhia. Assim, depois da conclusão, dedicou-se à carreira como professor, no campo das ciências, ensinando matemática, física e química. Iniciou o estudo de teologia em 1894, por quatro anos, e no fim de sua formação, em 1900, Fröbes foi ordenado sacerdote e se tornou professor de filosofia.

Em 1902, Joseph Fröbes decidiu estudar sobre psicologia, pois percebeu que a filosofia poderia abranger todas as ciências, e se sentiu impressionado com a "nova" ciência. Dessa forma, no mesmo ano, iniciou seus estudos na Universidade de Göttingen, interessado na área do estudo da psicologia experimental e motivado pela leitura da obra de Wilhelm Wundt. Ainda em Göttingen, foi orientado por George Elias Müller, no qual estudou experimentos e fez cursos de física, matemática aplicada, psiquiatra, físico-química e filosofia geral. Em 1904, foi para Universidade de Leipzig, após uma licença na atividade docente, com o objetivo de pesquisar mais sobre psicologia experimental usando um laboratório. Em Leipzig foi aluno de Wundt e estudou em seu laboratório, mas, apesar disso, Joseph afirmava que Gustav Theodor Fechner era o real autor da Psicologia Experimental.

Após conclusão dos estudos, voltou e ensinou filosofia até 1936, na instituição Ignatius College de Valkenburg, na Holanda. Nesse tempo, Fröbes escreveu o livro "Lehrbuch der experimentellen Psychologie" ("Livro didático de Psicologia Experimental"), que foi ampliado no ano de 1908 a 1910, os quais foram adicionados novos conteúdos publicados em dois volumes (1915 e 1920). No ano de 1908, com o objetivo de trabalhar as duas psicologias, publicou a primeira edição de “Psychologie Sensitive” (“Psicologia Sensorial”), que abarcava o consciente dos animais, e em 1911 publicou “Psychologie Rationalis” (“Psicologia Racional”), sobre o homem. Após alguns anos, as duas publicações foram modificadas para um compêndio de dois volumes com o nome de “Speculative Psychologie” (Psicologia Especulativa), apresentando teses a serem comprovadas e discussões para debates para o uso escolar. Ainda nesse período como professor de filosofia, Fröbes publicou artigos, e em 1937 um compêndio de Psicologia experimental defendendo essa psicologia como independente, traduzido em diferentes idiomas e usado no ensino da disciplina. Uma curiosidade é que Fröbes obteve sua autobiografia escrita no terceiro volume do livro de Murchison, “A History of Psychology In Autobiography”, em 1936, juntamente dos psicólogos alemães mais importantes. No entanto, no desfecho de sua carreira seu último livro foi publicado em 1940, intitulado “Tractatus Logicae Formalis” (“Um Tratado de Lógica Formal”), e seus últimos artigos de grafologia , e em 1949 o seu último artigo chamado Ology, publicado dois anos após sua morte.

Fim de vidaEditar

Ao fim de sua carreira como professor, psicólogo e escritor, considerado o primeiro líder católico a escrever um livro didático de Psicologia, e nesse meio integrar a psicologia experimental e filosófica, Fröbes morreu aos oitenta e um anos, no dia 24 de março de 1947, em Colônia, cidade da Alemanha.

ContribuiçõesEditar

Limite e integraçãoEditar

A atuação de Fröbes na psicologia experimental estava situada na tentativa de torná-la independente, defendendo a ideia de que a psicologia precisava de limites para ocupar o espaço como ciência, comparando-a com a física. Forneceu uma exposição em suas obras acerca da psicologia experimental  como uma ciência empírica e positiva, e essa é considerada o testemunho de Fröbes na defesa da psicologia com ciência. Foi o primeiro a reconhecer a psicologia experimental como independente da psicologia filosófica no meio católico alemão, indicando o início do progresso no pensamento científico nos círculos católicos.

Apesar de considerar a delimitação e o domínio da psicologia experimental e da psicologia filosófica importantes, ele sentiu a necessidade de integração de ambas, pois notou que para compreender de maneira completa os fenômenos, seria imprescindível essa aproximação. Fröbes defendia que a adesão a estas ciências não se baseava na ignorância das verdades adquiridas pela tradição filosófica.

O caráter didático e enciclopédico de FröbesEditar

O jesuíta dedicou sua vida ao ensino da psicologia, o qual acumulou diversas obras importantes que contribuíram com a transmissão simples e acessível dos seus conhecimentos. Entre essas obras, encontra-se a produção de livros didáticos com objetivo de expor a integração da psicologia experimental e filosófica. Ele também publicou um grande número de artigos e resenhas. Essas obras são precisas nos detalhes, o qual evidencia o caráter crítico de Fröbes e o seu interesse em questões teóricas, principalmente na defesa de uma psicologia experimental independente.

Como enciclopedista, dedicou-se ao estilo expositivo simples, a fim de alcançar os círculos de psicologia da época. Sua obra "Lehrbuch der Experimentellen Psychologie" ("Livro didático de Psicologia Experimental") foi considerada dinâmica e de fácil compreensão, a obra trata de assuntos como percepção, imaginação, pensamento, associação, inteligência, sentimento e vontade. Ele resumiu as psicologias mais frequentes de sua época, sendo considerada uma contribuição notável para o campo da psicologia.

CríticasEditar

Algumas obras de Joseph Fröbes receberam críticas. O livro de lógica de Fröbes recebeu opiniões desfavoráveis de alguns de seus revisores, A. Mansion, que revisou o livro para a Revue NéoScolastique de Philosophie, alegou que a obra era de pouca importância para quem deseja encontrar informações facilmente e do ponto de vista doutrinário. Além disso, também disse que o tratamento da obra sobre esses aspectos era insuficiente.

Em outras fontes, Fröbes foi criticado em diferentes aspectos. Acreditavam que, em meio a vastidão de teorias e problemas na bibliografia de sua época, o autor permanecia no que já se admitia geralmente e no que já era plausível, sem grandes controvérsias.

Cronologia biográficaEditar

1866 - Nascimento de Joseph Fröbes em Betzdorf, na Alemanha.

1871 - Fröbes inicia sua educação formal.

1874 - A família de Joseph se muda para Darmstadt e Fröbes começa sua formação católica ao entrar em uma escola primária administrada pelo clero católico.

1877- Fröbes continua seus estudos em Stella Matutina, internato jesuíta.

1882- Termina os estudos no internato jesuíta Stella Matutina e ingressa na Companhia de Jesus.

1889- Fim dos estudos filosóficos e humanísticos exigidos pelo currículo da Companhia de Jesus e início dos anos que passaria lecionando matemática, física e química.

1894 a 1899 - Estudou teologia.

1900 - Joseph Fröbes é ordenado sacerdote e começou a dar aula de filosofia.

1902 - Fröbes pede licença de 4 anos a Companhia de Jesus para estudar psicologia, vai para Göttingen, onde conduziu experimentos psicológicos para a sua pesquisa intitulada “As diferenças sensoriais perceptíveis nos campos da visão e da percepção do peso” sob a supervisão de G. E. Muller em seu laboratório, além de fazer cursos de física, matemática aplicada, psiquiatria, físico-químico e filosofia geral.

1904- No último semestre de sua licença, vai para Leipzig onde o curso de destaque da faculdade eram as aulas de psicologia de Wundt, ao término, volta a lecionar filosofia no mesmo ano.

1905- Publicou o seu primeiro volume do "Experimentelle Psychologie" ("Psicologia Experimental)", um pequeno livro de 220 páginas.

1905 a 1906- Joseph tornou-se professor de filosofia na Jesuit House of Studies, Ignatius College em Valkenburg (Limburg, Holanda), onde estabeleceu um laboratório de psicologia.

1908- Publicação da primeira edição de "Psychologia Sensitiva" ("Psicologia Sensorial").

1908 a 1910- O material original do Lehrbuch der Experimentelle Psychologie foi consideravelmente modificado e ampliado, contando depois das mudanças com 540 páginas.

1911- Publicação da "Psychologia Rationalis" ("Psicologia Racional").

1915- O primeiro volume do "Lehrbuch der Experimentellen Psychologie" ("Livro didático de Psicologia Experimental") foi publicado.

1920- Segundo volume do "Lehrbuch der Experimentellen Psychologie" ("Livro didático de Psicologia Experimental") publicado.

1921- Fröbes publica um artigo intitulado “Die Bedeutung Wilhelm Wundts” ("A Significância de Wilhelm Wundt").

1923- Revisão do primeiro volume do "Lehrbuch der Experimentellen Psychologie" ("Livro didático de Psicologia Experimental").

1926- Joseph publica um artigo em Scholastik avaliando um livro publicado em francês de psicologia empírica editado por G. Dumas, "Traité de Psychologie" ("Tratado de Psicologia").

1927- Participa de um congresso em Roma, no qual leu um artigo sobre a consciência do livre-arbítrio e a publicação do "Psychologia Rationalis" ("Psicologia Racional") e do "Psychologia Sensitiva" ("Psicologia Sensorial") como "Psicologia Especulativa" ("Speculative Psychology").

1928- Fröbes aparece em Scholastik traçando as origens da psicologia dinâmica da psicanálise através do trabalho de Woodworth.

1929- Revisão do segundo volume do "Lehrbuch der Experimentellen Psychologie" ("Livro didático de Psicologia Experimental)"; publicação de suas bases teóricas e, em seguida, de seu Manual Geral de Psicologia Experimental.

1933- Versão resumida dos dois volumes de "Psychologia Speculativa" foi publicada sob o título de "Cursus Brevior Psychologia Speculative" ("Um Breve Curso sobre Psicologia Especulativa").

1936- Fröbes obteve sua autobiografia escrita no terceiro volume do livro de Murchison, “A History of Psychology In Autobiography”

1937- Versão resumida dos seus livros didáticos foi publicado com o nome de "Compendium Psychologia Experimentalis" ("Compêndio de Psicologia Experimental"). 

1940- Fröbes publica o seu último livro , "Tractatus Logicae Formalis" ("Um Tratado de Lógica Formal") e também publica um artigo sobre grafologia.

1947- Joseph Fröbes morre em Colônia, na Alemanha, com 81 anos.

1949- O último artigo escrito por Joseph é publicado com o nome de Ology, o qual refletia a tendência da psicologia Alemã naquela época.

Quem influenciouEditar

Joseph Fröbes influenciou Johannes Lindworsky (1875-1939), o qual doutorou-se em Munich sob a orientação de Fröbes, foi professor em Praga no ano de 1928 e posteriormente e Roma, na Universidade Gregoriana. Estudou, sobretudo, os conceitos de vontade e motivação. Escreveu diversos tratados na área da psicologia os quais foram traduzidos em diversos idiomas e tiveram ampla difusão, dentre eles: Der Wille e Willenshulke.

ObrasEditar

  • Experimentelle Psychologie (Psicologia Experimental) - Primeiro volume. (1905)
  • Psychologie sensitive (Psicologia Sensorial). (1908)
  • Experimentelle Psychologie (Psicologia Experimental) - Conteúdo modificado. (1908 - 1910)
  • Psychologie rationalis (Psicologia Racional). (1911)
  • Lehrbuch der experimentellen Psychologie (Manual da Psicologia experimental) - Primeiro volume. (1915)
  • Lehrbuch der experimentellen Psychologie (Manual da Psicologia experimental) - Segundo volume. (1920)
  • Speculative Psychology (Psicologia especulativa). (1927)
  • Cursus brevior psychologie speculativae (A Briefer Course in Speculative Psychology/Um breve curso de psicologia especulativa). (1933)
  • Psychologiae Experimentalis (Um Compêndio de Psicologia Experimental). (1937)
  • Tractatus logicae formalis (Um Tratado de Lógica Formal). (1940)

Relações com outros personagensEditar

Joseph Fröbes sofreu grande influência da psicologia experimental de Wundt, o qual foi aluno na universidade onde o psicólogo lecionava. Por lá, Joseph fez um curso elementar ministrado por Wilhem Wirt, que o apresentou às instalações do laboratório experimental de Lepzing. Estudando psicologia experimental com Wundt, Fröbes participou como cobaia nos experimentos de Spearman sobre ilusões táteis.

O psicólogo Alemão Georg Elias Müller também foi um dos pilares para as ideias de Joseph. Müller instruiu Fröbes em sua passagem por Göttingen, onde fez em experimentos como: As Diferenças Sensoriais Superceptíveis nos Campos de Visão e da Percepção do peso. Ainda em Göttingen, Joseph era  cobaia em experimentos do então assistente de Müller, Narziss Ach.

Fröbes teve contado no caminho de sua ida a Roma com Agostinho Gemelli, reitor da universidade católica de Milão, assim veio a conhecer o trabalho de Gemelli na Itália. Chegando na cidade, conheceu Sante de Sanctis, Psicólogo famoso na universidade da Roma.  

Em seus artigos, Joseph escreveu sobre as origens da psicologia dinâmica da psicanálise através do trabalho de Woodworth, McDougall e Moore. Além de dissertar sobre os livros então escritos pelos dois últimos citados, nomeados “Mc-Dougall Outline of Psychology" e “An Outline of Abnormal Psychology” e a psicologia dinâmica de Moore. Em outro artigo intitulado “A significância de Wilhelm Wundt”, Fröbes cita como verdadeiro criador da psicologia experimental Gustav Theodor Fechner.

ReferênciasEditar

  1. D. M. Tratado de Psicologia empírica y experimental by Joseph Fröbes, Revista Portuguesa de Filosofia, v. 1, n. 2, p. 233–35, 1945.
  2. MASSIMI, M. Apropriações da Psicologia Experimental por Dois Autores Jesuítas nas Primeiras Décadas do Século XX. Temas em Psicologia, Ribeirão Preto, v. 26, n. 1, p. 481-494, 2018.
  3. MISIAK, H.; STAUDT, V. Catholics in Psychology: A Historical Survey. New York: Mc GRAW-HILL BOOK COMPANY, INC, 1954.

AutoriaEditar

Verbete criado inicialmente por Bruna Reis, Maria Eduarda Santana, Rafael Degani e Vithoria Gomes, como exigência parcial para a disciplina de História da Psicologia da UFF de Rio das Ostras. Criado em 2023.1, publicado em 2023.1.