A tipologia de Myers-Briggs (do inglês Myers-Briggs Type Indicator® - MBTI), também conhecida como classificação tipológica de Myers-Briggs, é um questionário que analisa as diferentes preferências psicológicas e como elas interferem na personalidade e tomada de decisões de um indivíduo. O teste foi criado nos Estados Unidos da América durante o período da II Guerra Mundial pela professora Katherine Cook Briggs e sua filha Isabel Briggs Myers.

A natureza do MBTI tem por base principalmente a teoria sobre os ‘’Tipos Psicológicos’’ desenvolvidos por Carl Gustav Jung.

O teste do MBTI é utilizado para designar a personalidade de um indivíduo entre 16 tipos que variam de acordo com a mente, a energia, a natureza, a tática e a identidade.

HistóriaEditar

A tipologia de Myers-Briggs (Myers-Briggs Type Indicator®) foi desenvolvida por Katharine Cook Briggs e sua filha Isabel Briggs Myers nos Estados Unidos na primeira metade do século XX. A elaboração da tipologia teve início a partir de Katharine Cook Briggs, uma intelectual que se dedicava a estudos sobre educação escolar, criação e desenvolvimento social de crianças, também escrevia romances ficcionais que a levou ter interesse pelos tipos de personalidade. Ela queria descobrir se havia fundamentos nas personalidades e seus comportamentos para criar melhores personagens em suas histórias. O interesse pelo tema se intensificou quando conheceu o futuro marido de sua filha, Clarence ‘’Chief’’ Myers, que era diferente de todos da família e despertou curiosidade quanto às suas qualidades singulares. Por efeito disto, Katharine começou a procurar teorias sobre tipos de personalidade e perante a escassez de estudos bem elaborados tentou criar até suas próprias teses, leu diversas biografias e elaborou uma tipologia segundo os padrões que encontrou. Ela identificou tipos meditativos, espontâneos, executivos e sociáveis, mais tarde apresentado respectivamente como Is, EPs, ETJs e EFJs na Tipologia de Myers-Briggs. Porém, em 1923, ela leu o livro ‘’Tipos Psicológicos’’ de Carl Gustav Jung e acreditou ter achado o sistema definido e completo que procurava, abandonando suas próprias hipóteses, e se dedicou a criar uma teoria da personalidade em favor do trabalho de Jung. Katherine o contatou diretamente por cartas e também o encontrou pessoalmente pedindo para que ele a ajudasse nas pesquisas, assim, com orientações e partilha de reflexões adicionais dadas pelo psiquiatra, ela desenvolveu mais os estudos e contribuiu para disseminação de como poderia ser aplicado tais teorias.

Em 1940, Isabel Briggs Myers desejou contribuir com seu país nos esforços para a Segunda Guerra Mundial usando suas capacidades intelectuais. E foi a leitura de um artigo sobre a Escala de Temperamento Humm Wadsworth (um teste psicológico usados para colocar as pessoas no tipo de trabalho adequado às suas características) que a inspirou por procurar um departamento que utilizasse o teste, para se aprofundar no assunto como também ajudar na atribuição de tarefas que fossem congruentes com as habilidades de cada um, melhorando a dinâmica interna da guerra. No entanto, o instrumento não se mostrou tão útil na predição do desempenho de trabalho, então pediu ajuda para sua mãe, Katherine Cook Briggs, que propôs o desenvolvimento de uma nova ferramenta baseada nos estudos de tipos de personalidade que ela estava realizando. Assim, com a ajuda do conhecimento de Katherine, Isabel elaborou um questionário, com perguntas que foram testadas e selecionadas, para determinar de forma eficiente os tipos de personalidade, criando o que mais tarde se tornou a Tipologia de Myers-Briggs. Em 1943, seu marido ‘’Chief’’ registrou o trabalho de Isabel consagrando direitos autorais legais sobre tal, o que contribuiu para um reconhecimento e impulso no uso do instrumento. Logo, esse passou a ser usado além da guerra, as empresas começaram a adotar a Tipologia de Myers-Briggs a fim de melhorar a eficiência dos funcionários.

Com o término da guerra, o objetivo de Isabel tornou-se contribuir através da Tipologia de Myers-Briggs para que as pessoas apreciassem as diferenças e a usassem de forma construtiva. Em 1956 a Educational Testing Service, uma editora de avaliações psicométricas muito relevante, demonstrou interesse pelo indicador, e em 1957 assinou um contrato para publicação da Tipologia de Myers-Briggs, que foi feita em 1962, e levou lentamente o projeto a um reconhecimento nacional. Em 1968, a Dra. Mary McCaulley, chefe do departamento de psicologia da Universidade da Florida em Gainesville, descobriu a Tipologia e teve grande fascínio, o que mais tarde a levou colaborar com Isabel no desenvolvimento da ferramenta. Assim, juntas criaram o primeiro programa de computador que usasse a Tipologia de Myers-Briggs realizando diversos estudos sobre o indicador, além também de conduzirem projetos de formação de profissionais para uso do instrumento.

O contrato de Isabel com a Educational Testing Service dispunha a ela bons recursos, porém a incomodava diante controversas com os funcionários que muitas vezes não tinham respeito pelo trabalho dela e a empresa que não usava do instrumento como ela desejava. Assim, em 1975 Isabel decide assinar um novo contrato com a Consulting Psychologists Press, pequena, mas bem respeitada, companhia da Califórnia que tratou o indicador como foco de suas vendas e fez do produto o mais vendido da empresa, ela em 2018 torna-se a ‘’The Myers-Briggs Company’’, responsável hoje pela publicação, pesquisa e atualização da ferramenta.

Nos últimos anos de vida, Isabel Briggs Myers escreveu o livro ‘’Gifts Differing: Understanding Personality Type’’, que descrevia teorias da personalidade base para a Tipologia de Myers-Briggs, e ela veio a falecer de câncer no mesmo ano de publicação da obra em 1980. A Dra. Mary McCaulley continuou o projeto e trabalhou para que o indicador fosse reconhecido como um instrumento psicológico legítimo, juntamente com estatísticos e psicometristas, Mary e vários outros acadêmicos estabeleceram a credibilidade psicométrica que o indicador tem hoje.

Constructo avaliadoEditar

A Tipologia de Myers-Briggs avalia a personalidade a partir de quatro espectros independentes: mente, energia, natureza, tática e identidade. Cada um desses itens tem duas variações que demonstram os opostos de visão, ação ou pensamento de um indivíduo. Juntas, essas dicotomias resultam em um dos 16 tipos de personalidade.

  • Mente: modo com que um indivíduo interage com o seu meio. (Extrovertido ou Introvertido);
  • Energia: como um indivíduo observa e interpreta as informações. (Sensorial ou Intuitivo);
  • Natureza: como um indivíduo lida ao ter que tomar decisões e lidar com emoções. (Racional ou Sentimental);
  • Tática: estratégias e métodos de um indivíduo em suas funções cotidianas. (Julgamento ou Percepção).

Modo de avaliaçãoEditar

Atualmente, o teste conta com 90 questões que simulam situações do dia a dia, afirmam ou negam pensamentos e opiniões sobre socialização, organização, comunicação, entre outros. Essas questões devem ser respondidas variando 7 escalas entre “concordo”, “discordo” e neutro. Após responder às questões, são avaliadas as preferências comportamentais do indivíduo. O resultado dessas preferências formará então uma personalidade de quatro letras a partir do quadro acima, por exemplo, ENFP. As 16 personalidades são todas diferentes entre si, porém existem quatro “camadas” que agrupam preferências semelhantes. São elas:

Analistas(_NT_): racionais, porém muitas vezes imparciais.

Diplomatas(_NF_): deveras intuitivos e empáticos.

Sentinelas(_S_J): práticos e cooperativos.

Explorer(_S_P): prospectivos e observativos.

As 16 personalidadesEditar

Grupo dos Analistas

Arquiteto (INTJ) Lógico (INTP) Comandante (ENTJ) Inovador (ENTP)


Grupo dos Diplomatas

Advogado (INFJ) Mediador (INFP) Protagonista (ENFJ) Ativista (ENFP)


Grupo dos Sentinelas

Logístico (ISTJ) Defensor (ISFJ) Executivo (ESTJ) Cônsul (ESFJ)


Grupo dos Exploradores

Virtuoso (ISTP) Aventureiro (ISFP) Empresário (ESTP) Animador (ESFP)

Edições e versõesEditar

  • 1943 - Formulário A do instrumento registrado sob direitos autorais
  • 1962 - Publicação do primeiro instrumento e ‘’Manual da Tipologia de Myers-Briggs’’
  • 1985 - Segunda edição do ‘’Manual da Tipologia de Myers-Briggs’’
  • 1990 - Publicação do Formulário K. É o precursor da avaliação da ‘’Etapa II™’’  (Formulário Q)
  • 1998 - Publicação do Formulário M (atualização da ‘’Etapa I™’’) e Terceira edição do ‘’Manual da Tipologia de Myers-Briggs’’
  • 2001 - Publicação do Formulário Q ( ‘’Etapa II™’’) e ’’Manual da Etapa II da Tipologia de Myers-Briggs’’
  • 2007 - ‘’Tipologia de Myers-Briggs’’ completamente lançada
  • 2009 - Publicação da ‘’Etapa III™’’
  • 2019 - Publicadas novas versões globais das avaliações da Tipologia de Myers-Briggs ‘’Etapa I™’’ e ‘’Etapa II™’’. Lançada nova versão da ‘’Tipologia de Myers-Briggs’’ online.

Utilização hojeEditar

Atualmente, a Tipologia de Myers-Briggs é a ferramenta de personalidade mais amplamente utilizada e reconhecida no mundo, cerca de dois milhões de pessoas a usam todos os anos. Ela é acessível ao público principalmente através de testes feitos pela internet em sites oficiais como o 16personalities.com. Estima-se que só nesse site mais de 338 milhões de pessoas já consultaram suas personalidades.

Mais de 88% das 500 mais ricas companhias mundiais utilizam a Tipologia de Myers-Briggs nos processos de contratação, a fim de conhecer melhor seus futuros funcionários e necessidades, além de compreender os diferentes métodos de produtividade.

Os direitos legais sobre a Tipologia de Myers-Briggs estão hoje sob domínio da empresa The Myers-Briggs Company (antigamente a CPP, Inc.) que publica, pesquisa e atualiza o instrumento, além de incentivar o treinamento de profissionais especializados no uso do indicador.

Ver tambémEditar

ReferênciasEditar

  1. 16 PERSONALITIES. Our theory.
  2. THE MYERS-BRIGGS COMPANY. The history of the MBTI® assessment.
  3. OWENS, Molly. The History of Katharine Briggs, Isabel Myers, and the MBTI®.
  4. MARSELLE, Terry. MBTI® history and tributes to Isabel Briggs Myers and Mary McCaulley.
  5. 16 PERSONALITIES. How to take a personality test.

Links externosEditar

AutoriaEditar

Verbete criado inicialmente por: Melissa Tosani Silva e Sávio Nogueira da Silva, como exigência parcial para a disciplina de História da Psicologia da UFF de Rio das Ostras. Criado em 2020.2, publicado em 2021.1