HistóriaEditar

A chegada da psiquiatria no Brasil e suas repercussõesEditar

A vinda da Família Real Portuguesa para o Brasil em 1808 corroborou para mudanças significativas nas cidades brasileiras, com o intuito de modernizar e higienizar o país. Com o avanço das teorias eugênicas e higienistas, que propunham uma limpeza social em relação a todo e qualquer indivíduo considerado desajustado, bem como o crescente processo de urbanização, decorrente das manutenções das cidades em crescimento, começaram a surgir maiores pressões sociais. Desta forma, exigiam-se restrições à livre circulação dos chamados alienados, visto que esse novo espaço carecia de novos padrões de controle social. Na época, não existiam instituições próprias para tratamento dos doentes mentais, desta forma, esses eram mantidos em prisões, assim como os criminosos.

Se o caso de “desarranjo mental” fosse considerado de um nível muito agravado, o indivíduo era levado às enfermarias dos hospitais da Irmandade de Misericórdia – associação filantrópica leiga católica – o que não significava tratamento médico algum. Além da Santa Casa da Corte, desde o início do século XIX, outros hospitais de caridade das principais cidades brasileiras mantiveram condições miseráveis, no que diz respeito ao tratamento dos pacientes, sendo comum agressões severas e trabalho forçado. Os hospitais psiquiátricos no Brasil surgiram no final do século XIX, já influenciados pela psiquiatria francesa e pelo seu tratamento moral, que tinha alcançado inúmeros avanços com forte contribuição de Philippe Pinel e Jean-Étienne Esquirol.

Principais hospitais psiquiátricos do período pré-reformaEditar

No Brasil a realidade da pessoa com qualquer tipo de questão psiquiátrica sempre envolveu a segregação, mas a partir do ano de 1830, com a criação da Sociedade de Cirurgia e Medicina, torna-se convenção social que qualquer pessoa considerada “louca” deveria ser enviada ao hospício. A grande consequência gerada nesse momento foi o aprofundamento do descaso e desumanização desse indivíduo alienado, uma vez que esses hospitais passaram a servir como depósitos de desajustados, de forma a “limpar as cidades - segundo os preceitos higienistas da época - da ameaça que essas pessoas supostamente causavam a ordem pública”. Nessa época diversos grandes hospitais surgiram, dentre os quais os três principais eram: o Hospício (ou Asilo) Pedro II, o Hospício São Pedro e o Hospital Colônia, sendo este o maior e mais letal dentre todos.

Hospício (Asilo) Pedro IIEditar

Foi criado em 1841 no Rio de Janeiro e é considerado o primeiro estabelecimento a dedicar-se exclusivamente ao tratamento dos alienados. Sua criação partiu principalmente da necessidade de mais espaço para comportar “alienados”, uma vez que já se instauraram diversos protestos nas Santas Casas em prol dessa situação. Apesar deste cenário precário e desumano do hospital, que muito passava pela falta de conhecimento em relação às doenças mentais, teria sido, com sua criação do asilo, a primeira vez que o governo (família real) prestou algum tipo de assistência a essa parcela da população, antes completamente abandonada.

Hospício São PedroEditar

Foi fundado em 1884 em Porto Alegre, durante o Segundo Reinado, e foi o sexto hospital psiquiátrico do Brasil. Este hospício fez parte de um projeto de saneamento social na província e foi estritamente necessário para que o fluxo de pessoas no Hospício Pedro II fosse amenizado. O hospital seguia os mesmos moldes dos outros de sua época, e é um dos hospitais que permanece na atualidade, hoje com o nome de Hospital São Pedro.

Hospital colôniaEditar

Sendo o mais letal hospital psiquiátrico já existente no Brasil, o Hospital Colônia foi fundado em 1903 na cidade de Barbacena, em Minas Gerais. Por ser um dos maiores manicomios de sua época ele recebia não somente indivíduos de toda Minas, mas de outros estados também. Dentre as barbáries que se conhecem no hospital, podem ser citadas a superlotação, que garantia o máximo de precariedade a todos os pacientes e a medicalização inadequada, uma vez que há relatos de que os mesmos medicamentos eram oferecidos a todos os pacientes, sendo que os responsáveis pela distribuição desses medicamentos dificilmente sabiam sua finalidade ou eficacia. Em linhas gerais, pode-se guiar pela documentação e relatos disponíveis que o Colônia era uma prisão, onde aqueles que entravam dificilmente conseguiam sair.

A situação chegou ao ponto de que muitas crianças nasciam dentro do Colônia sem doença alguma, mas eram obrigadas a permanecerem lá por toda a sua vida, juntamente com seus pais (esses inclusive eram chamados os meninos de barbacena).

Esse foi o hospital com maior número de óbitos, tendo se tornado o maior fornecedor de cadáveres para as faculdades de medicina do país. Seu fechamento só ocorreu no ano de 1980, e muitos dos que nele ficaram presos ainda estão vivos para contar seus relatos.

A situação referente aos hospitais psiquiátricos apresentados, principalmente no que se refere ao Colônia, levou a um choque social, mostrando que a mudança era urgente e necessária. Os hospícios brasileiros tiveram suas realidades comparadas, e não em despropósito, com os campos de concentração nazistas alemãs: foram chamados de “o holocausto brasileiro”. A partir de 1990 é então iniciado o movimento de reforma psiquiátrica no país.

InstituiçõesEditar

  • Bethlem Royal Hospital
  • Hospitais da Irmandade de Misericórdia
  • Hospício (Asilo) Pedro II
  • Hospício São Pedro
  • Hospital Colônia

Personagens importantesEditar

Ver tambémEditar

Links externosEditar

ReferênciasEditar

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AutoriaEditar

Verbete criado inicialmente por: Carolina Granito do Canto e Larissa Messias Marano, como exigência parcial para a disciplina de História da Psicologia da UFF de Rio das Ostras. Criado em 2020.2, publicado em 2021.1