Francisco Franco da Rocha, nasceu em 23 de agosto de 1863 no município de Amparo na província de São Paulo. Faleceu em 8 de novembro de 1933 na cidade de São Paulo. Foi um médico psiquiatra e professor universitário que contribuiu para sua área de atuação, sendo pioneiro na introdução da psicanálise no Brasil através da publicação da primeira obra brasileira dedicada a introduzir as teorias de Sigmund Freud no país. Foi responsável por fundar o Hospital do Juquery e introduzir a Laborterapia. Em 1927 foi o co-fundador da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP).

BiografiaEditar

Francisco Franco da Rocha nasceu no município de Amparo na então província de São Paulo, que integrava o império do Brasil em 23 de agosto de 1964. Filho de Dona Maria Isabel Galvão Bueno de Franco da Rocha e do doutor José Joaquim Franco da Rocha. Em meados da década de 1880, Franco da Rocha concluiu seus estudos de ginásio no Colégio Morton e posteriormente ingressou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, graduando-se em medicina. Especializou-se em psicopatologia no Hospício D Pedro II e estagiou na clínica de Eiras e foi aluno do professor Teixeira Brandão. Em 1892 retornou ao Estado de São Paulo e passou a atuar como médico no Hospício de Alienados. Durante este período Franco da Rocha denunciou as péssimas condições de assistência e o estado de abandono através de publicações nos jornais Folha de São Paulo e Correio Paulistano. Assim, propôs ao Governo que autorizasse a construção do Hospital Asilo-Colônia, nesse período o Congresso Internacional de Alienistas que ocorreu em Paris em 1889 recomendou este estilo de hospital destinado a doentes mentais. Tal proposta incluía um espaço agrícola que era utilizado pelos pacientes. Além disso, Franco da Rocha propunha que esse novo espaço deveria oferecer assistência digna e especializada aos doentes e os pacientes não deveriam permanecer confinados em celas, esta última proposta, fez do médico um pioneiro desta prática na América do Sul. Em 1995 Franco da Rocha teve sua proposta aceita pelo então presidente da província o dr Cerqueira Cesar, dessa forma no ano seguinte teve início a construção do Hospital. Nesse mesmo ano foi elevado ao cargo de Diretor do Hospício dos Alienados. Em 1998 é inaugurado o Hospital Asilo Colônia. Assim, Franco da Rocha introduziu pela primeira vez no país  a Laborterapia no Hospital para o tratamento de doentes, tal prática consistia em integrar os doentes a uma atividade agrícola o que tornava o asilo colônia menos custoso para o Estado. Em 1905 Francisco Franco da Rocha publicou sua primeira obra ''O esboço da Psiquiatria Forense''  para não especialistas. Já em 1918 foi o primeiro professor a ministrar as aulas de Psiquiatria e Moléstias Nervosas na Faculdade de Medicina em São Paulo, cargo em que ocupou até 1923. Em 1919 preparou uma aula inaugural, em que abordava o psicanalista Sigmund Freud. O texto desta aula foi publicado no Jornal O Estado de São Paulo sob o título de ‘Do delírio em geral’. Assim, em 1920 publicou sua obra mais importante, O Pansexualismo na doutrina de Freud. Esta foi a primeira vez que um livro dedicado à psicanálise foi publicado no país, e sua abordagem focava em explicar as teorias freudianas na língua portuguesa. Em 24 de novembro de 1927 Franco da Rocha juntamente com o psicanalista brasileiro Durval Marcondes fundaram a Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP), sendo a primeira da América Latina. Em 1951 o Congresso de Amsterdã reconheceu a sociedade. Tal sociedade correu por iniciativa de Durval Marcondes que iniciou na psicanálise por influência do texto de Franco da Rocha ‘Do Delírio em Geral’. Francisco Franco da Rocha foi casado com Dona Leopoldina Lorena Ferreira Franco da Rocha com quem teve 6 filhos. Ele se aposentou em 1923. Veio a falecer em 8 de novembro de 1933 devido a um enfisema pulmonar aos 69 anos de idade.

ContribuiçõesEditar

Introdução da Laborterapia no Brasil

Introdução da Psicanálise no Brasol

Criação do Hospital Juquery

Co-fundador da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP)

Assistência hetero familiar

TeoriasEditar

PsicanáliseEditar

Em 1920 Francisco Franco da Rocha publica a obra   ́"A doutrina pansexualista de Freud", o autor tinha a intenção de trazer para a língua portuguesa a doutrina de Freud, que naquele momento era  pouco conhecida no Brasil. Franco da Rocha introduziu a psicanálise no país, explicando do que tratava-se,mas reconheceu que para compreender de fato era necessário aprofundar-se nos estudos. O médico cita diversas obras de Freud, entende que a obra essencial para compreensão é a “A interpretação dos sonhos'' . Na obra o autor discorre sobre os temas ‘O aparelho psíquico', 'A sexualidade infantil’ e os ‘sonhos’. Assim sendo, esta obra resume os principais pontos da teoria freudiana como: o ‘inconsciente’, a ‘sexualidade’ e a ‘psicopatologia da vida diária’ , ‘os sonhos’ e as ‘neurose e psiconevroses’. Sua obra foi motivo de escândalo na sociedade brasileira moralista da época.

DegeneraçãoEditar

Franco da Rocha foi influenciado pelas teorias sobre  a degeneração, vigentes na época. O psiquiatra entendia que as atividades urbanas frenéticas tinham contribuído para o surgimento da loucura. Assim, ele propôs sua técnica terapêutica que consistia em afastar o paciente do convívio urbano, isolando-o em um local higiênico, com acompanhamento médico e prescrição de medicamentos. O objetivo era a formação de hábitos como o trabalho e o bom comportamento. Ademais, o médico paulista aderiu ao sistema de classificação das moléstias mentais de seu mestre Teixeira Brandão. Em um dos grupos apresentados por Franco da Rocha nesta classificação, o autor deixa evidente que certas moléstias ocorreram devido ao desenvolvimento incompleto do cérebro humano, ainda podendo serem passadas de pai para filho.

CríticasEditar

Violações dos Direitos HumanosEditar

Em meados do século XX o Hospital psiquiátrico Juqueri sofreu com a superlotação de internos. Pessoas com doenças mentais, já não eram os únicos grupos de internos. Pessoas consideradas oposição a regimes políticos foram internadas neste local, como por exemplo, opositores do Regime Civil-Militar ocorrido entre 1964-1985. Além disso, familiares poderiam abandonar um parente indesejável no hospital sob qualquer justificativa. Posteriormente, diversos pacientes que deixaram o local relataram o uso indiscriminado de medicamentos, brigas, abusos e o uso de eletrochoques. A tortura fazia-se presente neste local. Assim, o Juqueri foi alvo de denúncias por parte do Movimento Antimanicomial ocorrido na década de 1970

Trabalho escravoEditar

O hospital Juqueri teve como prática terapêutica a laborterapia introduzida e implementada por Franco da Rocha. No entanto, tal terapia assemelhava-se ao trabalho escravo, pois o laudo médico que confirmava sua doença mental, permitia sua reclusão permanente no Juquery. Assim, o interno deveria trabalhar na produção agrícola, em troca de moradia no Hospital, a liberdade de passear e fumo.

InfluênciasEditar

Auguste Comte - Positivismo

Magnan - Degeneração

Bénédict Morel - Degeneração

Sigmund Freud - Psicanálise

Philippe Pinel

ObrasEditar

1905 - Esboço de Psiquiatria Forense

1919 - Do delírio em geral

1920 - O pansexualismo na doutrina de Freud

PrêmiosEditar

O Hospital teve um destaque importante para a cidade onde fica localizada, assim o Franco da Rocha passou a ser o nome do Município em que está instalado o Complexo Hospitalar Juquery

Ver TambémEditar

O pansexualismo na doutrina de Freud

Durval Marcondes

Hospital do Juquery

Links externosEditar

Locais Históricos, Prefeitura da Cidade de Franco da Rocha

Referências BibliográficasEditar

MACHADO, Josiane Cantos. Franco da Rocha e os primórdios da psiquiatria em São Paulo no século XIX. In: Seminário “Brasil no século XIX’, 2014, Vitória - Espírito Santo. Anais do I SEminário Brasil no século XIX. Vitória, 2014.

MACHADO, Josiane Cantos. A psicanálise pansexualista de Francisco Franco da Rocha: um fragmento da história da psicanálise brasileira. Jornal de Psicanálise, v. 47, n. 86, p. 239- 253, 2014.

MACHADO, Josiana Cantos. A história da psicanálise no Brasil nas primeiras décadas do século xx e sua influência na concepção e constituição de saúde mental do país. 2013. Dissertação (Mestrado em Psicologia Clínica). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo.

OLIVEIRA, William Vaz de. Um Pinel à brasileira: Franco da Rocha e a reorganização da assistência a alienados na cidade de São Paulo. Revista Cantareira, n. 15, 2011

PEREIRA, Lygia Maria de França. Franco da Rocha e a teoria da degeneração. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, v. 6, p. 154 - 163, 2003

ROCHA, Francisco Franco da. Esboço da psiquiatria forense. Revista Latinoamericana de psicopatologia fundamental, v. 11, p. 151-165, 2008

REMER, Júlia Naddaf. Intramuros: a história desvelada do Juquery, um dos maiores hospitais psiquiátricos do Brasil. Jornalismo CCL, p. 375, 2019.

AutoriaEditar

Verbete criado inicialmente por Suzana Silva do Nascimento como exigência parcial para a disciplina de História da Psicologia da UFF de Rio das Ostras. Criado em 2022.1, publicado em 2022.1